Há falta de películas para a impressão dos resultados de raios X no Hospital Geral de Mavalane, na cidade de Maputo. Os pacientes usam seus telefones celulares para tirar a fotografia dos resultados que posteriormente são apresentados ao médico. Quem não tiver celular com câmara, não tem diagnóstico.
Logo à entrada, o movimento é de pessoas que buscam saúde no Hospital Geral de Mavalane, mas as coisas mudam de figurino quando se toma a direcção para a radiografia da mesma unidade sanitária.
Naquele sector, os pacientes estão sentados. Uns à espera de ser chamados para a sala de exame do raios X e outros para receber os resultados. Um facto curioso chama atenção. Cada um está no seu celular. Tudo parece um entretenimento para suportar as longas filas de espera. Mas, na verdade, cada um está a testar a qualidade do seu aparelho porque a obtenção dos resultados está dependente do telemóvel que tenha câmara fotográfica.
Isto funciona assim: depois de o doente entrar para a sala do raios X, entrega o seu celular com câmara fotográfica e, de seguida, o técnico faz a foto do resultado que depois será apresentado ao médico.
Os pacientes que não têm celular com a devida qualidade recorrem ao celular de alguém com “bom senso”, tal como o fez um jovem que pediu emprestado o aparelho ao repórter do “O País”.
Feita a fotografia, a imagem é enviada por bluetooth ao proprietário dos resultados, contra todas as dúvidas sobre a visibilidade da foto.
“Levaremos esse resultado para o médico e acredito que ele vai conseguir ver. Não sei porquê nos mandam tirar fotografia. Eu vim com um telefone sem qualidade e tiramos a foto de uma coisa muito pequena. É complicado”, disse um dos pacientes, agastado.
Enquanto alguns levam telefones sem qualidade de imagem, outros pedem emprestado para tirar as fotos. Uma das senhoras interpeladas pela nossa reportagem não dispunha de celular com uma câmara fotográfica e, consequentemente, corria o risco de ficar sem os resultados do raios X. Ela teve, por isso, que recorrer ao seu marido, fazendo uma chamada telefónica para que este se fizesse ao hospital.
“Eu já fiz o raios X, mas preciso do telefone para fazer a foto do resultado e eu não tenho celular para isso. Venha muito rapidamente. Estou na entrada próxima da esquadra”, explicou a senhora, na chamada que efectuou para o seu marido.
Além de se correr o risco de deturpar os resultados do exame tirados pelo celular, o risco de propagação da COVID-19 é maior porque o aparelho passa de mão em mão.
“O País” sabe que o Hospital Geral de Mavalane não imprime resultados do raios X já há três meses por falta de películas. O mesmo sucede nos hospitais Provincial da Matola e Geral José Macamo.
Para o caso do Hospital Provincial da Matola, o director da unidade hospitalar assegurou que a falta de impressão dos resultados do raios X tem a ver com a digitalização deste serviço, cujo processo ainda está a decorrer. Enquanto o plano não passa do papel à prática, recorre-se à câmara do telefone celular.
Já a maior unidade sanitária do país, o Hospital Central de Maputo, registou uma avaria na máquina para os raios X, por pelo menos dois dias. Segundo a nossa fonte, o problema está ultrapassado desde esta terça-feira. Tudo volto à normalidade. Entretanto, além de imprimir, o diagnóstico é, também, enviado para o médico com recurso a meios online.
A Direcção da Saúde da Cidade de Maputo prometeu reagir sobre a suposta falta de películas nas unidades sanitárias sob sua jurisdição nesta quarta-feira. A ver vamos.