Cidade da Matola na sua totalidade está alagada, com maior parte das vias de acesso com transitabilidade condicionada, escolas encerradas, sem transporte público. E há também 50 famílias que precisam de assistência.
As ruas do bairro da liberdade transformaram-se em riachos e é assim sempre que chove nos últimos anos. E, se para muitos há danos a reportar com a passagem da depressão tropical Filipo, para outros jovens é uma oportunidade para ganhar dinheiro, dois homens cobram 15 meticais a cada pessoa que sobe o “tchova” que é carinha de atracção manual, para sair ou entrar à sua casa, uma vez que as ruas encontram-se intransitáveis.
Também Alexandre Manhiça com o seu “txova” enfrenta a fúria da água que quase o derruba no meio do leito, mas ele diz que assim o faz para garantir a renda. Alexandre é transportador de mercadorias e a meio da manhã desta quarta-feira debaixo da chuva levava ração que serviria para alimentar pintos. Para ele, há riscos sim, mas é preciso trabalhar. “Fazer o quê? Tenho que passar daqui porque não tem outro sítio para passar, passei daqui carregado de sacos, estava cheio. Assim que voltar, escorreguei um pouco ali porque bate numa pedra”.
Mas a chuva resultante da passagem da depressão tropical Filipo fez estragos, alagou casas, algumas foram abandonadas pelos seus donos e as vias de acesso na Matola estão quase todas inundadas, o testemunho é de Bicaire Moreira que com seu carro ligeiro entrou para sua residência para depois sair para falar à reportagem do Jornal O País. “Pedimos à edilidade que nos volte a abrir a vala antiga para que essa água possa passar, porque esta água vive conosco desde o ano 2000 e sempre que chove tende a ficar pior”.
Os bairros da Machava e Nkobe também não escaparam. A estrada regional número 807 ficou com a transitabilidade condicionada devido a chuva, o cruzamento de Machava quilometro 15 e Nkobe estava igual um lago.
Os serviços sociais como Escolas ficaram encerradas por precaução. Do lado do bairro Tsalala a Reportagem do Jornal O País escalou a Escola Básica 8 de Março onde frequentam 4500 alunos, com salas convencionais e sem nenhuma turma ao relento, mas não havia aulas.
“Mesmo por questões de precaução preferimos preferimos dispensar os alunos por duas razões. Porque primeiro a caminhada de casa para escola não é fácil e tomando em conta que a previsão é que o pico seja ainda hoje aqui na Matola preferimos dispensar os alunos” explicou Lourenço Matusse Director da Escola.
O Serviço público de transporte ficou seriamente afectado, aliás os autocarros ficaram estacionados durante todo o dia, não circularam e as paragens estiveram diga-se inundadas de gente. Muitas das pessoas atrasaram ao serviço, outras andaram a pé como o caso da Arlete Alexandre que como última esperança tinha de apanhar na paragem de 15 e mesmo assim não havia lá autocarros.
O presidente do Município da Matola, Júlio Paruque, visitou os vários pontos afectados na autarquia onde estavam a ser feitas intervenções pontuais e fazendo o ponto de situação diz haver para já 50 famílias afectadas.
“Números preliminares ainda, até este momento posso falar de 50 famílias afectadas e que precisam de assistência. A Matola toda ela está bastante afectada temos impactos sobre a transitabilidade, vias de acesso bastante alagadas, vias de acesso com transitabilidade condicionada, temos famílias que foram forçadas a abandonarem suas habitações, temos serviços sociais, equipamentos sociais, nomeadamente de educação e saúde também afectados estamos a aprimorar os danos sobre a Matola, estamos no terreno para minimizar o sofrimento das famílias”.
No vale do Infulene, na zona limítrofe entre as Cidades de Maputo e Matola os canteiros onde se produz hortícolas estavam submersos.