A região de Matemo, Ilha do Ibo, tornou-se numa espécie de campo de concentração de deslocados que abandonaram a zona norte da província de Cabo Delgado devido à insegurança.
Segundo apurou “O País”, além das famílias que fogem de Palma, uma região parcialmente controlada pelo grupo armado desde Março último, a pequena ilha tem estado a receber uma parte da população que continua a sair do distrito vizinho de Macomia.
“Há muitas pessoas em Matemo que vêm de Namandingo, em Palma, Mocímboa e Macomia”, confirmou Checa Sulemane, um deslocado que vem de Mucojo, na zona costeira de Macomia, um dos distritos da zona centro de Cabo Delgado.
Devido à crítica situação humanitária que se vive em Matemo, uma pequena ilha que continua a receber os sobreviventes dos ataques terroristas, Checa Sulemane decidiu partir para cidade de Pemba, aonde chegou no último sábado, com o seu filho de 10 anos, depois de ter enfrentado quatro dias de viagem, numa luta pela sobrevivência que deixou marcas indeléveis na sua memória.
“Em Mucojo, às vezes vão esses terroristas que decapitam pessoas, ficam por lá durante três dias. Vão embora, depois voltam. Por isso, não se pode ficar num lugar como aquele”, disse Sulemane.
Os deslocados afirmam que, tal como a população, os militares abandonaram as zonas que têm sido atacadas pelos terroristas. “Não há nenhum militar lá. No princípio, quando nós, o povo, estávamos lá, havia miliares, mas, quando nós saímos, eles também saíram. Na última vez em que atacaram a nossa aldeia, outros militares foram, também, decapitados”, contou Sulemane,
A maior parte dos sobreviventes dos ataques terroristas em Cabo Delgado chega às zonas seguras a partir da Baía de Pemba, por via marítima, a única alternativa relativamente segura para se conseguir escapar das zonas do conflito armado, que começou em 2017 e que já causou vário mortos e milhares de deslocados.