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Viagem de horas feita em dias devido a bloqueios na EN1

A viagem de Inhambane para Maputo e vice-versa tem, nos últimos dias, durado mais de 24 horas, porque há muitos bloqueios e portagens ilegais nas estradas. Os automobilistas tentam encontrar vias alternativas para chegar aos seus destinos.

No Terminal Interprovincial da Junta, por todos os cantos, ouvem-se relatos de transportadores e passageiros que partilham a experiência do que passaram durante o percurso.

Miguel Adriano saiu de Inharrime, na província de Inhambane, por volta das cinco horas, mas só chegou à Junta, em Maputo, quando faltavam 15 minutos para a uma hora da madrugada.

Segundo contou, a demora deveu-se aos bloqueios que encontraram, primeiro em Xai-Xai e depois em Macia, de onde só saíram por volta das 21 horas, porque decidiram procurar vias alternativas para chegar ao rio Incoluane.

“Quando lá chegamos é que tivemos uma viagem tranquila, mas já era tarde, chegámos cheios de fome, cansaço e sono e com as crianças no autocarro a chorarem muito. Foi muito triste e penoso”, relatou Miguel Adriano.

Geralmente, de Inharrime para Maputo, a viagem leva cerca de cinco horas, mas a que Adriano teve nesta segunda-feira foi de cerca de 20 horas.

A solução encontrada por muitos condutores é usar vias alternativas, mas que também tem tornado a viagem penosa, conforme contou ao “O País” Inácio Paulo.

“Depois de muitos bloqueios que encontrei desde as nove horas, cheguei a Ramiro e havia camiões no meio da estrada, e os automobilistas estavam sem as chaves, porque lhes foram arrancadas. Ali tive de entrar no mato, andar cerca de sete quilómetros, num lugar com areal, camiões enterrados. Na tentativa de chegar à estrada, quase ficámos sem combustível, por conta de todas as voltas que demos”, detalhou Inácio Paulo.

O transportador explicou que o carro só conseguiu sair da mata por volta das 23 horas e quase todas as bombas de combustível já estavam fechadas. Teve sorte porque conseguiu chegar a uma bomba em Cumbana.

Houve quem usou vias alternativas e lá encontrou as chamadas portagens. Jorge Cossa contou que de Chibuto para Macia pagou cinco “portagens” para passar, com valores que variavam entre 20 e 100 Meticais, em cada ponto.

Outro transportador, Afonso Júlio, saiu de Chibuto, em Gaza, na segunda-feira às oito horas e só chegou a Maputo nesta terça-feira, às 13 horas.

“Levei muito tempo em Chimondzo e fui até Incaia, bloquearam em Incaia. Quando tento regressar, vejo que em Chimondzo também já haviam bloqueado. Fiquei lá, preso das nove até as 18 horas. Ali já não podia fazer nada, preferi aguardar até esta manhã, e só agora, às 13 horas, estou a chegar”, contou o condutor.

Na Junta, encontrámos passageiros que dizem já estar traumatizados por tudo o que viram no meio da estrada – mortes, disparos e muita agressão – por isso, exigem que quem de direito resolva rapidamente a situação.

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