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Terrorismo deixa Japão com mais dúvidas que certezas  

Já devia ter terminado a construção de três pontes ao longo da estrada N380, no troço entre Sunate e Awasse, em Cabo Delgado, mas o Japão abandonou a empreitada em 2020 devido ao terrorismo.

Para quem deixa a estrada Nacional n.°1 e desvia do cruzamento de Sunate (mais conhecido por Silva Macua) e segue pela N380, a ponte sobre o rio Montepuez é a primeira infra-estrutura que permite a transitabilidade segura mesmo durante a época chuvosa e mais à frente o rio Messalo tem muitas zonas por onde cria intransitabilidade quando o caudal é alto. Em 2020, a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JAICA) já tinha iniciado a construção de duas das três pontes, mas teve de abandonar as obras devido à intensificação dos ataques terroristas. 

O Japão era o financiador e executor das obras. A N380 é a rodovia que passa pelos distritos de Muidumbe, Nangade e Mocímboa da Praia, permitindo chegar a Mueda e Palma a partir do cruzamento de Awasse. Duas pontes que já estavam a ser construídas eram de 60 e 45 metros de extensão sobre o rio Messalo e outra sobre o rio Mapuede, com 45 metros de extensão.      

Quase quatro anos depois, o Japão ainda não sabe se retoma ou não o projecto.

“Estamos observando a situação porque ainda é meio instável, principalmente desde o começo deste ano. Então, vamos ver o que vai acontecer para implementar esse projecto”, disse Keiji Hamada, novo embaixador do Japão em Moçambique.

Mesmo com as dúvidas em relação aos projectos estruturantes em Cabo Delgado, o Japão continua a ajudar Moçambique na assistência às vítimas de terrorismo. Esta segunda-feira, entregou quatro estações móveis de tratamento de água para serem usadas em zonas com concentração de deslocados, duas ficarão em Nampula e outras duas serão encaminhadas à província de Cabo Delgado.

O director geral do FIPAG, presente na cerimónia, agradeceu a doação, mas foi questionado sobre o défice diário de 70% de água potável necessária para a cidade de Nampula. A solução de curto prazo, poderá vir do apoio do Japão, enquanto se estuda soluções de médio e longo prazo que passam pela construção de uma nova barragem.

“Estamos a mobilizar um financiamento, também do Governo japonês através da JICA, cerca de 25 milhões de dólares americanos, para ampliarmos o campo de furos de Namiteca. Nessa perspectiva, pensamos em abrir ali 20 furos que podem nos dar uma capacidade de 20 mil metros cúbicos por dia, com os 35 mil metros cúbicos por dia que estamos a explorar aqui na barragem de Nampula, podemos chegar mais ou menos aos 50 a 60 metros cúbicos por dia, mas que não é suficiente para satisfazer a demanda da cidade de Nampula que é de 120 mil metros cúbicos por dia”, garantiu Víctor Tuacale, director-geral do FIPAG.

Neste momento, apenas 40 mil metros cúbicos são captados na barragem de Nampula, por dia, para o tratamento e distribuição.

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