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Unilúrio em crise de direcção e estudantes de medicina à deriva

A direcção decidiu cortar os contratos com os médicos do Hospital Central de Nampula que davam aulas práticas, em 2021, e os estudantes de Medicina Geral estão sem aulas práticas desde Novembro do ano passado. O ministro do Ensino Superior está em Nampula e vai se inteirar dos problemas.

A Universidade Lúrio, abreviadamente conhecida por Unilúrio, está a braços com uma crise que coloca em rota de colisão, principalmente, os estudantes do curso de Medicina Geral, a direcção da Faculdade de Ciências de Saúde (FCS) e a reitoria.
Desde Novembro do ano passado os estudantes do curso de Medicina Geral não estão a ter aulas práticas inseridas no estágio parcial porque a direcção da universidade decidiu em 2021 cortar os contratos que vinha celebrando com médicos especialistas do Hospital Central de Nampula que assistiam os estudantes a partir do terceiro ano.

Nos dois anos seguintes foi havendo uma gestão da parte da FCS que ia pedindo compreensão e bom sendo da parte dos regentes de estágios no HCN onde decorre 80% da formação dos futuros médicos. No entanto, os mesmos acabaram decidindo, em Novembro do ano passado, abandonar definitivamente os estudantes e passaram a estar à deriva.

“É fundamental o estudante ter um estágio num local adequado porque vai lhe beneficiar no seu futuro profissional, que é o Hospital Central de Nampula. O que tem acontecido, há sensivelmente quatro anos, é que estamos a enfrentar problemas quanto ao campo de estágio. A Faculdade não tem disponibilizado o campo de estágio por falta de pagamento”, denunciou em anonimato uma estudante de Medicina Geral na Unilúrio.

A reitora da Unilúrio assumiu a direcção daquela instituição pública em 2020 e no seu entender, não faz sentido a celebração de contratos com os especialistas do Hospital Central de Nampula porque sendo este um hospital-escola faz parte da sua responsabilidade assistir os estudantes de medicina.

Por outro lado, os estudantes do sexto ano do curso de Medicina não estão a receber o subsídio de estágio.
“Imagina só, depois de terminarmos os nossos cursos todo o nosso stress vamos descarregar nos nossos alunos”, desabafou outro estudante de Medicina Geral/Unilúrio.

No último sábado, a reitora Leda Hugo posicionou-se nos seguintes termos: “neste momento a Unilúrio está a criar capacidade para averiguação, auditorias, consultas e até inquéritos para se apurar a verdade. Quando a verdade vier à tona, saberão”.
E esta quarta-feira foi a vez do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que se encontra em Nampula, pronunciar-se sobre o assunto.

“Tomamos conhecimento deste assunto há mais ou menos uma semana e meia e o que temos estado a fazer é nos apercebermos melhor sobre o problema e as soluções que estão a ser empreendidas ao nível da Unilúrio e nesse sentido, esta oportunidade que temos de estar aqui na província de Nampula faremos questão de visitar a Unilúrio para podermos nos inteirar melhor do problema”, assegurou Daniel Nivagara que assegurou que vai se reunir igualmente com os estudantes afectados.

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