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O contrato do lateral-esquerdo moçambicano expira no dia 30 de Junho, mas o vínculo deve ser prolongado para permitir a participação no Mundial de Clubes, por isso extensivo até 15 de Julho próximo. O jogador mostrou-se satisfeito com a renovação e agradeceu ao clube pelo gesto.

Reinildo Mandava vai continuar a vestir a camisola do Atlético de Madrid, pelo menos até meados de Julho. Apesar de a sua continuidade para a próxima época ainda não estar definida, o defesa moçambicano irá assinar um contrato de curta duração que prolonga o vínculo atual, previsto para terminar a 30 de Junho, segundo avança a Marca.

Com esta extensão, Reinildo compromete-se a representar os colchoneros no Mundial de Clubes, cuja final está agendada para 15 de Julho. A renovação de duas semanas surgiu da necessidade de ajustar o contrato ao calendário do novo formato da competição da FIFA, que obriga os clubes a garantirem a permanência dos jogadores cujo contrato expiraria antes do término do torneio.

O lateral, que chegou ao Atlético em Janeiro de 2022, por 6 milhões de euros, vindo do Lille, assinou na altura por três épocas e meia. No entanto, como o Mundial de Clubes não existia nesse formato, o contrato original não previa esta situação excepcional.

Apesar da incerteza em torno do seu futuro a longo prazo, Reinildo demonstrou total lealdade ao clube madrileno, recusando considerar outras opções até garantir que poderia representar o Atlético na competição internacional.

O internacional moçambicano, que já passou por Benfica B, Fafe, Covilhã e B SAD, soma 102 jogos pelo emblema espanhol.

Reinildo agradece pela renovação por mais 15 dias

O novo contrato de Reinildo Mandava com o Atlético de Madrid terminará no dia 15 de Julho de 2025, duas semanas depois do que estava estabelecido no primeiro contrato entre as partes.
Segundo o jornal Marca, o internacional moçambicano assinou um contrato ‘express’ e sem exigir nada há mais no novo acordo, para além de ter “demonstrado gratidão e vontade de permanecer na equipa com o mesmo compromisso de sempre”.

Entretanto, um contrato de mais um ano é o mais provável a acontecer entre o Atlético de Madrid e Reinildo Mandava, para colmatar as possíveis saídas do espanhol Cézar Azpilicueta e Axel Witsel, segundo escreve o Mundo Deportivo.

Para já, há clubes da Espanha, França, Portugal, Inglaterra e Turquia que mostraram interesse nos serviços do moçambicano, sem contudo haver algum passo do lateral moçambicano que alimente essas expectativas.

O Mundial de Clubes da FIFA vai decorrer de 13 de Junho a 14 de Julho nos Estados Unidos da América.

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A Comissão Permanente da Assembleia da República adiou, em Sessão Extraordinária do Órgão, realizada nesta terça-feira, 06 de Maio, o debate da proposta de lei relativa ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para o ano de 2025.

O adiamento da sessão, inicialmente agendada para esta quarta-feira, 07 de Maio, prende-se com o facto de o Parlamento não ter recebido alguns anexos referentes ao documento.

Assim, de acordo com o porta-voz da Comissão Permanente da Assembleia da República, Manuel Ramussane, o debate em sessão plenária foi remarcado para a tarde desta quinta-feira.

“A Comissão Permanente da Assembleia da República convocou hoje uma sessão extraordinária. Ao longo dos trabalhos, constatou-se a falta de mapas integrantes ao Plano Económico Social e Orçamento do Estado, razão pela qual convocou para deliberar sobre a necessidade de integração desses mapas e tendo em vista que a sessão teria início amanhã, deliberou o adiamento da sessão para quinta-feira às 14h”, disse Ramussane.

O porta-voz da Comissão Permanente da Assembleia da República esclareceu ainda que, após a recepção dos mapas, as instituições voltam a trabalhar no sentido de aprimorar os documentos até ao ideal, e esclareceu tratar-se de “mapas que integram as distribuições dos locais onde o Plano Económico Social é baseado, os orçamentos em cada sector, esses mapas que integram todo o Plano Económico Social e Orçamento”. 

Outrossim é o facto de ainda não ter sido marcada a data para o debate sobre a Conta Geral do Estado, até porque a data inicial era sexta-feira, mas, com o adiamento do debate em plenário sobre o Plano Económico Social e Orçamento do Estado, tudo ficou baralhado.

“Nós anunciámos que teríamos a sessão na quarta e quinta-feira, que são os dias da sessão de plenário para o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado, e previa-se que na sexta-feira pudéssemos ter a Conta Geral do Estado. Ainda não está marcada a data para o debate da Conta Geral do Estado. Hoje debatemos sobre o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado, depois iremos marcar a data para debate da Conta Geral do Estado”, esclareceu Manuel Ramussane.

Assim, o debate da proposta de lei relativa ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para o ano de 2025 fica agendado para as 14h da próxima quinta-feira, 08 de Maio, enquanto sobre a Conta Geral do Estado ainda não há datas.

O Conselho de Ministros reuniu-se nesta terça-feira na sua 15ª sessão ordinária para apreciar matérias de interesse para o país. Dentre as matérias apreciadas, destaque para o acolhimento de Moçambique da XIII edição dos Jogos da Juventude do Conselho Superior do Desporto da União Africana, Região 5, AUSC-R5.

A prova vai decorrer em Maputo, entre Novembro e Dezembro de 2026, depois de o país ter desistido de acolher a competição em 2024, quando a mesma foi atribuída a Moçambique.

Na ocasião, o Governo de Moçambique desistira de acolher a edição de 2024 dos Jogos da Região 5 da União Africana devido ao alto custo da organização, que era de cerca de 1,3 mil milhões de Meticais, num ano em que o país também tinha outras obrigações desportivas importantes. 

Zimbabwe acabou por ser indicado como país alternativo, depois da desistência de Moçambique. 

Fazem parte dos Jogos da Juventude do Conselho Superior do Desporto da União Africana, Região 5, AUSC-R5 todos países da região, nomeadamente Angola, Botswana, Lesotho, Malawi, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Eswatini, Zâmbia e Zimbabwe.

Outro tema apreciado pelo Conselho de Ministros é o da época chuvosa e ciclónica 2024/2025, com destaque para os principais impactos e as acções de resposta realizadas e em curso, com vista a minimizar o sofrimento da população afectada.

A época chuvosa e ciclónica 2024/2025 foi caracterizada por chuvas abundantes e inundações em algumas províncias, para além do aumento de casos de malária, principalmente nas regiões Centro e Norte.

A época iniciou-se com um défice financeiro para dar resposta às emergências, num valor de 11 mil milhões de Meticais, mas o Governo conseguiu encontrar formas de minimizar os estragos em alguns pontos.

O balanço intermédio das visitas de trabalho do Chefe do Estado às províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Inhambane e Tete, de 24 de Fevereiro a 24 de Abril deste ano foi outro ponto apreciado pelo Conselho de Ministros.

Por fim, o Conselho de Ministros apreciou a informação sobre o relatório de Petições, Queixas e Reclamações Tramitadas na Administração Pública do segundo semestre do ano passado.

carta a Spinoza

Por M.P.Bonde

 

Caro Spinoza, os pingos que, agora, aprecio pela janela onde lhe escrevo trazem alguma esperança nestes tempos de cólera! Todavia a fome esse monstro das horas mortas continua a arrastar o seu convênio diante da inoperância de quem deveria prover o básico. A fome! A fome, sempre ela, a ensinar os ilustres mundanos a serem mais afectivos.

Escrevo ainda com os miolos queimados! É tanta a maldade nesta geração de espectáculo, tudo é capturado sob o prisma de um self ou um post na fábrica de sonhos inalcançáveis como disse o poeta com umbigo ancorado nas terras de muhipiti.

O tempo, caro pensador das lentes, separa-nos por mais de 348 anos de volta ao sol! Verde é o semblante do gato pendurado na telha da manhã, franzinho, com as ossadas cambaleando sob a folga da cauda, ficamos pelos 45 anos que abraçam meus cabelos neste instante, os mesmos anos com que deixaste as asas da vida sob a âncora desta terra.

Há muitas inovações neste momento, como as que ouviste algures sob a batuta do grande Da Vinci. No entanto, para nós que vimos o virar do outro milénio, sempre à espera do Nazareno, adoptamos as redes sociais como mecanismo de manutenção da nossa existência face ao distanciamento entre os homens.

Assim sendo, as redes sociais da minha pequena aldeia não falam de outra coisa senão uma indemnização milionária, 4 milhões de meticais para ser preciso! Pois é, esse valor para ressarcir os danos morais por conduta indevida de um jovem que se fez artista com o beneplácito do silêncio. Será lícito criar critérios para a criatividade humana, seja ela para o bem ou para mal? Quem ditou a precisão da arte maior não estará excomungado nos dias de hoje, onde tudo que se diz, pode ser conotado com inveja?

Sei que não fazes ideia! Deixa-me contar. Há dias, deixou-nos o Mário de um país com nome de ave apreciada no Natal. Sim, esse último mago das terras andinas e registou dedico a você o meu silêncio como que a profetizar o seu fim. Quando já não temos nada a provar, o silêncio parece ser a única forma de mostrar a nossa resignação ou alheamento como fez o Bernardo Soares no epílogo do seu desassossego.

Onde encontro a ética, caro Spinoza? Onde habita a ética? Que pedra dança pulsação do ritmo cardíaco? Que Deus a noite desvenda quando não sonho?

Não lhe maço mais, o tempo urge e as manhãs continuam a espraiar a luz que esconde o cheiro da morte.

Até breve, do seu admirador.

 

Nesta quarta-feira, Albino Mahumana e Renaldo Siquisse vão inaugurar a exposição de pintura “Fora da Caixa”, às 18 horas, na Fundação Fernando Leite Couto. 

Para a organização da mostra, as obras de Albino Mahumana retratam o quotidiano e as vivências dos moçambicanos, essencialmente através de imagens de mulher e de crianças.

“Mulheres com fardos na cabeça, nos mercados locais, a regressarem das suas quintas ou da busca de água, a prepararem comida, a cuidarem dos filhos, etc., bem como crianças a brincar. A partir do trabalho de Mahumana pode se enxergar os laços e afectos, a luta e a resiliência das pessoas de vida simples e comum, dando-lhes, o artista, a visibilidade e a humanidade que por vezes as notícias do dia-a-dia não lhes atribuem”, avança o comunicado da Fundação Fernando Leite Couto.

Quanto à obra de Renaldo Siquisse, o poeta Álvaro Fausto Taruma, citado na nota de imprensa da Fundação Fernando Leite Couto, escreve: “A linguagem plástica de Siquisse é profundamente táctil: a matéria da tela é ferida, arranhada, quase arqueológica, como se revelasse um tempo subterrâneo, anterior à imagem. A paleta densa e terrosa contrasta com explosões de cor simbólica, o vermelho dos lábios ou da flor, o branco que cega ou ilumina. Nessa tensão entre contenção e excesso, o artista nos propõe uma travessia: olhar de dentro para fora, ou vice-versa”.

Para a Fundação Fernando Leite Couto, o encontro entre os dois artistas poderá conferir ao espectador uma experiência de vislumbre do belo, do imersivo, do grito e da ternura, para além de toda a diversidade humana e de sentimentos que tanto Mahumana como Siquisse, transformam em obras de arte.

Yolanda Couto é a curadoria da exposição colectiva. 

 

O candidato presidencial à Confederação das Associações Económicas de Moçambique Álvaro Massingue promete apoiar o sector público na aceleração de investimentos em infra-estruturas críticas. O presidente da Câmara de Comércio de Moçambique falava nesta segunda-feira, durante o lançamento da sua campanha e apresentação do manifesto eleitoral.

Álvaro Massingue manteve, nesta segunda-feira, um encontro com empresários e algumas associações-membros da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, às quais apresentou o seu manifesto eleitoral composto por cinco principais pilares.

“O primeiro pilar lida com uma CTA forte, uma CTA representativa e descentralizada. Propomos, neste pilar, uma CTA com presença efectiva em todas as províncias, com impacto real nas províncias e nos distritos. Uma confederação que escute, que represente e defenda os interesses dos seus membros de forma eficaz, inclusiva e equitativa, assegurando que nenhuma voz empresarial seja ignorada nas suas acções”, prometeu.

Massingue promete uma CTA mais eficiente caso vença as eleições. “Promover uma revisão profunda dos estatutos e regulamentos da CTA, com ampla consulta e envolvimento de todos os membros, uma vez que o actual quadro estatutário já não responde adequadamente às suas necessidades”, disse Massingue.

Além de prometer a instalação de escritórios nos conselhos províncias, Álvaro Massingue diz que vai continuar a lutar incansavelmente contra as barreiras que minam o investimento em Moçambique.

“É a promoção de um ambiente de negócios competitivo e de um clima de investimento justo. Defendemos a simplificação dos processos administrativos, a previsibilidade e estabilidade fiscal, bem como a justiça regulatória. Trabalharemos em parceria com o Governo e demais stakeholders para eliminar barreiras ao investimento, suprir práticas que elevem os custos e prazos para iniciar, operar e expandir negócios”, garantiu o candidato.

Álvaro Massingue promete ainda colaborar com o Governo com vista ao melhoramento de infra-estruturas públicas, por isso diz que “propomos uma abordagem colaborativa com o sector público para acelerar investimentos em infra-estruturas críticas, colocando-as no centro das nossas estratégias de desenvolvimento. Será criado um pelouro dedicado a infra-estruturas e serviços para que, em directa coordenação com o Governo, seja possível engajar o Governo na planificação integrada de infra-estruturas e serviços essenciais”, frisou.

Álvaro Massingue promete ainda impulsionar o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas através  do acesso ao financiamento e apoio técnico.

A poucos dias das eleições na Confederação das Associações Económicas de Moçambique, CTA, o jovem empresário Lineu Candieiro, candidato à presidência desta agremiação, prometeu, através do seu representante, na cidade da Beira, melhorar as relações entre o sector privado e o governo. Segundo Candieiro, a desarticulação entre os “patrões” e o executivo minam o ambiente de negócios e, consequentemente, o desenvolvimento económico.

Lineu defendeu, na ocasião, não fazer sentido que, 50 anos depois do alcance da independência nacional, o nosso país dependa ainda de importação de produtos básicos para a sua subsistência.

O candidato à presidência da CTA assegurou que, caso seja eleito, irá mobilizar recursos para que desenvolva um pólo de desenvolvimento nos países do interland.

Por sua vez, Alcides Cintura, presidente do Conselho Empresarial de Manica, agremiação que suporta a candidatura de Lineu Candiero, disse que o Estado não pode ser maior empregador que o sector privado. Aliás, disse que esta candidatura pretende reverter o actual cenário, garantido um melhor ambiente de negócios no país.

Na o Presidente da Federação Moçambicana de Comércio e Serviços, Yassin Amugy, defendeu que a candidatura de Lineu Candiero salvaguarda, também, os interesses da juventude, camada social importante para o desenvolvimento do país. Lineu não se fez presente ao facto de apresentação da sua candidatura pelo facto do seu voo ter sido adiado. Uma situação que tem acontecido recorrentemente nos últimos dias com os voos da LAM.

Já se encontra detido, no Chimoio, o jovem indiciado de assassinar uma colega de trabalho, uma empregada doméstica de 18 anos, alegadamente por esta o ter acusado de roubo na residência onde ambos trabalhavam.

Na semana passada, uma jovem que trabalhava numa residência, como empregada doméstica, foi morta, supostamente pelo seu colega. Já a contas com as autoridades, o indiciado confessou que matou a jovem por ela o acusar, com frequência, de furtar caril na casa da patroa. Alegou ainda estar movido por “maus espíritos” no momento do acto.

Paulo Candeeiro, porta-voz do SERNIC em Manica, disse que o crime foi cometido com recurso a instrumentos contundentes, o que resultou na morte imediata da vítima.

Os restos mortais da jovem já foram a enterrar, enquanto o suspeito deverá ser apresentado ao juiz de instrução criminal ainda esta semana, para o primeiro interrogatório judicial.

 

Na sexta-feira passada, a cidade de Inhambane enfrentou um caos inesperado no transporte de passageiros. Uma paralisação promovida pelos transportadores levou centenas de pessoas a andarem a pé, gerando um dia de transtornos e debates acalorados. A situação expôs as tensões entre operadores de transporte e o Conselho Municipal, que exige o cumprimento rigoroso das normas legais. Em resposta à pressão exercida, o município decidiu dar uma trégua temporária na fiscalização, permitindo que os transportadores tenham uma semana para regularizar as viaturas.

Este cenário reflecte um problema mais profundo: a difícil convivência entre as autoridades e os transportadores, num contexto em que a precariedade dos serviços de transporte é evidente.

Novais Abubacar, vereador dos Transportes no município de Inhambane, falou em exclusivo ao jornal O País para esclarecer as decisões tomadas e os passos futuros. O vereador começou por enfatizar que a decisão de conceder mais uma semana para a regularização não deve ser interpretada como um recuo ou acordo formal. Segundo ele, trata-se de uma medida ponderada para permitir que os transportadores organizem a documentação necessária e adequem as condições das viaturas.

“Depois do que aconteceu na sexta-feira, ponderámos os pedidos apresentados pelos transportadores. Não se trata exatamente de um acordo, mas de uma trégua. Decidimos dar mais alguns dias para que eles possam organizar as questões documentais e proceder ao licenciamento das viaturas”, explicou Abubacar, sublinhando que o prazo concedido se estende até à próxima segunda-feira.

O vereador foi além e destacou que a questão não se resume à obtenção da licença de operação. As condições das viaturas serão, igualmente, avaliadas como critério indispensável para o licenciamento. “Não basta obter o documento. As viaturas precisam de estar em condições mínimas para operar. Estamos a falar de questões mecânicas, pneus em bom estado e bancos adequados para garantir o conforto e a segurança dos passageiros”, afirmou.

Embora a trégua tenha aliviado temporariamente a tensão, muitos transportadores manifestam preocupação com o cumprimento do prazo. Para alguns, a regularização dentro de uma semana é um desafio quase impossível, considerando os custos elevados e as dificuldades económicas enfrentadas pelo sector.

“Não estamos a dizer que não queremos cumprir, mas o tempo é curto. Regularizar documentos, inspeccionar as viaturas e fazer reparações mecânicas exige recursos que muitos de nós não temos”, lamentou um transportador, que preferiu não ser identificado.

Apesar dessas dificuldades, a decisão do Conselho Municipal tem sido amplamente apoiada pelos passageiros, que valorizam a ideia de maior segurança e conforto no transporte público. “É importante que as autoridades sejam rigorosas. Nós, passageiros, merecemos viajar com segurança, e os transportadores devem cumprir as normas”, comentou Maria Francisco, usuária habitual dos transportes públicos.

Abubacar deixou claro que o fim do prazo marcará o retorno das fiscalizações intensivas. “Findo este período, as nossas campanhas de fiscalização serão retomadas. Quem for encontrado a operar de forma ilegal será sancionado e penalizado de acordo com a lei”, garantiu o vereador.

A fiscalização, segundo ele, não se limitará à documentação. “Estamos atentos às condições gerais das viaturas. É inadmissível que veículos em estado deplorável continuem a circular, colocando vidas em risco. A prioridade é a segurança dos passageiros”, reiterou.

O vereador também destacou que as autoridades têm intensificado os esforços para dialogar com os transportadores e garantir que todos estejam cientes das exigências legais. “Queremos que todos os operadores estejam devidamente regularizados, mas isso não pode ser feito de forma improvisada. Estamos a fiscalizar não apenas para punir, mas para criar um sistema de transporte mais seguro e eficiente”, acrescentou.

A cidade de Inhambane, que conta com cerca de 60 transportadores rodoviários a operar diariamente, depende fortemente deste serviço para a mobilidade dos seus habitantes. Durante a paralisação, trabalhadores, estudantes e comerciantes enfrentaram dificuldades significativas para se deslocar.

A retomada temporária dos serviços trouxe alívio, mas a incerteza permanece. “Estamos a viver um momento complicado. Por um lado, queremos que os transportadores cumpram as regras. Por outro, não podemos ficar sem transporte”, comentou Joaquim Mondlane, funcionário público que utiliza transporte público diariamente.

A iniciativa do Conselho Municipal de endurecer as fiscalizações surge num contexto de crescente insatisfação com a qualidade dos serviços de transporte na cidade. Viaturas com pneus carecas, assentos em mau estado e problemas mecânicos frequentes são algumas das queixas mais comuns entre os passageiros.

O vereador Novais Abubacar reconheceu que a fiscalização tem sido um desafio, mas assegurou que a medida visa o bem-estar geral da população. “Não estamos contra os transportadores. O que queremos é garantir que todos possam viajar com segurança e dignidade. Isso é um direito de cada cidadão”, concluiu.

O prazo de uma semana concedido pelo município é visto como uma oportunidade para os transportadores regularizarem a situação e evitarem sanções futuras. No entanto, será suficiente para resolver problemas que, em muitos casos, são estruturais?

Enquanto a cidade aguarda o desfecho, as autoridades continuam a monitorizar de perto o processo de licenciamento e a reforçar o apelo para o cumprimento das normas. Os próximos dias serão decisivos para determinar o futuro do transporte urbano em Inhambane, numa encruzilhada entre o rigor legal e as necessidades práticas do dia-a-dia.

Seja qual for o resultado, uma coisa é certa: a cidade de Inhambane precisa de um sistema de transporte que seja seguro, eficiente e acessível a todos. E, para isso, o diálogo entre autoridades, transportadores e a sociedade será indispensável.

 

Perpétua Gonçalves, Gilberto Matusse, Virgília Ferrão, Eduardo Quive e Mélio Tinga reuniram-se, nesta segunda-feira, no simpósio “A Língua Portuguesa de Moçambique nos Estudos Linguísticos e Literários”, organizado pelo Centro de Língua Portuguesa – Camões/UEM. O evento serviu para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, com alusão às pesquisas produzidas na área em questão e ao processo criativo dos escritores convidados.

 

O Anfiteatro 1502 é um dos espaços importantes na promoção de debate de ideias. Concebido para reunir a comunidade académica e todos os interessados pela partilha do saber, na manhã desta segunda-feira, 5 de Maio, de facto, a sala da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane funcionou como uma espécie de acrópole. Os professores universitários, pesquisadores e escritores, tendo como pretexto o Dia Mundial da Língua Portuguesa, aproveitaram a ocasião para pensar Moçambique nestes 50 anos de independência.

Essencialmente, o simpósio “A Língua Portuguesa de Moçambique nos Estudos Linguísticos e Literários” teve dois momentos. No primeiro, houve duas apresentações. A Professora Catedrática Perpétua Gonçalves desenvolveu o tema “50 anos de pesquisa sobre o Português de Moçambique”, ora numa perspectiva historiográfica, ora referindo-se às principais áreas de pesquisa. Segundo disse, existem cerca de 600 títulos sobre estudos inerentes ao português de Moçambique e que, actualmente, o grande projecto sobre o tema é o que está a ser desenvolvido pela professora universitária Inês Machungo, que é um dicionário sobre o português de Moçambique.

Para Perpétua Gonçalves, quando se fala de pesquisas sobre o português de Moçambique, os dados variam, até porque os moçambicanos estão expostos ao português europeu, em contextos formais, e ao de Moçambique, em contextos informais. Ambos os casos, na verdade, revelam que “O português de Moçambique está em formação”, pois, acrescentou a pesquisadora, alguns aspectos ainda não estão efectivamente consolidados.

Na sua intervenção, Perpétua Gonçalves afirmou ainda que o facto de os moçambicanos, muitas vezes, serem bilingues deve ser visto como uma vantagem, pois “Isso só nos valoriza. Não é um problema”.

Ainda na parte inaugural do simpósio, a segunda apresentação foi feita pelo professor universitário e crítico literário, Gilberto Matusse. Partindo de uma premissa aproximada à da Professora Catedrática Perpétua Gonçalves, Matusse esclareceu que os 50 anos de independência são dominados por uma vertente genérica em relação ao estudo da literatura moçambicana, com tentativas de se traçarem periodizações. Nesse sentido, o crítico referiu-se aos autores e aos estudos que foram marcando a arte literária no país, como é o caso de Fátima Mendonça. 

O professor universitário disse que a grande expansão de estudos sobre literatura moçambicana começa nos anos 90, resultado das formações naquela área. O facto de a UEM ter introduzido o curso de Linguística, em 1989, com a componente na área de estudos literários, favoreceu a área, pois muitos estudantes fizeram a culminação do curso em literatura moçambicana. Aliado a isso, as universidades portuguesas e, principalmente, as brasileiras, reforçou, têm vindo a consolidar a promoção das obras de escritores moçambicanos.

De acordo com Gilberto Matusse, os graduados da UP-Maputo e, sobretudo, da UEM são os que mais contribuem para o repertório de estudos sobre literatura moçambicana. Entretanto, a escassez de estudos sobre literatura, no país, deve-se ao facto de as pessoas, em geral, não lerem obras literárias. Paralelamente, o crítico sublinhou que a maior parte dos estudantes produzem estudos sobre literatura moçambicana porque são obrigados, quer dizer, objectivando a obtenção do nível académico. Logo, o que se deve fazer é desenvolver projectos que coloquem as pessoas a ler, porque, assim, as inquietações resultantes da leitura podem proporcionar ensaios.

Se no princípio a maior parte dos estudos sobre literatura moçambicana se dedicava a questões genéricas, como identidade e periodizações, para Matusse, agora começa a haver estudos sobre autores específicos. E o professor universitário deu exemplo de “Geração XXI”, de Lucílio Manjate.

Outro registo captado por Matusse tem a ver com o entendimento de que a literatura deve ter o compromisso com o real, com a abordagem à representatividade do espaço social e à configuração da imagem da mulher.

Entre os autores mais estudados no país, Matusse mencionou, tendo em conta a lista da Cátedra de Português, Mia Couto, Paulina Chiziane, José Craveirinha, Ungulani ba ka Khosa, Luís Bernardo Honwana e Aldino Muianga.

A concluir, Gilberto Matusse também disse que a crítica literária em Moçambique é deficitária e que a publicação de um estudo sobre a história da literatura moçambicana seria oportuna, porque funcionaria como um guia para os professores e estudantes de literatura moçambicana.

Quanto à segunda parte do simpósio, teve como principais protagonistas três escritores, nomeadamente, Mélio Tinga, Virgília Ferrão e Eduardo Quive. Na mesa redonda “A oficina da língua: processos e possibilidades”, os autores mencionaram alguns aspectos decisivos na produção literária.

O laureado escritor na quarta edição do Prémio INCM/Eugénio Lisboa, Mélio Tinga, autor de “Névoa na sala”, “Marizza” ou “A engenharia da morte”, revelou o interesse em garantir, durante a escrita, uma relação entre a sua intuição criativa e o contexto. Para o escritor, que recentemente publicou um livro em Portugal, “Arder no gelo”, a língua, a língua portuguesa em particular, tanto é uma ponte para apreender determinadas realidades como também para gerar realidades sugeridas.

A condizer com Tinga, Eduardo Quive acrescentou que o som e o ritmo também são elementos que o ajudam a escrever. Em muitos casos, disse, a língua, como instrumento de trabalho, se conecta com uma memória de infância, na qual as histórias lhe eram contadas pela avó que não falava português, língua materna do escritor, mas changana. A imagem da avó, de forma categórica, sustenta a preocupação do autor de “Para onde foram os vivos” por temas ligados à mulher, e o livro “Mutiladas”, resultado da participação do escritor numa residência literária em Lisboa, há três anos, comprova tal constatação.

No caso de Virgília Ferrão, a autora de “Os nossos feitiços”, vencedora do Prémio Literário TDM 2019, e que também organiza antologias de contos com autores africanos, o espaço urbano revela-se inspirador. Por isso mesmo, as suas personagens não deixam de personificar hábitos e costumes de uma classe média ou alta com uma percepção mais actual sobre as coisas. Ainda assim, confessou a escritora, questões como espiritualidade e “miscigenação” linguística, sobretudo com a língua inglesa, não lhe são indiferentes.

Numa sessão concorrida, com intervenções presenciais e virtuais, via Zoom Meeting, Virgília Ferrão, Mélio Tinga e Eduardo Quive concordam que, num contexto em que os estudos literários ainda são deficitários, segundo disse o professor universitário Gilberto Matusse, serem criticados e/ou serem editados no estrangeiro tem sido importante porque os escritores também se constroem com a opinião dos outros: editores, ensaístas ou mesmo leitores comuns.

 

A SESSÃO DE ABERTURA   

O simpósio “A Língua Portuguesa de Moçambique nos Estudos Linguísticos e Literários” foi declarado aberto pelo director da Faculdade de Letras e Ciências Socias (FLCS) da UEM. No seu discurso, Samuel Quive disse que a língua portuguesa, na FLCS, é um factor de ensino e de formação: “Como parte da UEM, queremos manifestar a nossa satisfação sobre a celebração desta data [Dia Mundial da Língua Portuguesa]. Que o dia sirva para os estudantes entenderem o que, depois de uma formação em língua portuguesa, podem fazer. Usem a língua portuguesa para tudo e nunca esqueçam que a nossa cultura se pode manifestar com esta língua. Que o simpósio seja uma contribuição enorme para as pesquisas”, sugeriu aos estudantes de vários cursos que lotaram o Anfiteatro 1502.

De seguida, interveio o embaixador de Portugal em Moçambique. António Costa Moura lembrou que a proximidade linguística favorece a aproximação entre os países. “É o que acontece entre Moçambique e Portugal”.

Igualmente, o embaixador de Portugal em Moçambique lembrou que o português é uma das línguas mundiais de maior peso, em parte, graças ao Brasil e aos estados africanos. Frisou António Costa Moura, ao referir-se à relevância do Dia Mundial da Língua Portuguesa: “Português é língua franca, usada na diplomacia e no comércio internacional”, acrescentou ainda, “e com uma das maiores taxas de crescimento”.  

Por ser um património comum, que todos foram construindo, dispor do português, língua de unidade nacional e de dimensão internacional, consolida a identidade dos moçambicanos, que a escolheram por iniciativa própria como língua oficial. Portanto, “A comunidade falante tem responsabilidades na sua preservação e divulgação”. Conforme se realçou durante o simpósio, a arte literária cumpre um papel muito importante nesse processo.

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