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Só há uma forma de o Banco Mundial apoiar exploração de gás no país

O Banco Mundial diz que só vai apoiar a exploração de gás natural em Moçambique se esta fizer parte de um “plano maior” de transição energética. Aliás, a vice-presidente para África Austral e Oriental, Victória Kwakwa, entende ser a fonte mais indicada para a transição mundialmente

O mundo lida, agora, com a crise ambiental provocada, em grande medida, pela utilização de energias fósseis, ou seja, sujas, como, por exemplo, o carvão, o petróleo, gasolina e outros. Solução? Reduzir para zero o seu uso até 2050. Isso implica a substituição das fontes por outras mais limpas como água, ar e sol.

O Banco Mundial tem estado a reduzir também o apoio a investimentos para energias não-limpas. O gás natural também não é limpa. Porém, o gás de Moçambique “pode jogar um papel importante para a transição global”.

Moçambique começou a explorar o gás natural liquefeito no ano passado, com a exportação do GNL para a Grande Britânia, através da British Petroleum (BP), num contrato prefeito com o Consórcio da Área 4 da Bacia do Rovuma.

Kwaka citou isso como exemplo da importância para a transição global. “Vemos que a maior parte do gás de Moçambique está a ser exportado para a Europa, então aquele continente está a beneficiar-se do gás moçambicano e afasta a Europa de voltar às fontes de energia menos limpas, num momento em que a invasão russa à Ucrânia causou problemas consideráveis na segurança energética e suplemento da mesma”.

Moçambique precisa de apoio financeiro para participar neste negócio. E o Banco Mundial não se fecha a prestar o apoio, mas há condições que devem existir para que tal aconteça. “Podemos apoiar se não houver outras opções com custos baixos e se for no contexto de um plano de transição claramente articulado”, esclareceu Victória Kwakwa, que esteve em Moçambique de visita a diferentes locais e que manteve diferentes encontros com várias individualidades, incluindo o Presidente da República.

Falando numa entrevista concedida ao “O País”, Victória Kwakwa foi peremptória e disse-o várias vezes, “sim, a exploração de gás pode contribuir para o crescimento, mas vocês precisam de outros sectores para serem parte do crescimento para prover taxas de crescimento mais altas e que sejam inclusivas”.

Por inclusão, Kwakwa diz que se deve entender o uso das receitas do gás para impulsionar outras áreas. Ou seja, “deve ser gerido de maneira que facilite a diversificação do resto da economia, o que inclui a agricultura e o aumento da produtividade; o turismo é outro sector por se dar atenção e os serviços são outra área. Então, é possível e tu encontras outros países que usaram recursos naturais para fazer diversificação do resto da economia”, disse.

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