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Só o uso do taxímetro pode resolver disputas entre taxistas na Cidade de Maputo

Há conflito entre os taxistas “tradicionais” e os que usam o aplicativo em relação à fixação dos preços, em que os primeiros se queixam de concorrência desleal. A Associação Moçambicana para o Estudo e Defesa dos Consumidores sugere o uso obrigatório do taxímetro para evitar as disputas entre os operadores de táxi na Cidade de Maputo.

Já há algum tempo que os taxistas, do modelo tradicional, se queixam de concorrência desleal dos operadores de táxi que usam aplicativos para manter contacto com os passageiros, alegadamente por estes estarem a especular o preço, lesando, assim, a sua actividade.

A Associação dos Taxistas diz que os preços cobrados por quilometragem pelos táxis por aplicativo tornam a actividade insustentável.
“Os táxis por aplicativo vieram criar desmandos. Praticamente estão a cobrar 50 % abaixo do valor que nós cobramos”, disse Albino Mabalane, membro da direcção da Associação dos Taxistas.

“Eles estão a cobrar 90 Meticais por dois quilómetros”, lamentou Aníbal Fernandes, também taxista. Para a Associação dos Taxistas, o preço ideal a ser aplicado por todos os operadores é de 100 Meticais por quilometragem.

Nesta disputa, que já dura anos, muitas vezes, o passageiro é o mais prejudicado, porque não existe um instrumento legal que determine o preço a ser aplicado por cada quilómetro percorrido.

“Eu pretendia viajar da Avenida Angola para o Aeroporto Internacional de Mavalane, ia acompanhar algumas pessoas. Por estar com pessoas de pele branca, cobraram-nos um valor injusto (especulado). Mas, porque tínhamos urgência em chegar ao destino, pagámos”, disse um usuário do serviço de táxis.

“Um quilómetro tem mil metros. Não é fácil calcular, a olho nu, os mil metros. Eu acho que seria melhor que houvesse um taxímetro dentro dos veículos”, sugeriu o outro.
O taxímetro é um aparelho que mede o valor cobrado pelo serviço, com base numa combinação entre distância percorrida e o tempo do percurso.

O instrumento pode ser acoplado ao veículo, mas com a crescente evolução tecnológica já existe em forma digital, por meio de aplicativos que fazem, automaticamente, os cálculos.

“Quando a central recebe uma solicitação de um passageiro, reencaminha para mim, por meio do celular. Depois de buscar o passageiro, quando vou iniciar a viagem, ponho o celular a calcular os quilómetros. Chegado ao destino, o aplicativo apresenta a quilometragem percorrida e o valor correspondente, de acordo com o que a empresa já definiu”, explicou um taxista do modelo por aplicativo.

A confusão neste sector de transporte deriva do facto de não haver um padrão, no que diz respeito ao valor a ser cobrado por cada quilómetro percorrido. Assim, os táxis por aplicativo definem o seu valor e os tradicionais também usam seus critérios para fazer o mesmo. O consumidor acaba por optar pelo aplicativo, que tem aplicado preços geralmente mais baixos.

De acordo a Associação Moçambicana para o Estudo e Defesa dos Consumidores (ProConsumers), o litígio entre os taxistas seria resolvido se ambos tivessem o sistema de taxímetro.

“Sectores tão vitais sugerem e firmam-se no mercado, sem instrumentos concretos para sua implementação, depois os governantes vão atrás do prejuízo. O conflito entre os taxistas já é antigo, porque, até agora, não existe uma regulamentação. O Governo tem que desenhar uma política para este sector, regulamentar e impor disciplina”, apelou Alexandre Bacião, director-executivo da Associação Moçambicana para o Estudo e Defesa dos Consumidores (ProConsumers).

Os taxistas com mais tempo no sector não têm o aparelho, por isso determinam o valor da viagem em função de sua experiência. Com um taxímetro, o valor a ser aplicado seria mais preciso e uniforme.

A direcção de Mobilidade, Transportes e Trânsito, no Município de Maputo, diz que já existe um plano para uniformizar os preços.
“O que eles (taxistas) pretendem é que se estabeleça uma tarifa única. Nós acolhemos a proposta e está a ser analisada. Posteriormente, será submetida para ser apreciada pela Assembleia Municipal”, referiu.

Vários veículos dos taxistas “tradicionais” não possuem velocímetro, segundo constatou o jornal “O País”. Para a ProCunsumers, isto pode indicar que o problema é complexo. Por isso, a associação aconselha o Conselho Municipal a fazer uma auscultação das partes, para obter melhores resultados.

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