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Segunda qualificação para o CHAN made in Mozambique

Os Mambas conseguiram a segunda qualificação para o CHAN, curiosamente das mãos de um treinador moçambicano, Chiquinho Conde. A primeira qualificação foi, também, das mãos de um outro moçambicano, João Chissano.

Num intervalo de nove anos, Moçambique volta a qualificar-se para o CHAN. A primeira qualificação da selecção nacional para esta prova destinada aos jogadores que militam em campeonatos domésticos foi em 2014, cuja fase final foi na vizinha África do Sul.

Para chegar a essa importante prova, os Mambas tiveram de ultrapassar a Angola na última eliminatória.

Após o empate sem abertura de contagem no Estádio Nacional do Zimpeto, no jogo da primeira mão, o combinado nacional garantiu a qualificação em Angola, na partida da segunda mão, após empatar por uma bola, com o único tento da equipa moçambicana a ser apontado por Diogo.

Moçambique conseguia, assim, marcar mais uma presença, no que diz respeito à selecção, a uma prova organizada pela Confederação Africana das Nações, após ter estado no CAN em 2010, em Angola.

Uma geração de jogadores, muitos deles no limiar das suas carreiras, abria uma página em suas vidas.

JOÃO CHISSANO FOI OBREIRO DA QUALIFICAÇÃO

Não se pode falar da primeira qualificação dos Mambas ao CHAN sem se fazer alusão a um nome: João Chissano. Foi das mãos deste treinador que o combinado nacional conseguiu tal façanha perante, convenhamos, muito cepticismo.

O treinador responsável pela “dobradinha”, ou seja, pela conquista do campeonato nacional e taça de Moçambique em 2007 pelo Costa do Sol, chegou ao comando técnico dos Mambas num contexto de muita descrença.

João Chissamo assumiu a selecção, coadjuvado pelo também moçambicano Mano-Mano, em substituição do alemão Gert Engels, que, após aquilo que ficou apelidado por “derrocada de Marraquexe”, abandonou o barco. No tal jogo, os Mambas perderam diante do Marrocos, em Marraquexe, por 0-4.

E porque o contexto era de muita descrença e muito cepticismo, havia necessidade de João Chissano se impor no comando técnico do combinado nacional e uma das formas era ganhar.

Num percurso sorrateiro na campanha de qualificação para o CHAN, o técnico moçambicano foi passando de jogo a jogo até à decisiva partida diante da Angola, partida na qual os Mambas empataram por uma bola, garantindo, por isso, a qualificação, mercê do empate a zero em casa.

Com esse feito, João Chissano entrava para a história como o primeiro treinador moçambicano a cometer essa proeza.

CHIQUINHO E A SEGUNDA…

Moçambique está no CHAN pela segunda vez! Quis o destino que, à semelhança da primeira qualificação, o obreiro desse marco histórico fosse um treinador moçambicano, no caso, Chiquinho Conde.

Tal como João Chissano, Chiquinho Conde assumiu o comando técnico dos Mambas num contexto de muita descrença, tendo em conta que os resultados não eram satisfatórios.

Conde chegou ao Mambas em substituição do português Horácio Gonçalves, que, por sinal, teve uma passagem curta pelo combinado nacional.

Era preciso virar o curso da história e os moçambicanos depositaram a sua confiança em Chiquinho Conde, sobretudo pelo facto de ser alguém que tem conhecimento profundo sobre o futebol do país.

E foi o que aconteceu. Sem dar nas vistas e recorrendo ao princípio do respeito pelo adversário, Chiquinho Conde foi fazendo o seu percurso.

Na primeira eliminatória de acesso ao CHAN, os Mambas empataram em casa sem abertura de contagem no jogo da primeira mão, diante da Zâmbia.

No da segunda, o combinado nacional foi à capital zambiana, Lusaka, arrancar uma vitória importante por uma bola sem resposta, passando para a segunda eliminatória com um agregado de 1-0.

Na segunda e última eliminatória, os Mambas foram enormes diante do Malawi, garantindo, dessa forma, a qualificação para o CHAN.

Chiquinho Conde fez história na sua carreira. Esta é a primeira conquista do antigo capitão dos Mambas, por sinal, na sua primeira aventura como treinador ao nível das selecções.

PARABÉNS AOS MOÇAMBICANOS

Missão cumprida. Esse é o sentimento, não só de Chiquinho Conde, mas também de todos os moçambicanos.

Chiquinho Conde dedica a qualificação a todos os moçambicanos. O técnico diz que os Mambas são uma parte fundamental para dar alegria aos moçambicanos num momento difícil que muitos atravessam, sobretudo a população da província de Cabo Delgado.

“Há nove anos que Moçambique não conseguia qualificar-se para o CHAN”, disse Chiquinho Conde, para quem esta qualificação é conseguida num contexto de muito cepticismo por parte dos adeptos.

“Foi preciso um trabalho árduo para que tal acontecesse. Pedi à Federação e à Liga que me concedesse aquele interregno de um mês para poder preparar a minha equipa, o que foi bom”, afirmou.

A decisão de Chiquinho Conde não reuniu consenso nos clubes, sobretudo no seio dos treinadores.

“Percebi os treinadores, pois eles precisavam cumprir o seu plano de trabalho. Estão de parabéns pelo facto de me terem cedido os jogadores para com eles trabalhar. O mérito desta qualificação é, também, deles”, agradece Chiquinho.

Para Chiquinho Conde, agora é tempo de usufruir do momento, depois se seguirá à fase de traçar o plano de preparação para o CHAN, cuja fase final será em Janeiro do próximo ano, na Argélia.

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