A Universidade Técnica de Moçambique, em Maputo, vai receber, amanhã, o lançamento de mais um livro de ficção moçambicana. Intitulado “A pesca da morte no rio Ligonha”, o livro da autoria de Maximiano de Rosário Joaquim é uma narrativa que, na opinião do autor, ajuda o leitor a erguer-se e a encontrar as melhores pontes para atravessar a morte em busca da vida, de forma constante.
“A pesca da morte no rio Ligonha” é uma ficção sobre a guerra dos 16 anos, “porque ainda há uma espécie de auto-censura à volta do horror que a mesma causou aos moçambicanos”. Por isso, no livro de estreia, por um lado, Rosário Joaquim avança com o interesse de fazer da obra um instrumento que deve ajudar quem lê a mudar de comportamento, para que as mortes do passado não se transportem para o presente.
Por outro lado, “o pano de fundo deste livro consiste em fazer com que os moçambicanos comecem a olhar a questão étnica de outra forma, porque a génesis de grandes conflitos em África também tem que ver com as etnias. Em vez de conflitos, a proposta sobre as etnias que me interessa no livro é a vertente formação do homem”.
Com efeito, “A pesca da morte no rio Ligonha” gira à volta de um rio que oferece sustento às famílias, mas que, no contexto de guerra, torna-se algo perigoso, daí proibir-se as comunidades de lá irem buscar o seu sustento. Ainda assim, um homem transgride a regra e vai pescar, o que lhe custa a liberdade e, depois, a vida.
Para Maximiano de Rosário Joaquim foi uma experiência dura escrever o livro, porque foi difícil encontrar tempo para se abstrair de modo a manter uma escrita exigente. Também por essa razão, a obra precisou de sete anos para ficar pronta.
Ainda sobre o livro, uma curiosidade. Embora tenha sido editado pela Ndjira em português, foi escrito em inglês, como forma de o autor, que também é tradutor e intérprete de profissão, exercitar o ofício da tradução da língua de Shakespeare para a de Camões .
“A pesca da morte” tem 198 páginas e será apresentado por Lucas do Sol.