O Presidente de Uganda, Yoweri Museveni, disse que, caso seja necessário que o seu país envie tropas para combater o terrorismo em Cabo Delgado, deverá ser uma acção com impacto. Para Museveni, o envio de homens a Moçambique não se deve guiar apenas pelo simbolismo.
A existência de apoio logístico de Uganda a Moçambique foi anunciada pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi, após conversações havidas entre si e o Estadista ugandês, Yoweri Museveni, no primeiro dos três dias de visita de Estado a Uganda.
Filipe Nyusi chegou à capital de Uganda na manhã de hoje, depois de ter partido da capital moçambicana, Cidade de Maputo, na terça-feira. No Aeroporto de Entebbe, na capital ugandesa, Kampala, Nyusi foi recebido por membros do Governo ugandês e alguns ministros moçambicanos, tal é o caso da ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, do ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, entre outros, que já o aguardavam naquele país da África Oriental.
As honras do Estado tiveram lugar no Palácio Presidencial, onde houve conversações entre os Estadistas dos dois países e conversações ministeriais. No fim, as partes vieram dar o teor do frente-a-frente, e foi naquela ocasião que a imprensa quis saber se havia algum apoio de Uganda a Moçambique, tendo em conta a situação do terrorismo.
“Uganda já está a apoiar Moçambique, em termos logísticos e de forma muito profunda, por isso viemos aqui agradecer”, disse Filipe Nyusi, justificando que não há nenhuma objecção de Moçambique aceitar ajuda daquele país.
Aliás, o Presidente da República afirmou que a sua ida a Uganda visa, entre outros objectivos, agradecer ao Presidente Museveni, pelo apoio na luta contra o terrorismo.
“Agradeço também, em nome dos veteranos da Luta de Libertação Nacional, que o Presidente Museveni muito bem os conhece. Ele apoiou directamente Força Local que está organizada em defesa da zona, com muito sucesso”, acrescenta Nyusi.
Se o país dirigido por Museveni não apoia combatendo, de forma directa, os terroristas não é por falta de capacidade, até porque Uganda tem seis mil homens a lutar contra este mal na Somália e quatro mil na República Democrática do Congo (RDC), pelo que, se tiver que mandar os seus elementos a Cabo Delgado, deverá ser de forma impactante.
“Poderíamos ter enviado tropas a Moçambique quando este problema começou. Mas não acreditamos em simbolismos. O que decidimos fazer, por enquanto, é enviar material. É o que estávamos a falar. Refiro-me ao problema que está a ser resolvido. Se por alguma razão não for resolvido, podemos mandar força humana, em número suficiente, não um mero simbolismo”, disse Museveni, garantindo que, actualmente, o seu Governo está a prestar apoio material.
Cabo Delgado é dos pontos de Moçambique que Museveni muito bem conhece, até porque teve formação militar entre 1976 e 1978 e é por isso que quer dar seguimento ao projecto agro-industrial em Montepuez para antigos combatentes, mas, devido ao terrorismo, equaciona-se criar uma força de protecção no local da iniciativa.
Durante as conversações, Filipe Nyusi e Yoweri Museveni falaram do empoderamento aos antigos combatentes moçambicanos, área na qual Moçambique quer colher experiência de Uganda.
Entretanto, porque houve também conversações ministeriais, foi anunciado que vários acordos serão fechados durante esta visita de Estado a Uganda. As áreas de destaque são de diplomacia, na qual se pretende a isenção de vistos, defesa e segurança, agricultura, tendo em conta a experiência de Uganda, conservação do meio ambiente, recursos minerais e transporte, em particular nos serviços aéreos.
Moçambique e Uganda vão explorar a experiência do país dirigido por Museveni na formação de cientistas em instituições de ensino. A Universidade de Makerere, em Uganda, refira-se, é das de maior referência em África.