Um homem é acusado de atear fogo na casa da cunhada, o que resultou na morte de três crianças, carbonizadas, no distrito de Zavala, província de Inhambane. A mulher, mãe de uma das vítimas e avó de outras duas, ficou ferida. Ela contou ao “O País” que a discussão com o presumível homicida, ora preso, dura desde 2015.
É mais um caso de suposta feitiçaria que termina em tragédia. O enredo envolve membros da mesma família e as três crianças morreram enquanto dormia.
Cacilda Bande alegou que, desde 2015, o cunhado não gosta dela e não quer vê-la na sua casa. Entretanto, além de estar próxima do cunhado, Cacilda depende do fontenário de água construído em casa do seu cunhado.
Nas últimas duas semanas, a situação agravou-se e a mulher passou a dormir num quarto diferente, por temer que fosse atacada à noite. Nem isso foi suficiente para evitar o pior. A senhora abandou o quarto onde dormia para passar a noite com mais seis crianças numa palhota.
Nesse dia, para o arrepio de todos, dois indivíduos dirigiram-se à habitação de mulher, à calada da noite, com combustível e “atearam fogo na palhota”.
Cacilda narrou que quando despertou, a porta e o tecto já estavam em chamas. Contudo conseguiu salvar uma criança e a outra escapou por conta própria.
Como o fogo já era intenso, a senhora correu para outro canto da casa no sentido de salvar mais uma criança. O fogo intensificava-se e a mulher não teve mais forças para salvar as outras três crianças que acabaram morrendo carbonizadas.
Foi nessa palhota que terminou a curta história de vida de três crianças que, como se diz na gíria popular: “estavam no lugar errado e na hora errada”.
Trata-se do filho de Cacilda, de nove anos de idade, mais dois netos de sete e oito anos, que pagaram com a vida pela alegada “fúria do tio”, segundo contou Cacilda.
Apesar de ter saído com vida, Cacilda ficou ferida e foi socorrida para o Hospital Distrital de Quissico. Mais do que as dores dos ferimentos, ela tem de lidar, agora, com a dor da perda do filho e dos netos.
Pedro Tomás é actual marido da vítima e acompanhou de perto a desavença entre a sua esposa e o cunhado (irmão do marido já falecido). Ele contou que apurou, junto de outros familiares, que o cunhado mandou duas pessoas para matarem a esposa e, como pagamento, cada um dos executores do plano ia receber três cabeças de gado. Mas como mataram apenas as crianças, “eles receberam duas cabeças como pagamento”.
O indivíduo ora acusado foi detido na última quarta-feira e encaminhado ao Estabelecimento Penitenciário de Inharrime, em Inhambane.
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) diz que nos próximos dias haverá novas detenções de pessoas supostamente envolvidas no caso, segundo Alcéres Cuamba, da mesma instituição.