Muito criticada pelas Organizações Não Governamentais (ONG), alegadamente por contribuir pouco para os cofres públicos moçambicanos, a companhia petroquímica sul-africana, a Sasol, injectou para o Estado meio bilião de dólares em impostos.
Desde que iniciou suas operações em Moçambique, há mais de uma década, a gigante petroquímica contribuiu com cerca de 500 milhões de dólares norte-americanos em impostos para o Estado, em toda sua cadeia de valores.
Numa troca de correspondência (email) com O “País”, a direcção da Sasol em Maputo diz que pretende expandir as suas operações, e consequentemente, garantir mais receitas para o Estado nos próximos anos.
Um dos pontos fortes desta petroquímica está em projectos de responsabilidade social, onde afirma ter já investido nesta componente mais de 40 milhões de dólares em programas de investimento social, incluindo educação, comunidade e desenvolvimento de infra-estrutura.
“Mais recentemente, temos estado a trabalhar com comunidades para estabelecer programas de desenvolvimento de negócios e da juventude”, refere a nota da Sasol, em resposta ao questionário da nossa reportagem.
Ciente dos desafios impostos à empresa, a gigante sul-africana aposta no desenvolvimento da educação e de competências através do Centro de Formação de Inhassoro, programa de mestrado em derivados de petróleo, programa de estágios e seminários de capacitação e formação para professores.
O melhoramento do acesso à água potável nas zonas rurais é outra das apostas da Sasol. A título de exemplo, a firma construiu 15 sistemas de água, 82 furos nas comunidades de Vilanculos, Inhassoro, Mabote, Govuro e no distrito de Funhalouro e reabilitação de mais cinco furos.
“Melhoramos o acesso aos cuidados de saúde com projectos de desenvolvimento de infra-estruturas, tais como, construção e equipamento, aprimoramento e/ou reabilitação de diferentes centros de saúde”, aponta a Sasol.
Constam do leque dos centros de saúde reabilitados, o Hospital Rural de Vilanculos, Hospital de Mangungumete, postos de saúde de Tome, Benzane, Temane e Pambara em diferentes distritos de Inhambane.
Recorda-se, que em Outubro passado, o consórcio Sasol-Eni, rubricou contratos de concessão com o Executivo de Maputo, no âmbito do Acordo Conjunto de Operações. Ao abrigo destes contratos as duas empresas vão operar em conjunto nas áreas A5A e PT5C.
O Centro de Integridade Pública (CIP) lançou há anos uma publicação em que mostrava que a Sasol compra 1 giga joule de gás natural em Moçambique a USD 1.44 e revende na África do Sul a USD 7.00.
Com essa operação, a África do Sul por ano recebe 150 milhões de dólares, pelo menos nos últimos dez anos, ou seja, em uma década Pretória encaixou pouco mais de 1,5 bilião de dólares norte-americanos. Moçambique só recebeu, no mesmo período cerca de USD 500 milhões.