Três meses depois da onda de queima de viaturas de matrícula moçambicana, os transportadores continuam a usar a via mais cara para fugir de prováveis novos ataques. Além do alto custo, os operadores reclamam de assaltos e de burocracia nas fronteiras.
A onda de queima de viaturas de matrícula moçambicana na África do Sul, no início deste ano, continua a preocupar os transportadores rodoviários.
A afluência tímida de passageiros e os assaltos frequentes têm caracterizado o negócio desde que cerca de 14 viaturas, particulares e de transporte de passageiros, foram incendiadas.
Segundo os transportadores, o negócio de transporte internacional já não prospera.
“As pessoas, quando chegam aqui e vêem um caro moçambicano, nem querem apanhar, preferem um sul-africano”, disse um transportador, no terminal da Baixa da Cidade de Maputo.
“Nesta semana, partiram 10 carros com matrícula sul-africana, mas os nossos foram poucos. Isto já foi à falência, só nos falta parar, um dia”, lamentou outro.
Por segurança, há um mês, os transportadores usam uma via alternativa que passa pela fronteira da Swazilândia. Uma opção mais cara por implicar que os veículos moçambicanos percorram 123 quilómetros a mais de Maputo para Durban.
“É mais tempo e mais dois carimbos no passaporte, mais alguns quilómetros, mais combustível e mais custos”, afirmou Fernando Lopes, presidente da Associação dos Transportadores Rodoviários Internacionais.
A via alternativa, segundo explicam os transportadores, pode deixar de ser útil em breve.
“Ouvimos dizer que vão encerrar a fronteira na Suazilândia para os moçambicanos”, avançou um transportador.
Três meses depois, o medo de novos ataques e a insegurança reinam no negócio de transporte, em Maputo. No terminal rodoviário da Junta, os transportadores relatam assaltos frequentes.
“Na semana passada, um dos nossos colegas foi assaltado e seus bens levados. Tinha carteira, dinheiro e telefone”, revelou um transportador.
Sem solução à vista por parte dos Governos nacional e sul-africano, os transportadores avançam medidas próprias.
“Vamos ter uma reunião, na terça-feira, entre nós, transportadores do sul do Save e, depois, vamos convocar os outros colegas do outro lado”.
Os ataques tiveram mais incidência em Fevereiro deste ano. As comunidades locais de KwaZulu-Natal queixavam-se de roubos de veículos, alegadamente contrabandeados para Moçambique.