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Trinta e sete mortos na evasão de 1534 reclusos na Cadeia Central

Subiu de 35 para 37 o número de  reclusos mortos durante a fuga no  Estabelecimento Penitenciário de Maputo (antiga Cadeia Central da Machava). Os dados foram confirmados ao “O País” por Ramos Zambuca, diretor de operações penitenciárias do SERNAP.

Zambuca disse, ainda, que  1570 prisioneiros foram recapturados e alguns tomaram a iniciativa de se entregar às autoridades.

“Estamos a falar de pessoas que cometeram crimes de violação de menores, crimes de roubos concorrendo com homicídios. Temos, até, terroristas. Temos,  também, condenados por crimes de raptos. Pedimos a colaboração da sociedade civil no sentido de denunciar. Prestamos a informação de que tínhamos 37 feridos e, destes, dois perderam a vida hoje.    Destes 37 feridos, tínhamos onze internados no Hospital Central de Maputo, sendo que quatro tiveram alta. Temos 20 que estão a ser assistidos no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Maputo e da máxima segurança. Portanto, passou de 35 para 37 o número de mortos”, disse Zambuca.

Nas redes sociais, circulam alguns vídeos nos quais há relatos de supostos casos de execução de alguns dos reclusos capturados. O “País” questionou, por isso, a Ramos Zambuca, em que circunstâncias teriam ocorrido as mortes.

“Temos que compreender que o processo de perseguição de reclusos não é pacifico. Temos raptores, terroristas, portanto, estão envolvidas várias forças de defesa e segurança  neste processo de perseguição. Alguns estão lá na cadeia, mas deixaram armas em casa. E, neste processo de perseguição, não é chegar e dizer vamos. Ha, em algum momento, alguma confrontação”, disse, sem aprofundar.

Zambuca justificou, ainda, que “não tenho conhecimento de um caso em que a pessoa aparece como capturada e, depois, como óbito”.

Segundo o director de operações penitenciárias do SERNAP,  “existem casos de pessoas que fugiram mesmo depois de terem sido atingidas”.

O SERNAP clarificou que os reclusos evadidos foram recapturados na cidade e província de Maputo, “quase que em todos os bairros”.

Durante a evasão, explicou Zambuca, oito agentes penitenciários ficaram feridos. “Três foram feitos reféns pelos reclusos”.

Dos evadidos, cerca de 98 cumpriam pena na Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO,  e os restantes no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Maputo.

Algumas pessoas supostamente baleadas, durante o processo de busca e captura dos presos evadidos, dizem que nao pertencem ao grupo de criminosos. Alguns queixam-se de terem sido presos injustamente, uma vez que voltavam do trabalho.

O SERNAP justifica que “este trabalho de recaptura está a ser feito por Forças de Defesa e Segurança  e que nao se tem conhecimento de todas as pessoas, então, estão a trabalhar na base de suspeitas mas temos equipas posicionadas da  guarda penitenciária um pouco pela cidade e província de Maputo para se proceder este reconhecimento”. Segundo a fonte, continuam no terreno acções com vista a recapturar outros reclusos evadidos.

“Operações ainda estão em curso para a busca e recaptura dos que se encontram evadidos.  Temos, entre estes 170, alguns regressados voluntariamente. Temos alguns que estão a regressar com a colaboração da própria família. Temos reclusos que foram capturados pelas Forças de Defesa e Segurança. Portanto, queremos aproveitar esta oportunidade para apelarmos à colaboração da sociedade em denunciar, portanto, junto às Forças de Defesa e Segurança para recaptura porque, alguns destes reclusos que estão em situação de evadidos, são extremamente perigosos”.

Entretanto, uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas durante tentativa de evasao de reclusos em Mabalane. Segundo a PRM, os reclusos provocaram um motim e, depois disso, os gaurdas prisionais accionaram a policia para restabelecer a ordem naquele estabelecimento penitenciário.

Os reclusos atearam fogo que acabou por atingir quatro pavilhões, tendo as autoridades encentando acções para conter os ânimos. Há dias, houve uma evasão na penitenciária distrital da Manhiça, de onde fugiram cerca de 90 reclusos após a intervenção de populares.

Continuam, por outro lado, foragidos os mais de 90 reclusos que se evadiram da cadeia distrital de Ile, na Zambézia, na sequência da vandalização do estabelecimento penitenciário por protestantes.

Ainda não há pistas do paradeiro dos 90 reclusos, que fugiram das celas da cadeia distrital do Ile, no passado dia 11 deste mês. A informação é da Polícia da República de Moçambique, na Província da Zambézia.

Desde que começaram os protestos, em Moçambique, mais de 200 reclusos foram libertados por manifestantes em três cadeias do país, nos distritos de Chibuto em Gaza e nos distritos de Ile e Morrumbala, na Zambézia.

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