Uma em cada três crianças, em todo o mundo, ou 739 milhões, já vive em áreas expostas a uma escassez de água alta ou extremamente alta, e as mudanças climáticas ameaçam piorar a situação, de acordo com um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), citado pelo Notícias ao Minuto.
O relatório “The Climate Changed Child”, publicado antes da 28.ª conferência das partes sobre as alterações climáticas (COP28), que começa dia 30 no Dubai, destaca a ameaça às crianças como resultado da vulnerabilidade da água, uma das formas como os impactos das alterações climáticas se manifestam.
O documento apresenta uma análise dos impactos de três níveis de segurança da água a nível global: escassez de água, vulnerabilidade da água e stress hídrico.
Além disso, o relatório sublinha que a conjugação de desafios provocados pela redução da disponibilidade de água e pelos serviços inadequados de água potável e saneamento aumenta os riscos para as crianças.
Complementar ao relatório “Children’s Climate Risk” da UNICEF, divulgado em 2021, o novo documento descreve também muitas outras formas como as crianças sofrem as consequências dos impactos da crise climática, incluindo doenças, poluição do ar e eventos climáticos extremos, como inundações e secas.
Segundo o relatório, a maioria das crianças expostas à escassez de água vive nas regiões do Médio Oriente e do Norte de África e do Sul da Ásia, o que significa que vivem em locais com recursos de água limitados e níveis elevados de variabilidade sazonal e interanual, declínio dos lençóis freáticos ou risco de seca.
Alguns dos países mais afectados são o Níger, a Jordânia, o Burkina Faso, o Iémen, o Chade e a Namíbia, onde oito em cada 10 crianças estão expostas.
O relatório destaca que, nestas circunstâncias, o investimento em serviços de água potável e saneamento seguros é uma linha de defesa essencial para proteger as crianças dos impactos das alterações climáticas, que estão também a levar a um aumento do stress hídrico, a relação entre a procura de água e as reservas renováveis disponíveis.
Até 2050, prevê-se que mais 35 milhões de crianças estejam expostas a níveis elevados ou muito elevados de stress hídrico.
No resumo do documento enviado à agência Lusa, a diretora executiva da UNICEF Portugal, Beatriz Imperatori, destaca que “as crianças são as mais vulneráveis à crise climática, mas têm pouca voz e voto nas decisões que afetam o seu futuro”.
Para a COP28, o UNICEF apela aos líderes mundiais e à comunidade internacional para tomarem medidas críticas relativas a este problema e para garantir um planeta habitável.
Entres as propostas estão incluir as crianças nas discussões da COP28 e convocar um diálogo de especialistas sobre as crianças e as alterações climáticas.