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Renamo e MDM denunciam existência de material de votação ao relento no STAE da Matola

A Renamo e o MDM acusam o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de estar a fazer manobras para baralhar a recontagem de votos na Matola. As duas forças políticas sustentam as suas acusações “na presença, quinta-feira à noite, do director do STAE da cidade da Matola e da directora-adjunta, reunidos com o director provincial do STAE e o presidente da Comissão de Eleições da Província de Maputo, portanto, todos técnicos indicados pelo partido Frelimo.”

À entrada do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, na Província de Maputo, é possível constatar “kits” – malas – contendo editais originais, boletins de voto e actas ao relento. A exposição do material de votação chamou a atenção da Renamo e do MDM, que denunciaram a violação da Lei Eleitoral que prevê que o mesmo seja colocado e conservado num armazém, onde somente os delegados dos três partidos com assento parlamentar têm acesso às chaves.

Para além do material de votação exposto, a Renamo e o MDM denunciam a presença, na noite de quinta-feira, de elementos do STAE ligados à Frelimo neste local, tendo-se, segundo estes partidos, reunido sem a sua presença com o Presidente da Comissão de Eleições da Província de Maputo. Alertados, dizem, foram obrigados a pernoitar e acampar também no local para “controlarem todos os movimentos das viaturas e pessoas que entram e saem da instituição”.

Mesmo com a advertência da Polícia para abandonarem o STAE, as forças políticas recusaram-se.

“Fomos alertados, ontem (referindo-se a quinta-feira), por alguns membros das Forças de Defesa e Segurança, que dizem ter entendido a decisão do tribunal, mas lamentaram o que pode acontecer durante a noite. Eles são pessoas que, a qualquer momento, o comandante pode aparecer a dizer sai este e entra aquele. Foi assim como tiraram o Anibalzinho”, explicou o cabeça-de-lista da Renamo na cidade da Matola, António Muchanga.
Muchanga esclareceu que, “quando chegámos, às 19h30, constátamos que o que estavam a dizer era verdade”.

Posto isto, “encontrámos o director do STAE da cidade da Matola e a directora-adjunta, a tal que mandou a PRM espancar os nossos membros no dia do apuramento, reunidos com o director provincial do STAE e o presidente da Comissão de Eleições da Província de Maputo, portanto, todos os técnicos indicados pelo partido Frelimo”, denunciou.

O delegado político do MDM na Província de Maputo, Lucas Vilankulo, diz ter achado estranho o movimento de quadros do STAE depois de o Tribunal Judicial do Distrito da Matola ter dado provimento ao recurso submetido pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e mandado recontar os votos naquele município.

“Tendo havido o provimento a favor do nosso partido, quando houve este problema, percebemos que o STAE provincial e alguns técnicos vieram aqui na noite de ontem. Estranhamente, após este provimento, começamos a ver movimentação aqui no STAE. Aproximámo-nos para saber o que estava a acontecer. Se estamos a falar de um provimento que foi dado a favor do partido MDM, então, este partido devia ser notificado para se tratar dos passos subsequentes. Mas estamos a ver movimentação de elementos do STAE indicados pela Frelimo.

A rua que dá acesso ao STAE provincial foi bloqueada com dois blindados e homens armados.

O “O País” procurou ouvir a versão do STAE, mas sem sucesso, até porque a instituição estava encerrada até à retirada da nossa equipa de reportagem.

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