A Renamo alega que está a enfrentar dificuldade para tratar documentos com vista a fixar as pensões dos seus combatentes no âmbito do DDR, que desconhece a data limite anunciada pelo Governo e pede a intervenção deste para flexibilizar o processo.
Estes pronunciamentos foram feitos ontem, no distrito de Dondo, em Sofala, por André Magibire, um dos representantes da Renamo no processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração (DDR) das forças residuais da Renamo, ora denominados combatentes.
André Magibire reagia aos pronunciamentos do porta-voz do Governo, que, no passado dia 12 do corrente mês, apelou aos combatentes da Renamo para, num prazo de 10 dias, procederem com as inscrições nas sedes distritais, serviços provinciais dos combatentes e Ministério dos Combatentes, para que possam receber pensões no âmbito do DDR.
Este apelo não agradou à Renamo, que através de Magibire, começou por reconhecer que os milhares dos combatentes ainda não regularizaram a documentação e que devido ao seu baixo nível de escolaridade, alguns não sabem escrever e, por conta disso, estão a enfrentar dificuldades para obter a documentação exigida, principalmente nos bancos.
“Muitos dos combatentes, os primeiros a serem desmobilizados em 2019, até já tinham contas bancárias. As mesmas não foram movimentadas por mais de dois anos porque o Governo e parceiros deixaram de canalizar valores nas mesmas por várias razões e as contas foram simplesmente bloqueadas pelos gestores dos bancos. Hoje, todas as tentativas dos mesmos para reactivar as contas estão complicadas. As exigências ultrapassam as capacidades dos nossos combatentes, que não sabem ler nem escrever e nos distritos e ou sedes dos bairros onde residem estão a enfrentar igualmente dificuldades para obterem declarações, pois não possuem BI nem dinheiro para pagarem”, lamentou Magibire.
A Renamo afirmou ainda que os combatentes estão a enfrentar dificuldades logísticas para tratarem documentos.
“O grosso dos combatentes reside no interior. Veja que um desmobilizado que está em Marromeu, por exemplo, precisa de dois dias para chegar à Direcção Provincial dos Combatentes, que está localizado na cidade da Beira, onde ele precisa de ficar alojado e alimentar. Quem paga as despesas?” – perguntou Magibire.
Em relação ao prazo para a regularização dos documentos, dia 23 deste mês, Magibire disse que a data surpreendeu a Renamo. “Eu sou representante da Renamo neste processo desde meados de 2019. Em nenhum momento esta data foi colocada como prazo limite. Com todas as dificuldades que apresentei, como limitar o término da entrega da documentação num prazo tão curto. Nós, como Renamo, não temos pressa em fechar este processo. Até pode ser esta semana desde que esteja garantido que todos os combatentes irão receber os seus valores. Pensamos que ou o porta-voz se equivocou nas datas ou então o Governo está a agir de má-fé. Pedimos ao próprio Governo para interceder junto de várias instituições no sentido de facilitar a aquisição da documentação necessária para a recepção das pensões. Estamos muito interessados em ver este processo fechado com sucesso”, terminou Magibire.
Refira-se que o processo de DDR que iniciou em Julho de 2019, terminou em Junho passado e estão envolvidos no processo pouco mais de cinco mil antigos combatentes da Renamo, que agora esperam receber pensões.