Segundo o inquérito Purchasing Managers Index (PMI) do Standard Bank Moçambique, as condições das empresas deterioraram-se em Agosto, devido ao maior aperto nas regras de confinamento provocado pelo aumento dos casos da COVID-19. A pesquisa refere que a economia do sector privado moçambicano sofreu um declínio no mês em análise.
As conclusões do PMI do Standard Bank Moçambique indicam que a produção e novas encomendas desceram pela primeira vez desde Março. O número de postos de trabalho aumentou a um ritmo mais lento ainda que a confiança nas empresas se tenha mantido forte.
O PMI revela que, em Agosto, o índice de produção na economia moçambicana foi afectado, rompendo uma sequência de quatro meses em constante crescimento, o mais acentuado desde o início de 2021, em todo o sector privado. O sector da construção foi o único a conhecer um aumento geral. As empresas associaram a redução à restrição das medidas de combate à COVID-19, incluindo o recolher obrigatório, encerramento temporário das empresas e a proibição de aglomerações.
Com a entrada em vigor das novas regras de confinamento, a economia nacional registou uma descida do volume de novas encomendas no mês de Agosto último. O facto foi assinalado pelo respectivo índice de novas encomendas, corrigido de sazonalidade, que ficou abaixo do limiar neutro de 50,0, igualmente, a mais acentuada dos últimos sete meses. Ao nível dos sectores, as novas encomendas foram as mais afectadas nas empresas de fabrico, com a agricultura e os serviços a sentirem, igualmente, um declínio. Em contraste, a procura aumentou no sector da construção e do comércio por grosso e a retalho.
Com a redução das vendas totais em Agosto, as empresas moçambicanas conseguiram gerir melhor os volumes em atraso. Tal resultou no declínio do trabalho pendente pelo quarto mês consecutivo, o registo mais rápido desde Junho de 2020. Tendo isto em conta, algumas empresas afirmaram que, devido às restrições impostas pela COVID-19 e atrasos por parte dos fornecedores, não conseguiram finalizar algumas encomendas.
Embora mantendo-se acima do nível de 50,0, o índice de emprego corrigido de sazonalidade assinalou um crescimento muito mais lento do número de empregos do que em Julho. Para além disso, o ritmo de criação de emprego atingiu o número mais baixo dos últimos quatro meses, sendo que as empresas o associaram à redução de novos trabalhos devido às medidas impostas contra a COVID-19. Os sectores da construção, dos serviços e do comércio por grosso e a retalho registaram um ligeiro aumento no emprego em comparação com o período do inquérito anterior, sendo que os sectores da agricultura e do fabrico registaram nova descida.
As descidas em termos de produção e novas encomendas coincidiram com uma nova descida da actividade de aquisição no sector privado moçambicano. Para além disso, a taxa de descida foi a maior registada desde Janeiro, ainda que globalmente moderada. As empresas que sentiram uma redução nas aquisições relacionaram esta situação à quebra do número de clientes e aos esforços de redução dos níveis de stock.
A redução na procura de meios de produção contribuiu para uma melhoria da eficiência dos fornecedores a meio do terceiro trimestre. Os prazos de entrega foram novamente reduzidos, embora no nível mais pequeno dos últimos cinco meses. Contudo, o desempenho dos fornecedores aumentou de forma contínua durante um ano, sendo a sequência mais longa desde a última vez, que aconteceu em Abril de 2019.
Os stocks de aquisições das empresas moçambicanas diminuíram em Agosto, pondo fim a um período de quatro meses de acumulação de stock. Para além disso, o ritmo com que os inventários foram reduzidos foi o mais rápido em quase um ano. Os membros do painel atribuíram maioritariamente esta situação à perda de vendas devido às restrições mais apertadas.
A inflação dos preços sobre os meios de produção caiu drasticamente em Agosto após o registo de máximo dos últimos 27 meses do mês de Junho. O último aumento dos preços foi modesto e mais suave do que a média observada na actual tendência de inflação de nove meses. Embora as empresas tenham continuado a sentir o aumento dos custos associados à escassez de fornecimento, as pressões inflacionárias foram aliviadas por causa de uma redução na procura de meios de produção e nos salários do pessoal. Nos cinco sectores acompanhados, a construção foi a única a sentir uma redução nos preços globais dos meios de produção.
A redução dos preços de aquisição de meios de produção levou a que os fornecedores limitassem os preços durante o mês de Agosto, originando nova descida nos custos de aquisição gerais. A queda foi a primeira registada desde Novembro de 2020. As empresas de agricultura, fabrico e serviços sentiram uma nova diminuição dos preços de aquisição ao longo do mês.
Pela segunda vez em três meses, o índice de custos com pessoal corrigido de sazonalidade ficou abaixo de 50,0 em Agosto, valor este que indica ausência de alterações. Os registos apontam para uma diminuição dos salários no sector privado, situação que os membros do painel atribuem à redução das cargas de trabalho. Embora ligeiro, o ritmo da diminuição foi o mais rápido desde o primeiro mês do ano.
Com o alívio das pressões relativas aos custos, menos empresas aumentaram os seus encargos com a produção durante o mês de Agosto, sendo que a taxa de inflação geral abrandou desde o valor máximo de Junho. Além disso, algumas empresas indicaram a redução dos preços devido à menor procura. Os preços de venda desceram nas empresas ligadas ao fabrico e aos serviços, mas continuaram a subir nos setores da agricultura, construção e comércio por grosso e a retalho.
O índice de produção futura desceu pelo segundo mês consecutivo em Agosto, indicando uma previsão de actividade ligeiramente menos optimista para os próximos 12 meses. No entanto, o optimismo geral permanece intacto e acima da tendência média a longo prazo da série. As empresas mostraram ter grandes expectativas de que as restrições impostas pela COVID-19 sejam aliviadas e de que as condições económicas se recuperem rapidamente.