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Sector de caju oscila entre fortes e fracos

O preço mínimo de referência de compra por kg caiu dois Meticais, mas o Governo garante que se vai vender mais. Entretanto, os industriais querem que o Executivo deixe a economia auto-regular-se através da lei da procura e oferta, que deve ditar o preço.

É dos sectores da economia em Moçambique que ainda resistem às vicissitudes domésticas e de índole internacional. A castanha de caju tem um enorme potencial de geração de cadeia de valor, tanto que, só na parte da produção, emprega 1 400 000 famílias, que, na campanha de comercialização 2021–2022, geraram uma renda bruta de 87 milhões de dólares.

O subsector de caju já esteve forte e reconhecido na década de 60 e princípio da década de 70, em que atingiu o pico de 700 000 toneladas, tendo concorrido com gigantes internacionais, como a Índia. A guerra civil fez envelhecer parte significativa do parque cajual no país e, no início da década de 2000, começaram reformas que culminaram com a criação do Instituto Nacional do Caju, que se ocupa pela revitalização do subsector, através de produção de mudas e investigação de clones com maior nível de produtividade.

Voltar ao topo outrora conquistado é difícil. Na campanha de comercialização 2021–2022, foram vendidas 146 000 toneladas para indústrias nacionais e exportação, e o preço (mínimo) de referência por quilograma foi de 39 Meticais. Na campanha 2022–2023, espera-se aumentar a quantidade para 150 000 toneladas, porém a um preço mais baixo – 37 Meticais por quilograma.

O vice-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Olegário dos Anjos Banze, é um homem optimista: está projectada uma comercialização de cerca de 150 mil toneladas de castanha, o que poderá representar um crescimento de 3%. Com esse volume, espera-se conseguir uma renda bruta de 87 milhões de dólares, o mesmo valor da campanha passada, justamente por causa da redução do preço de comercialização.

A Associação dos Industriais do Caju (AICAJU) não se revê no actual modelo que atribui protagonismo ao Governo na fixação do preço. “A AICAJU reforça a sua posição já manifestada em momentos anteriores, bem como volta a apelar à necessidade de deixar o mercado funcionar, uma vez que este é que ditará o preço de referência real”, reafirma Julina Harculette, daquela agremiação.

Em 2021, fundamenta Harculette, a indústria processou cerca de 32 663 toneladas de castanha de caju, contra 30 664 do ano de 2020, resultando num incremento de 6,52%.

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