Por: Matos Matosse
Este lugar era como um lago,
Todo calmo, sem enciclias que o agitassem.
Nesta terra, apenas o cantar dos pássaros,
único estrépito doce que nos encantava.
E as folhas das palmeiras, ah!, sua dança suave,
descreviam a beleza artística da paisagem de Muidumbe,
Macomia, Mocímboa da Praia.
As crianças brincavam alegres;
os homens no trabalho para desenvolverem a nossa terra,
e as mulheres, num mar verde que nos alimenta
[milho, mapira, mexoeira, ervilha, …
Vieram, no entanto, esses estranhos que o agitaram,
com tamanha agressão…
[o nosso lago sereno e calmo.
O pam… pam… pam… pam…
propeliu-nos dos nossos recursos: petróleo, gás, rubi…
Corpos inertes jazem no chão…cabeças decepadas.
Casas queimadas. Lojas e bancos saqueados.
Escolas vandalizadas. Nossas aldeias, cinzas, apenas!
[Em um deserto infando, nossa terra transformou-se!
Mas, amanhã, o rugir terrível de leões, vindo de lá longe,
irá repelir todos estes que agitam o nosso lago
e, novamente, esta terra será nossa,
[com riquezas pilhadas, ou não.
Os pássaros voltarão a cantar e alegrar as crianças.
O mapico, o tufo, o enguiça, nossas danças, nossa cultura
voltarão a ecoar sons ancestrais e melodiosos.
E o verde rebrilhará, quando as armas que nos matam
[impiedosamente
Morrerem!… Morrerem!… Morrerem!…
(Maputo, 03/12/2020)