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TP50 apresenta “Os tocadores de agora” em Novembro

“No tempo dos tocadores – um tributo à música moçambicana” mereceu duas apresentações. A primeira, inédita, e, a segunda, em reposição. Assim, o próximo desafio do grupo TP50 é continuar a narrar em concerto a história da música moçambicana, como o fizeram naquelas duas ocasiões em que estiveram no Centro Cultural Franco-Moçambicano, na cidade de Maputo. E já há datas. Nos dias 8 e 9 de Novembro, TP50 vai regressar ao Franco-Moçambicano a fim de apresentar a histórias da música moçambicana a partir de 1975 até esta parte.

A novidade foi revelada por António Prista, sexta-feira, durante a reposição de “No tempo dos tocadores – um tributo à música moçambicana”. Este concerto que juntou 46 pessoas no palco foi um pretexto para TP50 gravar um DVD.

À imagem do primeiro espectáculo, a história da música moçambicana foi contada numa simbiose entre teatro, musica e dança. O arranque foi dado pela dupla de actores Horácio Guiamba e Fernando Macamo, a interpretarem um velho e um jovem, respectivamente. Essencialmente, é o velho quem, em jeito de transmitir uma herança cultural, conta ao jovem, e consequentemente ao público, quais são os grandes valores da música popular moçambicana. A condizer com o que o personagem diz, aparecem os musicais com percussão tradicional, cântico de nascimento e cancão de amor.

Em termos de autores, no concerto não faltou destaque para músicos como Daniel Marivate, Gil Mabjeka, Feliciano Mutano, João Domingos, Fany Mpfumo, Dilon Djinji, Gabriel Chiau, Alexandre Jafety ou para Orquestra Djambu.

A propósito de Orquestra Djambu, este colectivo foi homenageado durante o concerto, por muito ter feito na promoção e expansão dos ritmos populares, inclusive até aos espaços urbanos. Para receber o bouquet de flores esteve no palco a vocalista do grupo? Cecília, que, aos 74 anos de idade, recusa-se ser trata por avó. Ela é menina Cecília. Repetimos: Menina Cecília.

Para aquela rapariga cuja carreira musical começou contra vontade da mãe, foi especial estar no palco do Franco e ser reconhecida, até porque “aos 74 anos de idade já estou a queimar os últimos cartuchos. São os meus últimos momentos no palco”, afirmou a vocalista que sexta-feira interpretou o badalado tema “Elisa”, do grupo a que pertence.

Entre representação e música, no Franco, houve a performance das danças xigubo, makwaela, tufu e mapiko. E não faltou poesia do poeta-mor da literatura moçambicana, dita por Calane da Silva? “Declamar Craveirinha foi sempre uma honra. É um prazer imenso declama-lo porque são poemas que me dizem muito. Sou 20 anos mais novo que Craveirinha, mas as imagens e as memórias que ele nos dá nos seus textos também as vivi”.

Ainda que o concerto de sexta-feira à noite tenha sido uma reposição, engane-se quem julgar que foi fácil de preparar. Não foi. E António Prista (Direcção-Geral) explica porquê? “Foi difícil preparar o concerto porque somos 46 no palco e 20 na produção. São quase 70 pessoas que não trabalham todo o dia para isto, todos temos outros afazeres. Mas é prazeroso porque há muita entrega e muita paixão”.

No tempo dos tocadores ficou para história, agora vem mais uma, a dos tocadores de agora.

 

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