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“Temos de investir mais nas exposições colectivas”

A frase foi dita com muita convicção, com o punho cerrado, quase a bater na mesa: “temos de investir cada vez mais nas exposições colectivas”. Vindo de um artista plástico que tem exposto obras em colectivas, uma explicação se impunha. E P. Mourana, que no mês passado levou suas telas ao Moments of Jazz que contou com Billy Ocean, tratou logo de esclarecer: “Muitas vezes, no país, as exposições colectivas não estão harmonizadas. E não me refiro apenas à temática, mas à qualidade das obras, o que retira o impacto que se pretende ter de uma exposição”.

Por um lado, P. Mourana defende que exposições colectivas são fundamentais para o desenvolvimento das artes plásticas, já que nelas o público tem a possibilidade de ver as diferentes potencialidades de cada artista, simultaneamente. No entanto, por outro, há sempre um défice de complementaridade entre os artistas. Para salvaguardar o equilíbrio nas colectivas, avança Mourana, os artistas devem ser mais responsáveis e exigentes consigo próprios. Quer o que organiza quer o que expõe. “Eu sou produto das colectivas, porque soube aproveitar as oportunidades que as mesmas oferecem. As colectivas buscam quem está no anonimato e projectam o artista a um alto patamar, se souber aproveitar”.

Além disso, o autor de “Sinfonias I” realça a necessidade de se recusar obras que possam comprometer o rigor que se exige numa exposição colectiva. Nisso, “os grandes dinamizadores das artes plásticas que a abandonaram devem retornar. Quando comecei a participar nas colectivas, lembro que os organizadores da exposição iam ao meu atelier para ver em que estava a trabalhar, como supervisão. Das visitas, saiam dicas que deveria seguir para que o produto fosse bom. Caso não seguisse as recomendações que se pretendiam para a colectiva, as obras eram excluídas na época”, afirmou o artista, para, logo a seguir, deixar ficar uma sugestão: “devemos ser rigorosos com as colectivas, respeitando os requisitos, para que o público não se decepcione, porque as artes plásticas têm muito valor. Quem compra uma obra de arte bem concebida é como se estivesse a guardar três vezes mais em juros o seu dinheiro no banco”.

Pintar é colorir o mundo

Uma das perguntas feitas a P. Mourana esta quinta-feira, numa avaliação rápida sobre o fenómeno artes plásticas no país, foi: Porque continuar a pintar? O artista respondeu como se aguardasse a pergunta há anos: “É preciso mudar este mundo. Temos de transmitir às pessoas aquilo que é belo para elas possam gostar daquilo que é bom e é bonito. Quem sabe, assim, podemos investir mais no amor. É o que digo, eu pinto para mudar o que está errado, daí que me preocupo com a beleza na minha actividade. E a pessoa, quando compra uma obra, não se deve sentir a perder, afinal, tem a possibilidade de contemplar a beleza todos os dias em casa”.

 

 

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