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Bancos agravam mais uma vez taxa de juro de referência para créditos

Foto: Diário Económico

Trata-se da quarta subida este ano: em Maio, a Prime Rate tinha subido 50 pontos base e, em Junho, 150 pontos base. De resto, os financiamentos indexados à Prime Rate deverão registar incrementos, sufocando ainda mais a vida das famílias e das empresas.

A taxa de referência para créditos bancários, Prime Rate, a vigorar neste mês de Dezembro, subiu 10 pontos base para 22,60%. Esta é a segunda subida consecutiva, depois de, em Outubro, os bancos comerciais terem decidido aumentar a taxa de juro de referência para as operações de crédito de 20,60% para 22,50%, de acordo com o Banco de Moçambique e Associação Moçambicana dos Bancos (AMB).

Esta é a quarta subida este ano: em Maio, a Prime Rate tinha subido 50 pontos base e, em Junho, 150 pontos base. De resto, os financiamentos indexados à Prime Rate deverão registar incrementos, sufocando ainda mais a vida das famílias e das empresas.

A Prime Rate do sistema financeiro moçambicano é a única taxa de referência para as operações de crédito de taxa de juro variável e resulta da soma do Indexante Único e do Prémio de Custo. Esta taxa aplica-se às operações de crédito contra-actualizadas (novas, renovações e renegociações) entre as instituições de crédito e sociedades financeiras e os seus clientes, acrescida de uma margem (spread) que será adicionada ou subtraída à Prime Rate, mediante a análise de risco de cada categoria de crédito ou operação em concreto. O Acordo sobre o Indexante Único do Sistema Bancário Moçambicano visa promover uma maior transparência no processo de fixação das taxas de juro variáveis no mercado e melhorar o mecanismo de transmissão da política monetária.

O aumento desta taxa de juro de referência para os créditos bancários tem estado associado à subida da taxa de juro de política monetária (taxa MIMO, que influencia a fórmula de cálculo da Prime Rate) pelo Banco de Moçambique, por forma a controlar a inflação.

Recorde-se que, na última quarta-feira, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. A medida é sustentada pelos elevados riscos e incertezas associados às projecções de inflação, com destaque para os efeitos da persistência da tensão geopolítica na Europa e do abrandamento da procura externa, não obstante as perspectivas de retorno da inflação para um dígito, no médio prazo.

O banco central avançou que as perspectivas de inflação apontam para uma desaceleração no médio prazo. Em Outubro, a inflação anual, que comporta as cidades de Maputo, Beira e Nampula, desacelerou para 11,08%, após 12,01% em Setembro, a reflectir, essencialmente, o abrandamento dos preços dos bens alimentares, com destaque para as frutas e vegetais. A inflação subjacente também reduziu. Para o médio prazo, consolida-se a perspectiva de retorno da inflação para um dígito, decorrente dos efeitos dos aumentos da taxa MIMO e da estabilidade do Metical, não obstante a prevalência de elevados riscos e incertezas.

“Os riscos e incertezas associados às projecções de inflação mantêm-se elevados. A nível interno, destacam-se as pressões crescentes para o aumento da despesa pública corrente, as incertezas em relação aos impactos dos choques climáticos na oferta e comercialização de bens e à evolução dos preços administrados, incluindo o seu efeito sobre os preços de outros bens e serviços. A nível externo, mantêm-se as incertezas quanto ao prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e acresce-se os riscos de recessão económica global”, lê-se no comunicado do banco central.

Segundo o Banco de Moçambique, as previsões de crescimento económico para 2023 foram ligeiramente revistas em baixaNo III trimestre de 2022, o crescimento do Produto Interno Bruto abrandou para 3,6%, a reflectir o fraco desempenho do sector secundário. Para o médio prazo, antevê-se um ligeiro abrandamento da expansão da actividade económica, em face da potencial redução da procura externa e das condições financeiras restritivas, incluindo acrescidas dificuldades no acesso aos mercados financeiros internacionais. Entretanto, a nível interno, a implementação dos projectos energéticos continuará a favorecer o crescimento económico.

A autoridade monetária considera que a dívida pública interna se mantém elevada. O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 274,8 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 56 mil milhões desde Dezembro de 2021.

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