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“Chapeiros” paralisam actividades na Beira em reivindicação da entrada em vigor da nova tarifa

Foto: O País

Os transportadores semi-colectivos de passageiros, vulgo “chapa”, que operam nas rotas urbanas da cidade da Beira, paralisaram, desde as primeiras horas da manhã de hoje, as actividades, para reivindicar a entrada em vigor da tarifa aprovada há um mês.

A paralisação de transporte desta segunda-feira acontece 40 dias depois de uma outra. A primeira, de um dia, visava forçar as autoridades municipais a aprovarem uma nova tarifa, cuja proposta dos transportadores era um aumento de cinco Meticais em cada 10 quilómetros.

A 16 de Junho passado, a Assembleia Municipal da Beira aprovou a proposta dos transportadores, porém ainda não entrou em vigor, o que levou os transportadores a voltarem a paralisar as suas actividades.

“Estamos desde 2018 sem aumentar as tarifas, apesar da subida constante dos preços dos combustíveis e dos custos de manutenção. Há cerca de um mês, a Assembleia Municipal da Beira aprovou a nossa proposta depois de muita pressão. Passam quase trinta dias e não há nenhuma preocupação por parte da edilidade em pôr as novas taxas em vigor. Decidimos paralisar as actividades para pressionar o Município [da Beira] a tomar uma decisão que possa aliviar o nosso sufoco. Será que o edil e o Ministério dos Transportes e Comunicações não têm noção dos prejuízos que temos estado a acumular?”, perguntou, indignado, um dos transportadores.

A greve dos transportadores semi-colectivos de passageiros obrigou os munícipes a percorrerem a pé longas distâncias e outros a apinharem-se nos transportes municipais da Beira, ou ainda a recorrerem a carros de caixa aberta e táxis-motas para chegarem aos seus destinos e, por isso, tiveram de pagar muito acima dos valores estipulados.

“Pessoalmente, acho que os transportadores têm razão, apesar de esta paralisação criar enormes embaraços a nós, na qualidade de utentes. Os custos de combustíveis têm estado a subir mensalmente e os preços dos ‘chapas’ na Beira estão estagnados há cerca de quatro anos. Está na hora de as autoridades tomarem acções concretas, para que não sejam os únicos a arcarem com os elevados custos de vida, sob risco de não termos ‘chapas’ a operarem aqui, na Beira. Veja que, agora, estou a percorrer a pé cerca de sete quilómetros e corro o risco de fazer o mesmo no fim da minha jornada. Os táxis-motas aproveitaram-se da paralisação para aumentarem os preços. Por favor, resolvam a situação”, pediu Isabel Simango.

A Associação dos Transportadores da Beira (ATABE), através do seu presidente, Américo Massicuane, alega deficiente comunicação entre a sua agremiação e a edilidade como causa da paralisação.

“O presidente do Município [da Beira] disse-nos que enviara o dossier do aumento da tarifa aprovada pela Assembleia Municipal para o Ministério dos Transporte e Comunicações e o da Administração Estatal, para ser homologada, mas diz não ter tido, até hoje, nenhuma reacção, facto que impede a edilidade de autorizar a entrada em vigor da nova tarifa. Não sei se se trata de uma manobra dilatória, pois, em nenhum momento, o presidente da ATAB nos informou sobre o que está a acontecer, pelo que os associados decidiram paralisar as actividades, como forma de pressionar a edilidade a dar-lhes aval para aplicar a nova tarifa”, afirmou Massicuane.

Américo Massicuane garantiu que a paralisação vai continuar até quarta-feira, dia em que está agendado um encontro entre os transportadores, Município da Beira e o Ministério dos Transportes e Comunicações.

A edilidade garantiu que vai pronunciar-se sobre este assunto esta terça-feira.

A Polícia da República de Moçambique reforçou a sua presença em todas as principais paragens na cidade da Beira, com vista a garantir a ordem e segurança públicas, tendo em conta que, em paralisações anteriores, houve situações de violência protagonizada por alguns motoristas e cobradores contra todos aqueles que transportavam os passageiros, mesmo usando as suas viaturas particulares.

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