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Transportadores filiados à FEMATRO exigem da AMT valor de compensação em dívida

Os transportadores filiados à Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) ameaçam tirar de circulação mais de 100 veículos que fazem o transporte de passageiros na Cidade de Maputo, na Matola e em Boane. Os operadores acusam ainda a Agência Metropolitana de Transporte de Maputo (AMT) de os estar a enganar. Em causa está uma dívida de seis meses de compensação aos transportadores, que a AMT promete pagar na sexta-feira.

Mais de 100 transportadores semicolectivos de passageiros esperam pelo pagamento do valor prometido pelo Governo para compensar, por um lado, a subida das tarifas, e por outro, a alta dos preços dos combustíveis e os custos de operação.

Depois de reunidos, no fim-de-semana, decidiram, hoje, manifestar-se em frente ao pátio das instalações da Agência Metropolita de Transporte de Maputo, para exigir explicações à direcção da AMT, concretamente ao presidente da instituição, António Matos, pelo não pagamento, até esta parte, das compensações relativas aos meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Maio, Junho e Julho.

Segundo o presidente da FEMATRO, Castigo Nhamane, a AMT tinha prometido que o dinheiro estaria nas contas bancárias dos operadores logo nas primeiras horas desta segunda-feira, depois de a promessa de pagamento ter sido feita, inicialmente, para 29 de Junho.

Se não houver uma resposta satisfatória, os transportadores ameaçam paralisar as actividades, porque, segundo alegam, até aos quatro mil Meticais, a serem pagos na sexta-feira, de acordo com a promessa feita por António Matos, não é suficiente perante as despesas que têm.

“Se ao houver uma resposta, nós, amanhã (esta terça-feira), havemos de parar e não há-de haver nem My Love para circular. O país tem de parar, para resolverem os nossos problemas”, disse, enfurecido, um transportador semicolectivo.

Perante mais uma promessa, Castigo Nhamane lamenta a falta de palavra da Agência Metropolita de Transporte de Maputo. “A AMT não pode evocar uma razão hoje e amanhã evocar outra. Os operadores não acreditam nas últimas promessas que a FEMATRO partilhou; a FEMATRO não inventa, partilha aquilo que ouve da AMT, para transmitir aos transportadores. É por isso que estes transportadores deixaram os seus afazeres, porque têm carros avariados e outras preocupações”, lamentou.

A Agência Metropolita de Transporte de Maputo reconhece o seu incumprimento, mas assegura que os pagamentos serão feitos na sexta-feira.

“Logo que o dinheiro chegar, como temos listas, vamos fazer o pagamento imediato. Eu falo de sexta-feira, mas se calhar vai ser antes”, realçou António Matos.

Os transportadores, por sua vez, dizem que já não há confiança nas palavras de António Matos, presidente da Agência Metropolitana de Transporte.

“Da forma como estão a acontecer as coisas, não são viáveis. As contas feitas para compensar com quatro mil Meticais, vêm donde?”, questionou o operador Ranito Matsinhe, que foi secundado por Cecília Xinavane. “Nestas condições, não temos como operar, não estamos satisfeitos, o valor da compensação não cobre nem 10 por cento do que gastamos para manter o autocarro na estrada.”

Para a transportadora Aida Lázaro, operadora na área desde a década de 1990, a solução passa por transmitir a gestão das compensações para a FEMATRO.

“Nem reparar as viaturas conseguimos, andamos sempre endividados nos bancos. Ele diz ao Governo que nos paga as compensações, mas ele não paga, porque paga quando quer e no dia em que entende. Por isso, para nós, a agência não nos está a ser útil. Nós sentimo-nos enganados. Vamos dar um ultimato, se o senhor António Matos quiser trabalhar connosco, que mude, caso não, que deixe a FEMATRO funcionar como vinha a funcionar.”

O jornal O País soube que o dinheiro da compensação, no valor de quatro mil Meticais, praticado actualmente, está abaixo dos custos funcionais para os operadores desempenharem a sua actividade, pois, segundo dizem, só o combustível para pôr um carro a circular, representa 60 por cento dos gastos para o transporte de passageiros.

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