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SADC lança apelo para conter praga do gafanhoto que ameaça produção agrícola

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) esta quarta-feira um apelo para conter o surto do gafanhoto migratório na região. Trata-se de uma praga destrutiva para a produção agrícola.

Moçambique está em alerta desde o primeiro surto, em 1998, ano em que foram perdidos 200 mil hectares de diversas culturas agrícolas. O custo para controlar essa praga foi de 800 mil dólares norte-americanos.

Volvidos 22 anos, a praga do gafanhoto migratório volta a ameaçar as plantações agrícolas no solo moçambicano e dos países vizinhos. O alerta regional foi lançado esta quarta-feira, pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Celso Correia aponta a planície de Búzi e a zona do lago Chiúta, como as mais susceptíveis de serem afectadas no país.

“Na região, as informações disponíveis ditam que a praga espalhou-se das suas áreas de reprodução tradicionais para o delta do Okavango, as zonas húmidas de Chobe e as planícies do rio Zambeze, onde, devido a questões ambientais, a aplicação de pesticidas sintéticos foi imediata”, explicou Celso Correia.

Este ano, o país identificou, no dia 05 de Novembro corrente, ninfas do gafanhoto vermelho numa área de 1,5 hectares e uma densidade de seis metros quadrados, facto que exige intervenção imediata.

A praga em questão foi identificada em Maio de 2020, em oito estados membros da SADC, nomeadamente Botswana, Eswatini, Malawi, Namíbia, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia.

Segundo a secretária executiva da SADC, Stergomena Lawrence Tax, “ao longo dos últimos anos, a região tem sido afectada por várias pragas e doenças vegetais transfronteiriças, incluindo do gafanhoto migratório africano, da lagarta do funil do milho, da mosca da fruta, da necrose letal do milho, e da fusariose da bananeira, assim como por três doenças animais transfronteiriças de elevado impacto, nomeadamente a febre aftosa, a peste dos pequenos ruminantes e a gripe aviária altamente patogénica”.

Na campanha agrícola 2019/2020, os danos à safra do Verão foram mínimos uma vez que a colheita já havia sido feita.

“Todavia, as culturas de regadio, a safra do Inverno e a safra do Verão da próxima campanha de 2020/2021, para aqual o plantio começa em Novembro” corrente, “são susceptíveis de estar em alto risco”, alertou Stergomena Lawrence Tax.

A responsável acrescentou que o surto constitui um grande entrave à produção e produtividade agrícolas e tem potencial de aumentar a insegurança alimentar, especialmente uma vez que a situação de segurança alimentar regional já é precária.

O surto do gafanhoto migratório ocorre numa altura em que a região ainda está a recuperar de vários desastres, incluindo a seca persistente provocada pelo El Nino, que começou em 2016/17, os impactos de vários ciclones incluindo Idai, Belna e Kenneth, que assolaram a região da SADC no ano passado.

Stergomena Lawrence falou ainda da pandemia da COVID-9, “cujos impactos continuam a fazer-se sentir nos diferentes sectores” da África Austral.

Para a secretária executiva da SADC, o surto do gafanhoto migratório e os ciclones são desastres que “resultaram no aumento de vulnerabilidades incluindo da pobreza e da insegurança alimentar”.

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