O País – A verdade como notícia

Zâmbia poderá voltar a ter acesso à energia de Moçambique

Foto: O País  

Moçambique vai retomar o fornecimento de energia eléctrica à Zâmbia, cinco anos depois. A Zâmbia tinha uma dívida de 75 milhões de dólares. A informação foi avançada, hoje, pelo Presidente do Conselho de Administração da Electricidade de Moçambique, durante a visita do Presidente da Zâmbia à Central Termoeléctrica de Maputo.

Em 2018, depois de várias negociações com a República da Zâmbia, Moçambique interrompeu o fornecimento de energia eléctrica àquele país do interland, devido a uma dívida de 75 milhões de dólares americanos.

No entanto, cinco anos depois, o Governo zambiano liquidou a dívida, tendo sido paga a última tranche esta quarta-feira, cerca de 25 Milhões de dólares (1,5 bilião de Meticais), segundo deu a conhecer o PCA da EDM, Marcelino Gildo.

O pagamento é feito numa altura em que uma delegação zambiana se encontra em Moçambique, em visita oficial de três dias, chefiado pelo Presidente Hakainde Hichilema.

Marcelino Gildo disse ainda que, mesmo antes deste pagamento, o país vizinho já vinha manifestando a necessidade de retoma da parceria, no entanto não havia muitas possibilidades de prosseguir, uma vez que “a condição para a retoma do fornecimento de energia eléctrica estava refém do pagamento da dívida, pois a Zâmbia outrora mostrara incapacidade de continuar com a parceria”, disse.

Mas agora, com este pagamento, os dois países já estudam formas de retomar a cooperação.

“Estamos a negociar. Eles vieram cá em Fevereiro. As nossas equipas discutiram, mas ainda não finalizamos. É um processo que poderá acontecer nos próximos dias”, explicou o PCA que acrescentou que Moçambique vai continuar a usar a barcaça que está instalada naquele território, com capacidade para fornecer 120 megawatts.

E para fortificar a cooperação, os dois países já têm projectos para o futuro, aguardando apenas a disponibilização de financiamento.

“O que nós pretendemos é fazer uma interligação a 400 kilowatts, entre Moçambique e Zâmbia, partindo da subestação de Matambo (na província de Tete), até o lado da fronteira da Zâmbia. É uma linha que estamos a desenvolver. Já fizemos estudos de viabilidade, que terminaram em Julho de 2022, sendo necessários cerca de 411 milhões de dólares americanos, para construir cerca de 376 quilómetros de linha”, disse.

Segundo Marcelino Gildo, esta linha de transporte de energia não só vai beneficiar a Zâmbia, como também os países da África Austral.

HAKAINDE HICHILEMA VISITA CENTRAL TERMOELÉCTRICA DE MAPUTO

Um dos interesses da visita de Hakainde Hichilema ao país é o reforço da cooperação nas áreas de agricultura e energia, disse o Estadista, esta quarta-feira, durante a visita às instalações da Central Termoeléctrica de Maputo, uma infra-estrutura estratégica na produção de energia eléctrica através do gás.

Depois do encontro com o Presidente do Conselho de Administração da Electricidade de Moçambique, Hichilema falou à imprensa e mostrou-se impressionado com a infra-estrutura.

“Este tipo de investimento é crucial para a segurança no fornecimento de energia para as nossas indústrias e economias, não apenas para Moçambique ou Zâmbia, mas para os dois países e para a região. Geralmente, quando falamos de segurança, referimo-nos a questões políticas, violência ou demonstração de força, no entanto a segurança no fornecimento de energia é essencial para a nossa agenda de desenvolvimento económico”, referiu Hichilema.

O Presidente zambiano afirmou que o seu país está pronto para investir no transporte de energia para África austral.

“Precisamos de trabalhar na nossa capacidade de transportar energia sem fio (Wet Energy), especialmente de onde é produzida para onde é necessária, mas temos que trabalhar juntos. Estamos a estudar formas de o gás que Moçambique possui estar disponível em países como a Zâmbia, para garantir que o excesso da produção esteja disponível para ser transportado para a Zâmbia”, concluiu.

Na visita, o Presidente zambiano fazia-se acompanhar pelo seu ministro de Energia, o qual foi exortado a manter encontro constante com a contraparte moçambicana, mesmo depois da visita, para a troca de experiências.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos