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Retoma aos treinos satisfaz desportistas que querem Moçambola este ano

A autorização para o regresso aos treinos foi feita semana passada, pelo Presidente da República, e deve iniciar a 15 de Setembro próximo. Uma autorização que deixou satisfeitos os desportistas moçambicanos, que esperam que esta retoma aos treinos, numa espécie de pré-época, seja prenúncio da retoma das competições, nomeadamente o Moçambola. Aliás, a autorização, no futebol, é para as equipas que vão disputar o Moçambola, ficando os restantes escalões e competições ainda sem autorização

 

A Liga Moçambicana de Futebol diz que a autorização para a retoma dos treinos para as equipas do Moçambola abre boas perspectivas para a realização, ainda este ano, do Campeonato Nacional de Futebol. A LMF diz que vai trabalhar com os clubes, Secretaria de Estado de Desporto e Federação Moçambicana de Futebol para que se cumpra com as medidas de prevenção da Covid-19 e a retoma das actividades seja uma realidade.

Até porque o ponto de partida para a retoma gradual do futebol foi dado pelo Costa do Sol, no quadro da autorização do regresso aos treinos das equipas que têm compromissos nas competições internacionais. A União Desportiva de Songo só vai regressar esta semana, depois de voltar a juntar no mesmo espaço, a vila de Songo, para preparar a sua participação na Taça Nelson Mandela, competição que vai arrancar em Novembro próximo.

 

“Todas medidas de prevenção devem continuar”

A Liga Moçambicana de Futebol, gestora do principal campeonato nacional de futebol, é a organização que mais satisfeita terá ficado com esta retoma, até porque durante tempo esteve a frente de todas discussões sobre esta retoma, para além de que é expectativa dos desportistas todos que o Moçambola seja autorizado a retomar.

Mas por ora, ao nível interno, há luz verde para que as equipas do Moçambola iniciem, objectivamente, uma espécie de pré-epoca. Ananias Couana, presidente da Liga Moçambicana de Futebol, diz que esta retoma deve ser feita com cautela, até porque não significa que a pandemia foi vencida, e que as medidas de prevenção devem continuar a ser seguidas.

“Estamos satisfeitos, naturalmente, mas com um alto sentido de responsabilidade, sabendo que esta autorização não significa que esta pandemia acabou. Todas medidas de prevenção devem continuar. Vamos começar os treinos de acordo com o protocolo que determina um terço do plantel, e a medida que as necessidades vão se julgar pertinentes, nós vamos, nesse caso, completar os treinos de acordo com aquilo que serão os programas dos treinadores”, disse Ananias Couana.

Entretanto, esta é a primeira etapa para que o espectáculo do futebol regresse aos palcos nacionais. A meta, cumpridas todas as recomendações das autoridades de saúde, é a disputa ainda este ano do campeonato nacional.

De acordo com Ananias Couana, “a Liga Moçambicana de Futebol vai ter que trabalhar com a Federação Moçambicana de Futebol no sentido de pedirmos aquilo que será a prorrogação da época desportiva, porque sabemos que a época termina em Novembro e começando os treinos em meados de Setembro, significa que vamos iniciar o campeonato, se tivermos autorização, em Novembro”, o que faria com a mesma termine em meados do próximo ano. Assim, há que pensar e negociar na extensão da época.

Aliás, esta pode ser a oportunidade para se ajustar a época desportiva em Moçambique em relação a outros países. Ainda assim, algo preocupa Ananias Couana, nomeadamente a questão dos contratos de trabalho dos jogadores com os seus clubes, que estão na fase final.

“Há alguns contratos que eventualmente estão no fim e precisamos ver em que medida podemos colmatar esta situação dos contratos que estão no final da época e ajustarmos a época que vai se iniciar agora”, disse o presidente da Liga Moçambicana de Futebol.

A bola está agora do lado dos clubes que deverão cumprir com as medidas preventivas da Covid-19. A Liga Moçambicana de Futebol, essa, garante todas as condições para a disputa do campeonato no modelo clássico de todos contra todos em duas voltas.

 

“Esperamos retorno do pagamento total dos salários aos jogadores”

Também satisfeito com o retorno a futebol está o Sindicato Nacional de Jogadores de Futebol, que através do respectivo presidente, António “Toni” Gravata, assume a satisfação e espera, assim, que haja restituição do pagamento dos seus salários a 100%.

Uma autorização que foi bem recebido pelos jogadores, até porque “será uma oportunidade para voltarem a fazer o que mais gostam de fazer, que é estar no campo, poder praticar a actividade em si”, por isso a “expectativa é enorme, uma vez que a interrupção da prática da acticvidade significou muita coisa para o jogador, desde a paragem do exercício da própria acticvidade, os cortes salarias em alguns clubes e a não recepção dos seus salários para os clubes que nem chegaram a pagar”, disse Toni Gravata.

Com o retorno aos treinos, o Sindicato de Jogadores quer ver restituído o direito dos seus membros voltarem a auferir o salário a 100%, depois dos cortes de 40 a 50% durante o período de paragem da actividade desportiva. Esta é a expectativa do respectivo presidente do Sindicato, que afirma que “esta retoma coloca o jogador numa posição melhor se comparada com a que já vinha vivendo ou estando, ficando em casa. Se calhar com mais contactos diários e permanentes vai ser muito mais fácil os dirigentes se aperceberem que estão ali os jogadores, ou mesmo humanos, que precisam de alguma coisa”.

Quanto a retoma das competições no país, Gravata diz que a questão infraestrutural é o grande entrave, tendo em conta que maior parte dos campos não reúne melhores condições. Mas mostra-se confiante que até a retoma, os clubes já tenham a situação minimizada.

“Nesse aspecto sabemos que os nossos clubes estão muito abaixo dos exigidos. Quero acreditar que este trabalho foi sendo desenvolvido pela Secretaria de Estado do desporto, Ministério da Saúde e a própria Liga Moçambicana de Futebol visava essencialmente observar as recomendações que foram deixadas para que se pudesse retornar ao futebol”, disse Gravata.

Recorde-se que a retoma aos treinos foi autorizada para a partir de 15 de Setembro, devendo o Moçambola 2020 iniciar em Novembro próximo.

 

“Acredito que tudo vai terminar bem”

Outro desportista que reagiu a este regresso da actividade desportiva, mormente o futebol é o seleccionador nacional de futebol sub-20, Dário Monteiro, que considera que a retoma dos treinos a partir do dia 15 de Setembro é um alívio para os jogadores e treinadores que foram afectados desportiva e financeiramente com a suspensão das actividades desportivas no país.

Condicionados desportiva e financeiramente devido a suspensão de todas as provas desportivas, devido à pandemia da Covid-19, os treinadores e jogadores olham para o regresso aos treinos como uma janela para a retoma das suas actividades e equilíbrio desportivo e social nas suas carreiras.

Dário Monteiro, treinador de futebol é a cara visível da satisfação deste regresso “porque como todos sabem que o futebol, e todos desportos, estamos a atravessar um momento muito complicado, embora possamos entender esse mesmo momento complicado, porque é por uma razão muito forte, que é a pandemia da COVID-19. Mas agora temos esta oportunidade de voltar a treinar e a fazer o que mais gostamos de fazer e vamos tentar aproveitá-la da melhor forma”, disse.

Mas há outros factores que derivam desta retoma, nomeadamente a possibilidade de mudança de época. Dário Monteiro diz que “ajustar a época é algo que vai ser pensado com mais calma, mas neste momento o que era mais importante era sairmos da inactividade, até por causa dos jogadores, que ficaram muito tempo sem jogar. Agora teremos que fazer uma recuperação desses jogadores para podermos atacar a competição”.

A expectativa é que a bola volte a rolar nos relvados nacionais ainda em 2020, mas tal recomenda alguma prudência na observação das medidas de prevenção da Covid-19.

Afinal, “para se competir tem que se treinar, porque não ‘e possível competir sem treinar. É um retomar das actividades, mas com base no cumprimento das normas que serão exigidas e que devem ser seguidas pelo futebol e por todos nós, que podem culminar ou não com o competir”, disse Dário Monteiro, que é também seleccionador nacional dos sub-20 e treinador do Desportivo Maputo.

Monteiro é, também optimista quanto ao cumprimento das medidas de prevenção. “Acredito que todos vamos respeitar, porque temos interesse em jogar e acredito que tudo vai terminar bem. Vamos nos adaptar a esta nova realidade e vamos trabalhar para isso”, concluiu o antigo internacional dos Mambas.

Recomenda-se, nesta altura, uma espécie de pré-época de, no mínimo, seis semanas, corresponde às expectativas dos treinadores, para se evitar o risco de lesões dos jogadores e só depois a competição pode ser autorizada, de princípio para Novembro próximo.

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