Depois de os camponeses de Romão na Cidade de Maputo terem denunciado um alegado esquema de venda e usurpação das suas machambas, o Conselho dos Serviços de Representação do Estado na Cidade de Maputo e o Município da capital decidiram embargar as obras em curso e não permitir a mudança de actividades previstas para aquela área de produção.
Na última quarta-feira, os camponeses do bairro Romão manifestaram-se para exigir o fim da alegada venda das suas machambas, bem como as construções em curso nos espaços reservados à prática de agricultura.
Os camponeses da Associação Armando Emílio Guebuza apontam os responsáveis da associação como sendo os que supostamente orquestram o esquema de venda das suas machambas.
Depois de o jornal “O País” ter reportado a agitação que houve naquela quarta-feira, houve uma reunião que juntou as autoridades da Cidade de Maputo, no caso a Secretaria de Estado, o Município de Maputo, Associação Armando Emílio Guebuza e Casa Agrária e que decidiram pelo embargo das obras e investigação do suposto esquema de venda de terras.
No entanto, a decisão divide os próprios camponeses. Pedro Timane e Laurinda Nemba são a favor da continuidade da agricultura. “Estou bastante satisfeito com isso, porque, ainda que eu morra, os meus filhos vão continuar a trabalhar nestas terras para também sustentar os seus filhos”, disse Timane que foi secundada pela senhora Laurinda. “Estou mesmo satisfeita, porque vender não é solução. Assim, com as nossas terras, os nossos filhos e netos terão sempre o que comer.”
Enquanto isso, Faustino Machava, também agricultor naquelas terras de Romão, contraria os colegas e defende a venda de terras. “Eu penso em vender, dizem que podemos vender a outros camponeses, mas eles não têm dinheiro que eu quero, então melhor arranjar cliente que me vai dar dinheiro que levarei para usar em casa.”
A directora do Serviço de Actividades Económicas da Cidade de Maputo, Lúcia Luciano, fez saber ao jornal “O País” que não será permitida a venda de terra, assim como a mudança de actividades. “Aquele espaço foi destinado para actividades agro-pecuárias. O que foi decidido é que o Conselho Municipal vedou a mudança de actividades, sobretudo nas áreas destinadas à agro-pecuária”.
Naquela zona do bairro Romão, é notável a existência de obras que ocupam as machambas, mas o facto é que as autoridades já embargaram as referidas obras.