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Terroristas atacam Ocua e obrigam população a fugir

Foto: Expresso

Chiúre, em Cabo Delgado, vive um drama humanitário devido a ataques terroristas. Os malfeitores protagonizaram ataques na EN1, onde, segundo relatos, a via ficou parcialmente intransitável.

A situação causou pânico e obrigou milhares de pessoas a abandonarem as suas casas e seguirem para a vila-sede que, neste momento, está sobrecarregada, havendo até pessoas a viverem na rua, conforme explicou ao jornal O País, o edil de Chiúre, Alicora Ntutunha.

Depois de terem passado por Mazeze e Chiúre-velho, os terroristas chegaram,  esta terça-feira, a Ocua,  tendo passado pela aldeia Mahipa. Sem atacar, o grupo armado seguiu em direcção a Namapa, sede do distrito de Eráti, em Nampula, mas quando chegou à Estrada Nacional Número Um, queimou um camião de  combustível e confrontou-se com as Forças de Defesa e Segurança no cruzamento para o posto administrativo de Ocua, em Chiúre.

“O posto administrativo de Ocua faz o limite entre a província de Nampula e Cabo Delgado, então, ontem, eles (os terroristas) passaram a uma distância de 18 quilómetros daqui, da vila-sede”, explicou.
Pela proximidade e medo, a população recolheu os seus bens e fugiu, uns a pé, outros de motorizada, para a vila-sede. Segundo o edil, neste momento a vila-sede está sobrecarregada.

A noite foi mal passada, até porque choveu. O certo é que cada um está à sua própria sorte. Há casas na vila-sede com mais de cinco famílias.

“Apesar de o Governo do distrito ter estado a fazer alguma coisa para levar a população para aquelas zonas onde estavam os refugiados que vinham da zona norte da província e outras populações que saem destes postos administrativos, desde ontem a vila está a cheia, porque a população quando sai dos postos administrativos para a vila ficam na rua, não conhecem a ninguém e não tem família”.

 

POPULAÇÃO FOGE PARA PROVÍNCIA DE NAMPULA

O medo instalou-se e a vila está agitada. Apesar de ainda não ter havido ataque à vila sede, a população agora está a fugir do distrito para Pemba, em Cabo Delgado, e Eráti, em Nampula.

Centenas de pessoas estão em fuga no sul da província de Cabo Delgado, em direcção à vizinha província de Nampula, devido à intensificação dos ataques terroristas nas últimas horas, segundo fontes no terreno.

A fuga dos populares, a pé e famílias inteiras conforme documentado também por vários vídeos confirmados pela Lusa, acontece desde segunda-feira e envolve moradores de Mazeze, Chiúre-Velho, Mahipa, Alaca, Nacoja B, Nacussa, que abandonaram as respectivas aldeias percorrendo mais de 20 quilómetros ao longo da estrada Nacional (N1), até atravessar o rio Lúrio, fronteira com a província de Nampula, à procura do refúgio no distrito de Eráti (Namapa).

“A minha mãe está em Namapa, com seis filhos. Tive de lhe mandar dinheiro pelo menos para comprar de comer”, disse ontem uma fonte a partir da cidade de Pemba, enquanto aguardava notícias da família. O distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado, tem sido alvo de vários ataques nos últimos dias e a população começou a partir em direcção a Nampula.

“Estou no grupo. As coisas não estão bem, entraram em Alaca, não queimaram casas, mas estragaram culturas nas nossas machambas [terrenos cultivados]” relatou uma mulher de 57 anos, a partir de Namapa, já em Nampula.

Nesta onda de ataques, um camião-cisterna carregado de combustível, com destino à cidade de Pemba, foi queimado por volta das 16h00 de terça-feira, pelos terroristas, na comunidade de Mahipa, ao longo da estrada EN1, pertencente ao posto administrativo de Ocua, em Chiúre.

“Mandaram parar e, de seguida, obrigaram o motorista a descer, queimaram o camião e puseram-se em fuga. O bom é que não mataram o motorista” disse uma fonte da comunidade, garantindo que a vítima foi prontamente socorrida.

“Conseguiu boleia, mas vai precisar de assistência psicológica, não é fácil deparar-se com esses bandidos”, concluiu.
Ao fim da tarde de terça-feira era notória a movimentação das Forças de Defesa e Segurança para a zona de Ocua, numa aparente tentativa de restituição da ordem em Chiúre.

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