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Enchentes caracterizam último dia de vacinação massiva na cidade de Maputo

Enchentes e alguma agitação caracterizaram o último dia de vacinação em massa contra a COVID-19 em diferentes postos da Cidade de Maputo. Várias pessoas, que não fazem parte dos grupos prioritários abrangidos neste processo, dirigiram-se, também, aos locais de imunização.

O posto de vacinação do bairro Albasine, na capital do país, demorou abrir para atender os utentes. Alfredo Alberto estava na fila há várias horas à espera pela oportunidade de vacinar, mas sem o técnico de saúde no local nada podia acontecer. “Estou aqui e ainda não fomos informados nada e só estamos à espera do técnico de saúde para vacinar.”

A situação deixou os outros membros do posto de vacinação de Albasine preocupados e, quando questionados, responderam nos seguintes termos: “a vacina não fica connosco, tem que se levantar diariamente, não sei exactamente o porquê do atraso, mas estamos à espera”.

Enquanto isso, a agitação tomava conta da fila, onde muita gente estava à espera do técnico de saúde.

No bairro Magoanine “B”, uma brigada móvel, que funcionava na avenida Sebastião Marcos Mabote, foi retirada e muitas pessoas ficaram horas a fio à espera de uma oportunidade para tomar a vacina.

Domingos Sitoe foi àquele local para vacinar, mas não conseguiu. “Eu quero ser vacinado, mas até agora não há onde posso fazê-lo. Então, quando eu soube que aqui se vacina, vim mas agora são 9h40min, nem água vem, nem água vai… não tenho nenhuma informação”.

A vereadora da Saúde e Acção Social no Município de Maputo, Alice de Abreu, explica que a movimentação da referida brigada móvel se deve ao facto de ter ido a atender num outro ponto que registava afluência neste último dia.

O hábito, diga-se, de deixar tudo para a última hora, voltou a evidenciar-se neste processo. Mais do que isso, este último dia foi caracterizado pela afluência massiva de pessoas que não fazem parte do grupo prioritário para vacinar e foi o que se viu no campo do bairro Aeroporto “B”.

Verónica chegou cedo, queria vacinar, ela não tem 50 anos e é empregada doméstica, o que quer dizer que não é elegível para vacinar, pelo que questiona: “por que é que doméstica não pode picar? Cobrador pica, motorista pica e por que doméstica não pode vacinar? Quantos anos o cobrador tem? Para eu que já tenho 40, não é assim, então, não nos valorizam nós que somos domésticas”.

Outrossim, havia, nas várias filas, muitos jovens que não são funcionários nem agentes do Estado; alguns disseram ser motoristas e cobradores de transporte público e semi-colectivo de passageiros e queriam tomar a dose de vacina contra a COVID-19.

A vereadora da Saúde e Acção Social no Município de Maputo, Alice de Abreu, teve de intervir para, mais uma vez, explicar quem são as pessoas com direito de vacinar nesta fase.

“De referir que, neste momento, aqueles que não fazem parte do grupo-alvo devem aguardar pela informação que o Ministério da Saúde vai partilhar, em breve, sobre os grupos que serão abrangidos a partir desta nova fase que se está a organizar cujo início está para breve, conforme foi anunciado pelo Ministério da Saúde. Aqui e nos 56 postos instalados nos sete distritos municipais, vamos vacinar aqueles que fazem parte destes grupos prioritários”, esclareceu De Abreu.

Nos postos de vacinação, houve algumas  pessoas que disseram ao jornal “O País” que, caso não vacinem nesta oportunidade, não serão recebidas onde trabalham.

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