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Cidadãos perseguidos por denunciar supostos polícias traficantes de drogas em Angola

Foto: O País

Uma família angolana está sob custódia das autoridades moçambicanas após fugir do seu país, na sequência das perseguições e atentados contra a sua vida, supostamente perpetrados por um sindicato de tráfico de drogas. A perseguição acontece depois da denúncia sobre o alegado envolvimento de altas patentes da Polícia angolana no tráfico de drogas. A família pede protecção do Estado moçambicano.

Chama-se Eugénio Quintas, mais conhecido por “Man Gena”, cidadão angolano que está sob custódia das autoridades moçambicanas, depois de ter supostamente escapado de um sequestro num centro comercial em Maputo. “Man Gena”, sua esposa grávida e dois filhos menores entraram ilegalmente em Moçambique, sem documentos de viagem, após fugirem das perseguições de um suposto sindicato de tráfico de drogas que envolve altas patentes da Polícia angolana e que terá os denunciado às autoridades angolanas.

Eugénio Quintas revelou que estava prestes a ser deportado para Angola. “Tenho que voltar a Angola para me matarem, as Nações Unidas já sabem de tudo, estamos numa esquadra onde está cheio de polícias por ter denunciado”, disse, desesperado, Eugénio Quintas, cidadão angolano.

“Man Gena” ficou três dias na 1ª esquadra da PRM, na Cidade de Maputo, de onde foi transferido para as instalações do Serviço Nacional da Migração. A esposa da vítima denuncia casos de violação dos direitos humanos. “Irmãos moçambicanos, protestam, têm que haver protesto porque isso é contra os direitos humanos. Estamos nessa situação, não temos saída e o Governo quer deportar-nos, sabendo que estamos a sair de Angola por causa dos assassinatos; quase o meu marido perdeu a vida, e eu fui violada”, acrescentou a esposa do Man Gena, Clemência Vumi.

O casal conta que Moçambique foi o último refúgio da família, depois de passar por Namíbia e África do Sul. A fuga foi decidida depois de Man Gena ter sido notificado a depor na Polícia de Investigação Criminal angolana e, no local, descobriu que o inquiridor terá sido a mesma pessoa que, meses antes, o baleara numa tentativa de assassinato, da qual escapou ferido.

“Ele identifica que o indivíduo que tentou puxá-lo tinha um sotaque de um angolano, provavelmente há aqui suspeitas de que grupos de angolanos terão tentado sequestrar ‘Man Gena’ em Moçambique e, no dia em que aconteceu, a mulher andou aos gritos no Shopping Comercial até a Polícia aparecer e teve de o levar à 1ª esquadra da Cidade de Maputo para ficar sob custódia”, disse a fonte.

Diante da situação, várias vozes angolanas e moçambicanas pronunciaram-se em volta do assunto, pressionando as autoridades moçambicanas a não procederem à extradição do casal para Angola.

O jornal O País contactou o Serviço Nacional de Migração para ter mais informações; a entidade prometeu pronunciar-se oportunamente.

Entretanto, a Comissão dos Direitos Humanos, o SENAMI e o SERNIC reuniram-se na tarde desta quinta-feira para discutir o caso.

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