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Terrorismo e eleições entre os riscos associados à inflação

O gráfico da inflação observa uma queda desde finais do ano passado. A tendência manteve-se no início de 2024 visto que no primeiro mês do ano, a subida generalizada de preços situou-se em 4,19%. Entretanto, o economista Dimas Sinoia alerta para a necessidade de prudência na política fiscal para não colocar em causa os ganhos alcançados e adverte que o terrorismo e a realização de eleições configuram grandes riscos para a estabilidade de preços.

As últimas estatísticas sobre a inflação, apontam para uma queda na subida generalizada do preço comparativamente a igual período do ano anterior. No primeiro mês do ano (Janeiro), a subida generalizada de preços foi de 4,19%. Entretanto, para o economista Dimas Sinoia, a queda da inflação e sua manutenção abaixo de dois dígitos não é o suficiente para estimular a economia, a olhar para a manutenção da taxa de reservas obrigatórias que “sufocam os bancos comerciais”.

O Economista explica que “ainda que o Banco de Moçambique prossiga com a redução da taxa MIMO, não vai impactar directamente nas concessões de empréstimos, porque, se olharmos para o que está acontecer, os bancos comerciais não têm falta de liquidez, mas não tem preferência de ceder este financiamento para famílias e empresas, optando por bilhetes de tesouro”.

A esta equação, o economista soma outros factores tais como a estabilidade de preços no panorama internacional, cuja oscilação pode impactar directa ou indiretamente a economia. E no contexto interno, aponta factores que podem impactar de forma mais agravante, por exemplo, a instabilidade militar que afecta o norte do país como um dos elevados riscos que ameaçam a inflação.

Fora estes aspectos, a conjuntura orçamental evidencia que há elevadas despesas a serem realizadas pelo Estado este ano, com destaque para as eleições que vão custar cerca de 19 mil milhões de meticais, para além da contínua pressão resultante da reforma salarial.

“Este é um risco elevado para a inflação. Se observarmos, a inflação de janeiro foi de cerca de 4%, mas com perspectivas de que até finais do ano, atinja cerca de 6%, e estes factores podem estar entre os que podem trazer mudanças no nível dos preços”, acrescentou.

De acordo com a nota de imprensa divulgada na semana finda pelo Instituto Nacional de Estatísticas, a redução da inflação anual é explicada, fundamentalmente, pelo comportamento favorável dos preços dos serviços de Educação e de Saúde, comparativamente a igual período do ano anterior.

Os dados indicam que as divisões de Educação e de Alimentação e bebidas não alcoólicas, foram as que tiveram maior subida de preços ao variarem com 13,85%, 7,05%, respectivamente.

A subida do nível geral de preços foi registada em todos os centros de recolha, com maior destaque para a Cidade de Quelimane, seguida das Cidades da Beira, Chimoio, Maputo, Província de Inhambane, das cidades de Nampula, de Xai-Xai, Tete.

Comparado ao mês anterior, a variação foi de 0,93%. Nesta comparação, “as divisões de alimentação, bebidas não alcoólicas, restaurantes, hotéis, cafés, e similares foram as de maior destaque, ao contribuírem no total da variação mensal com cerca de 0,65 e 0,17 pontos percentuais (pp) positivos”.

Dos produtos que se tornaram mais caros para os consumidores, o destaque vai para a subida de preços do tomate (17,5%), de refeições completas em restaurantes (3,1%), do peixe seco (7,4%), da couve (10,3%), do açúcar castanho (9,7%), do óleo alimentar (2,5%) e da alface (17,3%).

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