A equipa de peritos que investiga as circunstâncias do acidente de Maluana que matou 32 pessoas e provocou dezenas de feridos, na província de Maputo, diz que a retirada adiantada do autocarro do local do sinistro trouxe maior complexidade no trabalho de peritagem.
Até aqui, a única certeza que se tem é que houve acidente e mortes, as circunstâncias reais ainda não são conhecidas. E, para dar essa resposta, esteve lá a equipa de peritos, a quem cabe fazer essa pesquisa.
No caso de Maluana, o grupo de peritos foi liderado por Alcides Macucule, que é delegado do Instituto dos Transportes Rodoviários na província de Maputo. Os especialistas estiveram no local na manhã do domingo que se seguiu ao acidente.
Quando lá chegaram, o autocarro já tinha sido retirado do local e decorriam trabalhos para a retirada dos dois camiões que ainda lá estavam. E, embora não impedisse o trabalho, a retirada do autocarro não foi bem vista pelos peritos, que referem que “pode, em algum momento, dificultar a análise de um e do outro aspecto”.
E mais, Macucule recorda que “os veículos intervenientes [do acidente] fazem parte do objecto de análise e seria importante que estivessem lá para facilitar o estudo”.
Aliás, para o técnico de segurança rodoviária, a menos que esteja a obstruir a via pública, num acidente daquela dimensão, retirar o autocarro nem devia ter sido prioridade nas coisas a serem feitas depois do sinistro. “O que deve ser feito é socorrer as vítimas e, depois, pode-se ver a remoção dos veículos que estejam a obstruir a via”.
Em relação à remoção ou não do que havia restado do autocarro, Flávio Menete, antigo director da extinta Polícia de Investigação Criminal, mostrou posição diferente. Para Menete, era preciso limpar a imagem de choque no local do sinistro.
“Quero acreditar que aquele autocarro, mesmo a dez metros da via pública, criaria um impacto bastante negativo para as pessoas. Era preciso tirar aquele autocarro dali”, defendeu.
O também jurista chamou atenção para a responsabilização dos automobilistas envolvidos no acidente. Segundo explicou, não pode haver uma culpabilização arbitrária. “Repare que, num acidente de viação, todas as partes figuram como co-réus. Não há o autor ou o ofendido nem o co-réu”, recordou.
Recorde-se que, depois do acidente, o Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, sugeriu o banimento da empresa envolvida no sinistro. Já Júlio Parruque disse que a empresa já consta da lista negra.