O País – A verdade como notícia

Sociedade civil acusa PRM de “inventar factos” sobre tumultos na marcha em homenagem a Azagaia

Foto: O País

Alguns membros das organizações da sociedade civil, que participaram na marcha do último sábado, reagiram às declarações do vice-comandante da Polícia da República de Moçambique, dizendo que não gostaram do que ouviram e acusam Fernando Tsucana de “inventar factos”.

Horas depois de o Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique dar o seu posicionamento sobre o que se aconteceu na marcha, de sábado passado, em homenagem ao rapper Azagaia, alguns membros de organizações da sociedade civil reagiram aos pronunciamentos do vice-comandante da Polícia República de Moçambique, Fernando Tsucana.

A activista e influenciadora digital Cídia Chitsungo, de quem foi ideia de organizar a marcha, disse que não esperava que houvesse violência da parte da Polícia.

“Os fãs de Azagaia sabem muito bem que uma das coisas pelas quais ele lutava era o direito à manifestação. Não entendo por que razão em Moçambique as pessoas não podem manifestar livremente, só o termo ‘manifestação’ assusta, não deveria”, lamentou Cídia Chitsungo, activista e influenciadora digital.

A activista social Fátima Mimbire diz que esperava que o vice-comandante da Polícia da República de Moçambique se desculpasse e admitisse ter havido excesso de zelo na actuação da Polícia, durante a concentração de populares para a marcha de sábado.

“Nós estávamos na expectativa de ter autoridades humildes, que viessem reconhecer o excesso de zelo na sua parte e excesso de zelo. Nós estamos à espera que viessem pedir desculpas, que viessem dizer-nos que criaram uma comissão de inquérito, que vai averiguar os excessos de poder que foram feitos”, afirmou Fátima Mimbire, activista social.

Quitéria Guirengane vai além e diz que o Comando-Geral da Polícia da PRM inventou dados à volta dos factos.

“Nós pensámos que estivéssemos a lidar com a Polícia da República de Moçambique, mas percebemos que estamos a lidar com uma associação criminosa, porque só uma associação criminosa pode inventar factos e ela própria acreditar nesse factos e ir reportar, sem ter consumido substâncias psicotrópicas e álcool”, declarou Quitéria Guirengane.

O Presidente do Conselho Municipal da Beira, Albano Carige, que no último sábado também se juntou à marcha em homenagem a Azagaia, considerou as declarações do vice-comandante da PRM infelizes.

“Como moçambicano, estou completamente envergonhado porque o meu país está na Presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas saiu como um grande violador daquilo que é o direito de segurança da própria nação. Peçam desculpas ao povo moçambicano, digam que erraram e deveriam até ser processados para justificar aquele gasto todo em equipamento militar”, referiu o edil da Beira.

Nos tumultos do último de sábado, houve mais de 19 feridos a precisar de intervenção médica, incluindo menores que transitavam arredores, um óbito por confirmar, mais de 15 detidos, pelo menos duas residências com vidros partidos, pelo menos três viaturas com vidros destruídos; centenas de pessoas afectadas directamente por gás lacrimogéneo, incluindo no interior de transportes públicos, viaturas particulares e residências de menores e idosos.

A sociedade civil exige a responsabilização de actores que considerou infractores do direito constitucional a uma manifestação pacífica.

 

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos