A petrolífera francesa Total pagou cerca de quatro mil milhões de dólares na compra dos activos da Anadarko em Moçambique. O negócio foi feito com a norte-americana Occidental.
Os activos da petrolífera norte-americana Anadarko, na Área 1 da Bacia do Rovuma, norte de Moçambique, foram adquiridos a troco de 3.9 mil milhões de dólares pela francesa Total à Occidental, que a partir da última sexta-feira, passa a liderar o consórcio desta área de concessão.
Trata-se da aquisição da participação de 26,5% que era detida pela Anadarko no projecto Mozambique LNG.
Com a venda dos activos da Anadarko na Área 1 da Bacia do Rovuma, o Estado moçambicano encaixou 880 milhões de dólares em receitas de mais-valia na transacção.
Em comunicado enviado à nossa redacção, consta que esta conclusão ocorre após a Total ter chegado a um acordo vinculativo com a norte-americana Occidental, a 3 de Maio deste ano, para adquirir os activos da Anadarko em África (Moçambique, Argélia, Gana e África do Sul) e ter assinado o Contrato de Compra e Venda (CCV) subsequente a em Agosto.
“O projecto Mozambique LNG é um activo único que corresponde perfeitamente à nossa estratégia e reforça a nossa posição em matéria de Gás Natural Liquefeito (GNL”, disse Patrick Pouyanné, presidente e director-executivo da Total.
“Como novo operador, estamos totalmente empenhados no projecto Mozambique LNG e iremos tirar o máximo partido das nossas capacidades humanas, técnicas, financeiras e de marketing para reforçar ainda mais a sua execução. É certo que a Total irá trabalhar nas sólidas bases estabelecidas pelo anterior operador e pelos respectivos parceiros com vista a implementar o projecto no melhor interesse de todas as partes envolvidas, incluindo o governo e o povo moçambicano”, sublinhou.
A Área 1 contém mais de 60 biliões de pés cúbicos de recursos de gás, dos quais 18 biliões de pés cúbicos serão desenvolvidos com as duas primeiras unidades de GNL. A Decisão Final de Investimento (DFI) relativa ao projecto Mozambique LNG foi anunciada a 18 de Junho de 2019 e a produção do projecto deverá iniciar até 2024.
Os franceses da Total consideram que o projecto Mozambique LNG tem um “risco mínimo”, pois quase 90% da produção foi já vendida, através de contratos de longo prazo com os principais compradores de GNL na Ásia e na Europa.
Ademais, espera-se que o projecto tenha uma componente de gás doméstico destinada ao consumo nacional para contribuir para o desenvolvimento económico futuro.
A Total vai operar o projecto Mozambique LNG com uma participação de 26,5% juntamente com a Empresa Moçambicana de Hidrocarbonetos (ENH) com 15%, a Mitsui E&P Mozambique Area1 Ltd (20%), a ONGC Videsh Ltd (10%), a Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (10%), a BPRL Ventures Mozambique B.V. (10%) e a PTTEP Mozambique Area 1 Limited (8,5%).
Concluída a venda dos activos da Anadarko em Moçambique, falta por finalizar as operações em Argélia, Gana e África do Sul.
A Total é o segundo maior interveniente privado mundial de GNL, com uma carteira geral de cerca de 40 milhões de toneladas por ano até 2020 e uma quota de mercado mundial de 10%.
Com 22 milhões de toneladas de GNL vendidos em 2018, o grupo francês dispõe de posições sólidas e diversificadas em toda a cadeia de valor do GNL, devido às suas participações em fábricas de liquefacção localizadas no Qatar, Nigéria, Rússia, Noruega, Omã, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Austrália ou Angola.