Gente apinhada, nos principais terminais rodoviários, é o cenário vivido na manhã desta sexta-feira, na cidade de Maputo. Várias pessoas permaneceram nas paragens durante horas sem saberem como chegar aos seus destinos, devido à falta de transporte.
É um cenário atípico, para um dia de tolerância de ponto, que também coincide com sexta-feira santa. As enchentes registadas são comuns em dias úteis, na cidade de Maputo.
Mas, na manhã desta sexta-feira, nos terminais rodoviários da Praça dos Combatentes e Zimpeto, o jornal “O País” constatou a presença de muitas pessoas à procura de transporte, que tardava chegar. São vários os motivos que levaram as pessoas a permanecerem naqueles locais públicos.
Há as que vão ao trabalho, é o caso da Manila António, que trabalha para o sector de restauração no Distrito de Marracuene, na província de Maputo e não se beneficia de tolerância de ponto decretada pelo Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social.
Tal como Manila, estava Cíntia Guilambo, empregada doméstica, que seguia até ao bairro da Coop onde trabalha. “Estou a espera do chapa, vou ao serviço, há falta de transporte, mas não há como, tenho de ir trabalhar”. Essa descrição foi captada no terminal rodoviário da Praça dos Combatentes
No Terminal Rodoviário de Zimpeto, há pessoas que saíam do mercado grossista, onde foram fazer compras para consumo e revenda. Entretanto, na hora do regresso, tudo se complica, porque o transporte não chegava para todos.
Luísa Moiane regressava do trabalho depois de ter feito noite no hospital, mas porque o transporte escasseava, teve de ficar mais de uma hora no terminal.
Quando os meios de transporte chegavam ao terminal, o cenário mudava: verificava-se enchentes e desorganização. O distanciamento recomendado pelas autoridades para evitar a COVID-19 foi ignorado.
O papel de chamar e organizar os passageiros é dado a figura de modjeiro, este, que por sua vez, pendura-se à janela do autocarro na tentativa de manter a ordem.
No entanto, pela aflição, alguns metiam as suas trouxas pelas janelas. Todavia, há ainda quem preferiu, naquela azáfama, espantar o cansaço de longa espera pelo transporte, cuidando da beleza, concretamente fazendo manicure. E quem conduz os autocarros conhece a aflição dos passageiros.
“Transporte sempre existe, só que quando chega essa hora sete e oito horas há isto. É verdade sim, que há poucos carros neste momento, porque já se distribuíram pelas rotas”. Disse Joaquim Paulino, que conduzia um autocarro que em menos de um minuto, apinhou-se de gente.