A Mozal está a enfrentar dificuldades para a renovação do contrato de fornecimento de energia elétrica com a Hidroelétrica, cujo término será em março do próximo ano. Entretanto, o Governo diz estar a acompanhar as negociações e quer que a compra seja feita através da Empresa Electricidade de Moçambique e não directamente da HCB.
O contrato de fornecimento de energia elétrica entre a Hidroelétrica de Cahora Bassa e a multinacional Mozal termina em março do próximo ano, e as negociações para a sua renovação têm-se revelado menos conseguidas. Através de um documento da gigante fundida de alumínio, apresentado em Moçambique desde 1998, a que O País teve acesso, a companhia afirma estar em negociações com o Governo de Moçambique para a extensão do acordo, entretanto, até esta parte, nada está assegurado.
“Temos vindo a trabalhar com o Governo da República de Moçambique, a HCB e a Eskom nos últimos seis anos para garantir o fornecimento de eletricidade à Mozal para além de março de 2026. Até à data, a Mozal ainda não chegou a acordo sobre uma tarifa de preços de eletricidade acessível. A HCB também fez recentemente consultas com os clientes para considerar o impacto do aumento dos custos de eletricidade e da capacidade de geração hidroelétrica prevista para este ano”, lê-se no documento.
Devido à situação, a empresa assume estar a viver na incerteza relativamente ao futuro do fornecimento de energia elétrica, maioritariamente gerada em Moçambique por um gerador hidroelétrico da HCB, e diz estar a avaliar a previsão das opções financeiras disponíveis no mercado. Para além da hidroelétrica nacional, a empresa tem recorrido à Eskom, outro parceiro no fornecimento de energia para a dinamização dos seus serviços, mas em quantidade insuficiente, daí o diálogo com a parte moçambicana.
“Continuamos a envolver-nos com o Governo da República de Moçambique, a HCB e a Eskom para garantir a continuidade do fornecimento de eletricidade à Mozal para além do termo do contrato existente em março de 2026 e manter a sua contribuição substancial para a economia de Moçambique”, predispõe-se a empresa.
O Governo de Moçambique diz ter consciência do contributo da empresa para a economia nacional; entretanto, o fornecimento de energia eléctrica deverá passar a ser feito através da Electricidade de Moçambique e não pela HCB.
Segundo Inocêncio Impissa, “hoje a contratação é feita de forma direta, e o que se pretende é introduzir o jogador, que é a EDM, que é uma entidade responsável pela comercialização da energia produzida pela nossa hidroelétrica. E há aqui elementos que têm de ser fechados para o efeito. Então, tem de haver uma transição entre o atual fornecedor desta energia para a EDM, para que a EDM possa fazer o braço comercial deste negócio.”
Os termos deverão continuar a ser debatidos nos próximos dias, mas o Governo garante que a Mozal não ganhará sem energia. “Os termos dos contratos ainda devem ser debatidos, mas com certeza a Mozal não vai ficar sem energia, porque é uma indústria cujo interesse não é só da própria Mozal, mas sobretudo dos moçambicanos”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros.
A Mozal é um dos principais projetos industriais do país, responsável por cerca de 3% do Produto Interno Bruto moçambicano, empregando milhares de trabalhadores diretos e indirectos.