O conflito no centro do país movido pela autoproclamada Junta Militar da Renamo, dirigida por Mariano Nhongo, mereceu especial análise no “retiro vermelho” de Pemba na sexta e sábado, onde mais uma vez, o Presidente da República, ainda que falando num evento partidário, abriu outra oportunidade de diálogo para que os guerrilheiros em causa explorem os mecanismos de comunicação abertos para dialogarem com o Governo.
“Irei instruir as Forças de Defesa e Segurança a partir de amanhã [hoje, 25 de Outubro] num intervalo de uma semana pararem de perseguir a junta (militar), precisamente para darmos a oportunidade à junta para poder voltar ao diálogo como sempre foi o estilo dos moçambicanos. Portanto, não vamos perseguir a junta durante uma semana precisamente para dizer que nós, eu estou aberto, o país está aberto e eles já sabem como estamos a trabalhar – as vias necessárias para ver se nos reencontramos e encontramos a solução para que o problema prevaleça, moçambicanos a matarem outros moçambicanos”.
Mariano Nhongo é a peça-chave para a pacificação de Manica e Sofala, mas tem se mostrado um homem inflexível, como disse em Junho último o enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para o diálogo em Moçambique, Mirko Manzoni, que na altura avançou que todas as tentativas de diálogo tinham redundado num fracasso.
Um guerrilheiro e grande estratega militar, Nhongo foi um operativo de Afonso Dhlakama durante a guerra civil dos 16 anos, e mantinha lealdade até à sua morte, tendo se revelado o rosto da contestação da liderança de Ossufo Momade que passou a presidir a Renamo.
Posicionou-se nas matas, distribuiu homens que fazem ataques contra civis na Estrada Nacional n°1, colocando em causa a livre circulação de pessoas e mercadorias. Começou em Junho de 2019 e nunca se conseguiu sentar com ele para o diálogo. Desde as primeiras tentativas, colocou como condição a divulgação de uma suposta carta enviada ao Chefe de Estado com todas as reivindicações que norteiam as suas acções, algo que nunca aconteceu.