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Sem patrocínios, GM Record lança 36 discos moçambicanos em três anos

No princípio, o objectivo da GM Record, que tem editados grandes e novos nomes do Hip-Hop moçambicano, era agenciar artistas e publicar os seus álbuns. Rapidamente, o Director-excutivo da produtora/ editora moçambicana percebeu que aí não haveria futuro. Então, Sidney Mavie (DJ Sidney) passou a focar-se no compromisso de lançar discos de rappers moçambicanos, sejam álbuns ou EP.

A entrega à pretensão de promover a música e os autores moçambicanos, dando-lhes a oportunidade de se apresentarem em disco, na verdade, iniciou em 2017, ano que a GM Record editou cinco discos. Para o efeito, houve necessidade de a produtora/ editora fazer perceber aos artistas o que é o seu produto no mercado nacional. Sidney Mavie considera que essa tarefa acaba sendo um trabalho aturado porque, sem querer, devendo à fragilidade estrutural de alguns artistas na área de edição, produção ou distribuição de discos, vê-se a desempenhar funções de mananger.

Ainda assim, uma coisa é certa. A experiência e os anos de trabalho na música têm contribuído para os autores de Hip-Hop em geral confiarem cada vez mais na GM Record, daí em pouco tempo ter publicado 36 títulos. Só ano passado, a produtora levou às ruas 15 discos e em 2018 conseguiu lançar 16.

Porque cada disco tem a sua história, DJ Sidney lembra que para a GM Record, até aqui, o disco mais difícil de trabalhar foi A kaya, da autoria de Xitiku ni Mbaula. A explicação é muito simples: “naquela época o SG e o Dinguizwaio já não estavam muito ligados ao projecto deles. Houve necessidade de conversar muito com eles para que o disco saísse. Por isso foi o que levou mais tempo até agora”, contou Sidney Mavie.

Dos 36 discos lançados pela GM Record, entretanto, apenas um teve patrocínio, O rapper do povo, de Bander.

Neste caso, o próprio autor é que conseguiu adquirir financiamento para o CD. Com efeito, a capacidade financeira é determinante no que diz respeito à produção ou reprodução de exemplares dos discos, que varia, dependendo do autor. A produtora tanto pode lançar 100, 150 ou mais cópias. A ideia é sempre procurar esgotar a venda os CD e evitar prejuízos financeiros. Quando há mais procura, aí produzem-se mais.

Nestes três anos, entre os discos mais vendidos da GM constam Duditos way, de Duas Caras, que esgotou logo no dia da apresentação; Génesis, de Allan; A kaya, de Xitiku ni Mbaula, e A cura de Drakula. “Gostaríamos de ter apoio em termos de produção, para que os artistas não se limitem apenas à produção local. Queremos ter discos com qualidade padrão internacional”.

Mavie garante que há muito talento no país, na área musical, mas falta formação. “As pessoas trabalham muito com conhecimentos apreendidos de forma alternativa. Isso afecta a nossa indústria musical porque poucos têm alta competência na masterização, por exemplo. Eu próprio sinto que há conhecimentos que faltam à GM Record”.

Um dos rappers difícil de trabalhar, revela DJ Sidney, é Duas Caras. E explica: “trabalhar com Duas Caras não é fácil. As coisas acabam dando certo porque conhecemo-nos há muitos anos, desde 1995, e somos amigos. Isso facilita todo o processo porque existe confiança entre nós os dois. Fora isso, quando estamos  a trabalhar num projecto dele, levamos muito tempo a discutir, o que até é muito frutífero. Ma não é fácil. Por exemplo, até o passado mês de Dezembro, já tínhamos o disco de Duas Caras fechado, pronto para lançar. Mas, a certa altura, resolvemos esperar mais um pouco. Agora não sabemos ao certo se vai ser um EP ou um álbum. Seja como for, temos condições e músicas para investir num ou no outro formato. Contudo, dou-me muito feliz e honrado por conseguir publicar a obra de Duas Caras. É bom saber que contribuo para alegrar os apreciadores da música dele”.

Dos 36 autores publicados pela GM Record, estão ainda 3H, Micro 2, Ray B, Crack e DJ Edson e Homoplata.

 

 

 

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