Há demora no atendimento na fronteira da Ponta D’Ouro do lado sul-africano. Os viajantes chegam a esperar mais de duas horas para entrar na África do Sul. A morosidade tem a ver com a lentidão na testagem da COVID-19 por parte das autoridades da terra do rand.
Entre os dias 03 e 04 deste mês, viajantes esperam até cerca de cinco horas para atravessar a fronteira da Ponta d’Ouro, província de Maputo.
Os adultos, impacientes e sob o sol escaldante, colocavam as mãos na cintura. As crianças, cansadas, sentavam-se sobre as pastas de viagem ou qualquer lugar que tivesse o mínimo de conforto.
Mesmo até esta quarta-feira, o atendimento de viajantes na fronteira da Ponta d’Ouro continuava a ser moroso. A espera ainda era longa para quem procurava atravessar aquele posto fronteiriço com destino à África do Sul.
“Nós estamos aqui, na fronteira da Ponta d’Ouro, faz muito tempo. Não sabemos o que está a acontecer, pois nada dizem. Mas, o certo é que nós estamos aqui, na fila, à espera de sermos atendidos”, desabafou um dos viajantes que estava na fila para ser atendido.
Não sabia o que estava a acontecer, mas Michael Zungo disse saber. “O processo está lento por conta da COVID-19, mas nada podemos fazer perante esta situação”, indicou Michael Zungo, viajante sul-africano, que estava a passar férias em Moçambique.
E do lado sul-africano, havia apenas duas tendas para a testagem rápida à COVID-19 para todos os viajantes que não tivessem feito o PCR e havia muita gente por testar. A espera era longa.
“Eu cheguei à fronteira por volta das 09 horas e até 11 ainda estou na fila sem saber que horas, ao certo, serei atendido, junto à minha família. Continuaremos a esperar. Não podemos fazer nada”, disse o viajante, num tom de resignado.
E o problema nem é do lado moçambicano. É que todos os viajantes já carimbaram todos os seus passaportes, faltando apenas a África do Sul. “As autoridades sul-africanas é que estão a ser muito lentas, tanto no teste como na atribuição do visto de entrada. Os moçambicanos estão de parabéns. Foram muito eficientes”, elogiou Collenor, sul-africano que estava de volta ao seu país.
A testagem era a principal causa da demora. “Estamos a demorar por causa do despiste da COVID-19. Estamos a levar muito, porque também somos muitos por ser atendidos. Os sul-africanos são os mais morosos”, confirmou Maurício Ricardo.
Aliás, o local de testagem rápida da COVID-19 em Moçambique estava às moscas. Os sul-africanos não aceitavam os testes rápidos feitos por cá e a África do Sul cobra 300 rands pelo despiste do Coronavírus. Houve quem tenha achado que nem devia fazer.
“Eu quero saber por que estamos a fazer o teste da COVID-19, gastando 300 rands enquanto já nos vacinamos. Eu tenho o cartão de vacinação e com ele tinha de estar isento do pagamento”, reivindicou Francisco Victorino.
O facto mesmo é que, nos dias 03 e 04 de Janeiro, houve maior fluxo migratório nesta fronteira turística. Os viajantes até esperaram cinco horas para atravessar aquele posto fronteiriço.
“Esta situação da demora resulta da testagem da COVID-19 na contraparte sul-africana. Para o nosso caso, todos os turistas ou viajantes que se façam ao país devem apresentar o teste PCR, mas o caso dos sul-africanos quando se faz àquele território tem que fazer a testagem no local. Então, isto é que tem criado demora, mas aquele é um país soberano e tem as suas regras. Nós só temos que cumprir”, revelou Juca Bata, porta–voz do Serviço Nacional de Migração, na província de Maputo.
Desde o início da Operação Asanti Sana, atravessaram a fronteira da Ponta D’Ouro 15.861 viajantes e o maior fluxo migratório foi registado nos dias 24 e 25 de Dezembro de 2021 e 03 e 04 deste mês.
“Os dias de pico foram 24 e 25 com um movimento migratório de 1.142 entradas e 1.096 saídas. Para este caso, já estamos no período de regresso. Tivemos, nos dias 03 e 04, o pico de 788 e 870 viajantes, respectivamente”, avançou Juca Bata.
Quanto ao problema da morosidade na contraparte sul-africana, o Serviço Nacional de Migração diz que está a trabalhar com as autoridades da África do Sul para maior flexibilidade na testagem rápida para a COVID-19.