Três semanas após o banimento de frangos oriundos da África do Sul, Zimbabwe e República Democrática de Congo, por suspeitas de gripe aviarias, parte da indústria de restauração em Moçambique ressente-se desta medida. A título de exemplo, a multinacional de comidas rápidas, KFC, viu-se obrigada a reduzir para metade o número de refeições servidas diariamente.
“A indisponibilidade de estoque em Moçambique obriga-nos a recorrer ao frango sul-africano. Com a actual restrição, deixamos de servir algumas refeições e reduzimos em 50 por cento a capacidade de resposta aos nossos clientes”, explicou Gagendra Nhezi, advogado do KFC em entrevista ao O País.
Até finais do ano passado, a produção nacional rondava 75 mil toneladas, contudo este número não é suficiente para cobrir o consumo interno. A KFC diz que os produtores nacionais não conseguem garantir quantidade e qualidade exigida para aquela multinacional, mas com a actual crise vai receber duas toneladas de pedaços de frango a título experimental.
“Se fôssemos fornecidos pelo mercado local, eliminávamos as despesas relacionadas com o transporte e direitos aduaneiros e, naturalmente, os custos baixariam substancialmente”, concluiu Nhezi.
A recente restrição foi uma medida tomada pela Direcção Nacional de Veterinária e visa proteger os avicultores moçambicanos de um surto de gripe aviária de nome Influenza Aviária, que eclodiu nos países africanos acima referenciados. A proibição de importação e trânsito de aves domésticas e selvagens, carne fresca ou congelada de frango, penas, ovos férteis e de consumo, pintos de um dia, produtos avícolas e todos os materiais ou objectos usados no processo de criação provenientes do Zimbabwe, Congo e de zonas da África do Sul que se encontram afectadas ou sob vigilância.
Entretanto, dentro deste ano, a Cidade de Maputo terá o maior projecto avícola na zona sul do país, que vai produzir 500 mil frangos a cada ciclo (de 22 a 26 dias). O investimento, de empresários moçambicanos, está estimado em 10 milhões de dólares americanos.
“O projecto tem oito pavilhões e um matadouro, numa primeira fase, o que corresponde a 500 mil frangos. Neste momento, estamos no processo de desalfandegamento de outros cinco pavilhões e temos a tecnologia do matadouro pronta, estando a acabar a infra-estrutura”, explica Danilo Jossub, empresário ligado ao complexo agro-pecuário em alusão.
O sistema que esta a ser instalado é totalmente automatizado: a água e ração serão servidos automaticamente; o peso dos frangos medido também automaticamente, para além da climatização que igualmente vai acontecer sem a intervenção humana. “A avicultura, durante muitos anos, foi um negócio de risco, onde as perdas, a nível global, chegavam aos 30 a 40%”, lembra o empresário, sublinhando que “a perda nestes pavilhões é de 2%”, lembra Danilo.
O frango faz parte dos produtos alimentares em que o país tem um défice significativo. Só na cidade e província de Maputo, das necessidades de consumo mensal, existe um défice de até quatro milhões de frangos. Para estimular a produção interna, o Governo começou, de há alguns anos para cá, a isenção do IVA na importação da matéria-prima e o estímulo do consumo do produto nacional.