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Solução para congestionamento na EN4 passa pela migração para ferrovia

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O ministro dos Transportes e Comunicações diz que a solução para o congestionamento dos camiões que transportam minérios através da Estrada Nacional Número Quatro (EN4) passa pela migração para o transporte ferroviário. Mateus Magala garantiu ainda estarem em curso negociações para a criação de fronteira única entre a África do Sul e Moçambique.

Nos últimos meses, vem crescendo o número de camiões que transportam minérios ao longo da Estrada Nacional Número Quatro, no sentido África do Sul-Ressano Garcia- Porto de Maputo, facto que tem causado grandes transtornos na circulação rodoviária.

O Governo, ciente do problema, diz que são necessárias soluções inovadoras que permitam a estabilização imediata da situação.

“A construção do terminal de trânsito de Pessene, cujas obras arrancaram esta semana, conjugada com a decisão de restrição e gestão do tráfego de camiões nas horas de ponta, constituem algumas medidas de impacto imediato em implementação, sendo nossa convicção que a solução estrutural dos congestionamentos dos camiões que transportam minérios através da N4 passa pela migração desta carga para a ferrovia”, explicou o Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala.

Segundo Magala, para além da migração da carga rodoviária para a ferroviária, é necessário continuar a buscar soluções inovadoras e tecnológicas para enfrentar os desafios actuais.

Uma das soluções encontradas pelo Governo foi a criação do Porto Seco de Ressano Garcia, que visava assegurar que o ferrocrómio extraído das minas sul-africanas fosse baldeado ali e transportado por comboio até ao Porto de Maputo para a sua exportação.

Respondendo a perguntas de jornalistas, Mateus Magala reconheceu que este não tem surtido o efeito desejado.

“O Porto Seco de Ressano Garcia está a ser usado; o ponto é que podia ser ainda mais, uma vez que liga a linha de Ressano Garcia a Maputo, por isso algum tráfego vem via-férrea. O nosso plano é maximizar o Porto Seco. O grande constrangimento é que, da parte sul-africana (quilómetro 7), tínhamos que ter uma estrada directa que vai ao Porto Seco, para eles descarregarem e voltarem para África do Sul e entrarem nos vagões, mas não acontece. A carga rodoviária vem na mesma fronteira que tem muitas limitações. Os desafios são a nível de investimentos, de acordos entre os dois países”, explicou.

O Ministro dos Transportes e Comunicações falava ontem, após a inauguração de dois guindastes móveis do Porto de Maputo, orçados em 25 milhões de dólares americanos, e espera-se que flexibilizem o manuseamento de cargas.

“A inauguração dos novos guindastes assinala mais um marco significativo no progresso do Porto [de Maputo], na busca contínua por maior eficiência e resposta a cada vez maior demanda pelo nosso Corredor de Maputo e mais particularmente pelos serviços do Porto. Não são apenas dois guindastes que hoje (quarta-feira) inauguramos. Afirmamos, através deles, o nosso compromisso com o crescimento económico de Moçambique e no fortalecimento da nossa posição como um importante e competitivo corredor comercial na região.”

Com os novos guindastes, a direcção do Porto de Maputo espera manusear perto de três milhões de toneladas por ano.

“Estes investimentos traduzem-se igualmente num aumento significativo de produtividade e manuseamento de cerca de três milhões de toneladas adicionais, o que, por sua vez, trará um retorno ainda maior para os nossos accionistas. No entanto, reconhecemos que enfrentamos o desafio de lidar com um espaço físico limitado, de um porto circunscrito pela cidade que fez desenvolver e crescer”, disse Osório Lucas, director-executivo do Porto de Maputo.

A expectativa da instituição é que, até ao final do ano, se façam entre 28 e 29 milhões de toneladas como um todo.

“Mas, olhando para os terminais que são afectados directamente por estes guindastes, temos a expectativa de crescer de oito para 10 ou 11 toneladas, um crescimento bastante razoável, e as nossas projecções ao longo do tempo também são bastante sugestivas. Por exemplo, a média de tempo de contratos com os nossos clientes antes era de 2 a 3 anos, mas agora temos o contrato de até 10 anos, isso é resultado da confiança que transmitimos.”

Osório Lucas falou do investimento feito no terminal de Phessene, com um dos resultados do investimento do Porto de Maputo para melhor gestão do tráfego e garantia do bem-estar das comunidades vizinhas e dos utilizadores das estradas.

“Com uma capacidade estática para 250 camiões, a construção da primeira fase do projecto terá uma duração de 90 dias. Para além de maior segurança na EN4, o parque trará também uma maior eficiência portuária, já que alguma da tramitação se fará em Pessene”, avançou Lucas.

Contudo, há desafios que precisam de ser ultrapassados.

“Quando vocês vêem a fronteira congestionada, isso significa que a carga chega menos ao Porto ou chega mais tarde e nós não podemos ter navios parados à espera de receber carga, esse é o desafio imediato. O segundo desafio que tem sido citado é sobre o capital humano. As máquinas que apresentamos são de ponta, do melhor que há no mundo, e isso pressupõe formar continuamente os nossos quadros”, esclareceu.

O Porto de Maputo já conta com seis guindastes móveis, que servem para carregar e descarregar navios em trânsito.

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