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Violência fez 79 mil deslocados internos em 2021 no país  

Foto: O País

O relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) sobre “Tendências globais: Deslocamentos Forçados”, divulgado esta quarta-feira, indica que o número de pessoas obrigadas a abandonar as suas residências em consequência de guerras, violência e violações de direitos humanos reduziu em Moçambique para quase 79 mil (15% do número registado no ano anterior) em 2021, contra as 530 mil registadas em 2020.

Segundo os dados do relatório, a maior parte das pessoas forçadas a abandonar as casas são vítimas do conflito na província de Cabo Delgado, resultantes dos ataques terroristas que afectam este ponto do país desde 2017.

A Organização Internacional das Migrações, agência das Nações Unidas, revela que, actualmente, existem 784 mil deslocados internos devido ao conflito, que causou cerca de 4.000 mortes, segundo dados fornecidos pelo projecto de registo de conflitos ACLED.

Em Julho de 2021, as tropas governamentais com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) desencadearam uma ofensiva que permitiu recuperar zonas onde havia presença de insurgentes.

Entretanto, os rebeldes, segundo estudiosos e académicos, mudaram a sua estratégia, tendo-se dividido em pequenos grupos que perpetraram, há dias, ataques em algumas vilas da província de Cabo Delgado. No passado dia 5 de Junho, um grupo de terroristas atacou a aldeia de Nanduli, em Ancuabe, que dista a 100 km da cidade de Pemba, fazendo com que a população saísse em debandada para matas.

Aliás, os grupos foram encurralados pelas forças conjuntas e, agora, procuram refúgio em alguns pontos da província de Cabo Delgado.

O documento indica, por outro lado, que cresceu, na última década, o número de pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras, violência e violações dos direitos humanos, sendo, por exemplo, que, em 2021, se atingiu o recorde de 89,3 milhões, mais 8% do que em 2020 e mais do dobro de há 10 anos.

Destes, 53,2 milhões estão deslocados nos seus próprios países, 27,1 milhões são refugiados, ou seja, estão deslocados fora do seu país e têm estatuto de refugiado, e 4,6 milhões são requerentes de asilo.

O relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados aponta que a África subsaariana acolhe mais de um quarto de todas as pessoas deslocadas forçosamente num país diferente do seu e mais de três quartos de todos os novos deslocados internos em 2021.

 

AUMENTA NÚMERO DE DESLOCADOS EM METUGE

Os centros de acolhimento de Metuge, em Cabo Delgado, que recebem os cidadãos deslocados devido ao terrorismo, registam um aumento de entradas, devido aos novos ataques dos terroristas.

Os responsáveis dos centros de acolhimento de Ntokota e Tratara, Wazir Momade e Fin ha Amade, respectivamente, disseram em entrevista à “Rádio Moçambique” que o número de cidadãos que procuram locais seguros não pára de aumentar e numa altura em que os centros de acolhimento não têm condições para satisfazer a demanda.

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