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Residentes da Matutuine celebram época do canhu em festival

O povoado de Chucha, no distrito de Matutuine, acolheu este sábado o Festival do Canhu. Trata-se de um evento tradicional tido como dos mais ricos e significativos de Matutuine.

Este sábado todos os caminhos e todos os meios de transporte foram dar a  Ka Chucha, no distrito de Matutuine, pois ninguém queria perder o umthai, ou o Festival do Canhu, um evento que junta residentes do regulado de KaTembe e convidados. Ka Chucha fica próximo da fronteira com a África do Sul e, por isso, o português não é o forte dos seus residentes.

Aliás, o próprio régulo discursou em zulo. A cerimónia começou a ser preparada nas primeiras horas do dia. Havia muita carne, alguma até exótica, como a de hipopótamo que se vê nesta panela.

Foram vários os momentos que caracterizaram a cerimónia que teve sempre as danças tradicionais como pano de fundo.

Entretanto, o momento mais aguardado foi o da chegada do régulo Bernardo Tembe, acompanhado pelos guerreiros bailarinos e sob o ecoar de um poema de exaltação.

Seguiu-se depois a sua intervenção durante a qual explicou o significado da cerimónia e os mistérios do canhu. Disse, por exemplo, que era debaixo do canhoeiro onde são enterrados os reis pelo que a venda do sumo da sua fruta consubstanciava um acto profano, e que ninguém devia abater um canhoeiro sem a autorização do poder local. Falou depois o administrador do distrito, que defendeu a necessidade de se preservar uma das mais nobres e ricas tradições de Matutuine.

Outro momento importante da cerimónia foi a entrega do canhu ao régulo, que deve ser primeiro tomado pelos portadores para garantir que a bebida não representa risco para o chefe. Só daí este toma e declara todos autorizados a fazer o mesmo. Para os participantes, este que é o quinto festival do género organizado pelos amigos e naturais de Matutuine e foi um sucesso.

A festa era do canhu, aliás, num tanque estavam 500 litros no auge da fermentação, para além de outros tambores e bidons totalmente cheios.Ainda assim houve quem preferiu tomar algo mais forte e acabou precisando mesmo de alguma ajuda policial para se retirar do local de modo a que a cerimónia continuasse. O resto foi festa bem à maneira africana.
 

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