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Xikhelene: informais devem abandonar bermas da estrada

O Conselho Municipal da cidade de Maputo diz que vai retirar os vendedores dos passeios e bermas da estrada na Praça dos Combatentes, vulgarmente chamada de Xikhelene, devido ao risco que se expõem à ocorrência de acidentes de viação, além de produzirem muito lixo.

Não sendo a primeira vez que tal pretensão é avançada, a edilidade assegura que de tudo vai fazer para que os informais deixem o local para exercer a sua actividade em lugar mais seguro.

É que, devido a situação, há anos que no lugar de duas faixas de rodagem, as viaturas são obrigadas a circular em apenas uma, que aliás é dividida por automobilistas e peões, expondo estes últimos ao perigo de serem vítimas de acidentes de viação.

“Não temos marido e não temos outro lugar para ganhar a vida. Eu, por exemplo, tenho quatro filhos e ninguém para me ajudar a sustentar as bancas”, justifica Alice Arlindo, que partilha a estrada com os carros há quatro anos, mesmo tendo por várias vezes presenciado a ocorrência de acidentes de viação.

Já Marlene Pedro, vendedeira de tomate e outras hortícolas há 10 anos na Praça dos Combatentes, confessa que já foi por três vezes retirada naquele local mas regressou por alegada “falta de clientes” dentro do mercado.

Mucoreana é o nome do referido mercado, abandonado há anos pelos vendedores, justificando que além de não oferecer condições, não permitia o acesso aos clientes que não entravam no recinto. No entanto, desde o dia 10 de Novembro passado que o mercado tem uma nova imagem fruto da reabilitação feita pelo Município de Maputo. Contudo a reabilitação não resolveu o problema.

No Mucoreana, localizado há 200 metros do local, há 120 bancas desocupadas. As restantes foram ocupadas por alguns dias mas os proprietários voltaram à rua, abandonando as condições que o mercado oferece, como por exemplo a existência de sanitários, água e energia.

É pelos riscos de acidentes de viação e por já ter criado melhores condições para os informais, que o Município diz que não ter outra opção senão a retirada dos vendedores. “E tiramos não porque não reconhecemos a actividade. Reconhecemos olhando para a situação de pobreza, mas insistimos que é preciso exercer a actividade em condições de higiene ambiental. Mas aquele é um risco muito grande por causa dos acidentes”, explica o edil de Maputo, David Simango.

A edilidade não descarta o recurso a Polícia Municipal e outras forças para assegurar que os vendedores não regressem.

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