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Regulação do espaço financeiro digital ainda é um desafio para os serviços financeiros

Rotimi Morohunfola, CEO do United Bank for Africa (UBA), considera a regulação como sendo um dos principais desafios para os serviços financeiros em Moçambique, pois “estamos todos cientes da entrada da Fintech no espaço financeiro digital. Nalguns contextos, até parece uma deturpação, mas a realidade mostra que esta deturpação é boa e positiva porque, essencialmente, ela traz a pergunta que todos se colocam que é: o que vem a seguir?”

As tecnologias financeiras tornam-se cada vez mais relevantes no nosso país e pelo mundo fora, permitindo que as pessoas tenham acesso aos serviços financeiros. A primeira questão que lhe coloco é como garantir a inclusão das pessoas nos serviços financeiros, quando países há que ainda enfrentam dificuldades como o acesso à internet?

Permita-me agradecer esta oportunidade de participar na 7ª edição da MOZTECH, um fórum que como todos nós sabemos, é um evento de maior envergadura que congrega entusiastas da área das tecnologias que tratam de desenhar o roteiro do desenvolvimento das tecnologias no nosso país. A questão que levanta sobre a inclusão financeira é bastante pertinente e obviamente que a tecnologia tem um importantíssimo papel a desempenhar na inclusão financeira. Mas, primeiro permita-me dizer que no campo da tecnologia digital, na verdade, mesmo as Nações Unidas na sua Agenda 2030 sobre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) mencionam as tecnologias como factor crítico para o alcance das metas em todos os continentes e em todos os países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique.

No contexto moçambicano e em relação à inclusão financeira, o Banco Central desempenha um papel fundamental para assegurar que as instituições financeiras, falo de bancos como o UBA, possam percorrer caminhos até ao mais recôndito local onde as pessoas não têm serviços bancários disponíveis. Em termos da transformação do virtual para o tradicional, todos estamos cientes do limite que a presença física pode fazer na prestação dos serviços financeiros, o tal brick, por isso estamos a transferir os serviços financeiros do brick para o clique e aqui já estamos a falar da tecnologia digital.

Na verdade, conduzir um processo de tecnologia digital num mundo em desenvolvimento igual ao que nos encontramos, há necessidade de disponibilização de muitas infra-estruturas para suportarem a extensão da fibra óptica, da banda larga e todos os elementos que tornem a tecnologia acessível às pessoas. Um dos elementos críticos dessa inclusão, na perspectiva digital, é eliminar as assimetrias entre as zonas rurais e urbanas. Por exemplo, alguém baseado aqui em Maputo facilmente tem acesso à internet através de um telemóvel ou um outro dispositivo, mas o mesmo já não acontece em outros locais em Moçambique, daí a necessidade de se expandir toda a rede de infra-estruturas de suporte da extensão digital que é crucial para a inclusão financeira.

Na sua opinião, como assegurar o acesso à internet aos cidadãos? Temos disparidades entre as nas zonas rurais e urbanas. Em todas as 11 cidades a maioria está conectada, mas já nas zonas rurais e nas comunidades locais, a maioria das pessoas não têm sequer um smartphone que lhes permita o tal click e consequentemente, o acesso aos serviços financeiros ou outros serviços disponíveis. Assim, como conectar as pessoas se tivermos em conta estas assimetrias?

Essa é uma questão válida que levanta. Claro que nos centros urbanos há maior acesso às tecnologias mais sofisticadas, mas acho que devíamos recuar um pouco e olhar para a teledensidade em Moçambique. Neste momento, estima-se que a teledensidade seja de 50 a 55%, o que indica que a expansão e penetração da tecnologia digital que é essencial para o acesso a um telemóvel. Neste contexto, com os 50 ou 55% de teledensidade, temos que chegar a um ponto em que mesmo sem um smartphone Android, seja possível ter acesso aos serviços através de um telemóvel normal. Por exemplo, neste momento, os serviços USSD estão disponíveis e são usados por pessoas sem telemóveis sofisticados.

A demografia tem sido um factor de vantagem para Moçambique; refiro-me a um elevado número de população jovem em Moçambique e esta é a faixa etária altamente exposta ao ambiente global. Temos jovens no twitter, no facebook, no Instagram e por causa desta fasquia de população jovem, surge a necessidade de domesticarmos o leque das nossas ofertas para Moçambique. Falo de alcançar esta faixa etária da população não muito alfabetizada que nem fala português ou uma outra língua internacional, para a qual temos que saber como é que nós asseguramos que para Moçambique, consigamos domesticar ou fidelizar os conteúdos digitais às pessoas que os irão usar. Desta forma, teremos maior adopção e utilização massiva dos serviços financeiros digitais. A domesticação é muito importante e, claro que o custo desse serviço também é importante; ou seja, se quisermos que um serviço seja massivamente aceite e adoptado, então deve ser a um preço acessível para que as pessoas vejam vantagens na sua utilização.

Falando do custo do acesso, como é que o desenvolvimento de soluções tecnológicas para os serviços financeiros pode ser encorajado e tornado atractivo para os mercados africanos e quiçá mundiais?

Para ser franco, para que qualquer projecto desta natureza tenha sentido, alcance e um sucesso em larga escala, não se deve perder de vista a necessidade das Parcerias Público-Privadas (PPP). Assim, o Governo e sector privado têm a função de criar um ambiente favorável, infra-estruturas e energia de modo que em caso de necessidade de alocação de um serviço num local recôndito, se houver necessidade de colocação da fibra óptica, haja infra-estruturas suficientes para o efeito. Com esse tipo de parcerias, há-de notar que muito investimento será direccionado para esse sector e todos sabemos que quanto maior for o investimento num determinado sector, o custo da prestação do respectivo serviço irá, a longo prazo, tornar-se moderado. Penso que é essencial encorajar as pessoas a fazerem investimento nessa área e o Governo deve desempenhar o seu papel de criação de um ambiente favorável para o investimento.

A nossa terceira questão é a seguinte: Questões de regulação ainda deixam muitas preocupações apesar dos desenvolvimentos recentemente registados. Os provedores de serviços financeiros digitais ainda se debatem com a necessidade de introdução de um quadro regulador. Como ultrapassar este problema?

Esse aspecto constitui um grande desafio para os serviços financeiros no geral. Estamos todos cientes da entrada da Fintech no espaço financeiro digital. Nalguns contextos, até parece uma deturpação, mas a realidade mostra que esta deturpação é boa e positiva, porque essencialmente, ela traz a pergunta que todos se colocam que é: o que vem a seguir? Agora, o regulamento que menciona é uma área em que precisamos de encontrar um equilíbrio. Claro que para as instituições financeiras, bancos, existem muitos regulamentos que regem a prestação de serviços através de plataformas digitais e porquê assim? A realidade é que ao entrar para o campo da intermediação financeira nas FinTechs, é preciso conhecer as contrapartes com que está a lidar. Hoje ouvimos falar de leis contra o branqueamento de capitais e outros mecanismos que nos permitem rastrear os fluxos financeiros do mês anterior. Digo sim aos regulamentos que sustentam a extensão das infra-estruturas,  canais e iniciativas   digitais que logicamente devem ser acarinhados, mas também sou da opinião de que os regulamentos também devem assegurar não apenas alguns aspectos. Quando se trata de conhecer os nossos parceiros envolvidos nesse processo financeiro, é importante evitar os riscos e grandes sarilhos na tentativa de introduzir soluções financeiras digitais.

 Agora vamos falar do UBA e gostaria que me dissesse o posicionamento estratégico deste banco em Moçambique em relação às tecnologias financeiras.

Muito obrigado Martinho! Claro que gostaria de dizer que o UBA, United Bank for Africa, está essencialmente comprometido com o crescimento dos países africanos e, nesse sentido, em todos os 20 locais em que o banco está presente, existe um consistente enfoque em assegurar que o mesmo tenha uma importância sistémica. Na verdade, nós agregamos valor à vida de cada indivíduo e às economias, apoiando o crescimento dos vários sectores críticos que impulsionam as economias. Como um banco, para além dos serviços financeiros, temos no nosso grupo uma loja de empreendedorismo, um programa de empreendedorismo através do qual, jovens africanos que tenham visão de fazer uma ou outra actividade de forma única e à sua maneira têm apoio em termos de capital.

A Fundação disponibiliza fundos para que jovens empreendedores possam realizar o seu sonho e temos notado que há cada vez mais pessoas nessa categoria que conseguem entrar nas actividades de produção ou de prestação de serviços e achamos que estamos a construir a próxima geração de empreendedores africanos. Este plafond não só oferece capital, mas tem programas de mentoria, capacitação e tudo mais, para garantir que a futura geração de empreendedores africanos esteja bem posicionada para levar o continente para voos mais altos.

Quanto ao UBA em si, as tecnologias digitais estão lá. O banco investiu de forma fenomenal e significativa nos canais digitais, na verdade e, modéstia a parte, acredito que no continente africano, o UBA é uma das instituições líderes que investiram massivamente na tecnologia por ter-se apercebido que não é só pelo futuro, mas também tem que o presente. Nesse contexto, conseguimos unificar as nossas operações em todos os 20 países em que operamos. Hoje, um cliente do UBA tem o mesmo nível de serviços nos 20 países africanos em que estamos presentes e 3 fora do continente. Estamos presentes nos Estados Unidos, Reino Unido e França. E qual é a vantagem desta uniformização? É a facilidade nas transacções entre as contrapartes. Como deve imaginar, estas transacções são suportadas por ferramentas digitais que facilitam a gestão da caixa tanto para clientes corporativos como para os individuais. Temos uma variedade de canais que proporcionam essa experiência única de flexibilidade, rapidez, conforto, simplicidade e segurança.

O que eu noto é que sempre que estiver a conversar com alguém sobre canais digitais, o seu medo atural consiste em saber se está a falar com um computador, um dispositivo e que está seguro. Contudo, o UBA conseguiu garantir que a segurança estivesse subjacente em cada canal digital desenhado e desenvolvido. Como instituição, o que fazemos e muito bem é continuarmos a deturparmo-nos a nós mesmos, o que quer dizer que mesmo depois da operacionalização de um determinado canal, nos perguntamos sobre a sua relevância no ano seguinte e aí temos uma equipe que “destrói” este canal e avalia como é que o mesmo pode ser melhorado no futuro, isto porque somos bastante inovadores e obviamente atractivos ao mercado.

Então hoje é possível ter o UBA no bolso e não precisar de ir para o balcão?

 Exactamente! O UBA está no meu bolso e pode estar no seu bolso também. Na verdade, conseguimos elevar os produtos digitais até a um nível de redução dos pontos de contacto. Há menos contacto físico; há-de perceber que mesmo com a Covid-19, os canais remotos, de repente se tornaram muito importantes. Hoje tem o UBA no seu bolso e tem o mundo na ponta dos seus dedos. …é só um clique e aí tem os serviços financeiros disponíveis.

Posso mencionar uma das coisas que conseguimos fazer. Estamos a lançar POS com lista de contactos. Aqui, o cliente não precisa tocar no POS para inserir o PIN devido à situação em que nos encontramos hoje. Também temos canais e plataformas de cobrança remota que permitem transacionar valores com terceiros. É só aceder à internet e efectuar o pagamento de impostos, de serviços básicos, ou seja, pagamento de tudo que se pode imaginar, porque nos apercebemos da necessidade de reduzir a distância, mas além disso e a longo prazo, temos a questão da conveniência. A conveniência é o que auguramos oferecer a todos os clientes do UBA.

 Pode indicar as oportunidades e desafios no contexto dos grandes promotores do mundo digital?

O espaço digital é bastante amplo e como pode imaginar, ainda está a ser explorado. Passou por várias etapas desde a inteligência robótica, inteligência artificial, pelo que as oportunidades mesmo em relação à criação de empregos são muitas. Hoje é possível encontrar pessoas que fazem tudo de forma digital. É só imaginar espaços como o e-Commerce (comércio electrónico) por exemplo, que são digitais. Jovens empreendedores que sem possuir uma loja ou estabelecimento físico e sem despender nada em termos de infra-estruturas estão no negócio e a dar-se muitíssimo bem. Essa é uma das componentes por nós financiadas. Quero garantir que as oportunidades que a tecnologia e o mundo digital colocam sobre a mesa melhoram muito mais a vida de muitos cidadãos.

No contexto Moçambicano, os jovens têm muitas oportunidades de realizar muitas actividades por si sós, com o autoemprego. Mas, mais do que tudo o resto, a tecnologia traz muita conveniência para as mãos de quem está conectado nestes canais. Gostaria de me referir, por exemplo, que o UBA foi o pioneiro do WhatsApp banking ou facebook banking em África e este feito foi celebrado pelo próprio Facebook. é algo que nos orgulha porque nos apercebemos que se conseguirmos integrar os serviços financeiros no estilo de vida diária das pessoas, apostaríamos num caminho certo por seguir. Não façamos da banca, uma actividade fora da rotina do cidadão. A banca deve ser feita de forma fácil, livre e alegre, diferente da forma antiga em que o cliente fica na fila, num banco, à espera de ser atendido. O cliente tem de ter o banco na ponta dos seus dedos e é só clicar e aí tem os serviços disponíveis.

Apesar de ter havido grande investimento do UBA, qual é o principal constrangimento ou ameaça em termos de serviços financeiros digitais?

Bem, diria da seguinte maneira. Obviamente, muitas vezes quando analisamos os serviços financeiros, temos a tendência de pensar que a vinda das Fintechs se torna uma ameaça. Mas sou da opinião que as Fintechs vêm complementar os serviços financeiros já existentes para a vasta maioria das pessoas. Na verdade, refiro-me à inclusão financeira também. A vinda de telemóveis, da tecnologia que permite aos operadores de telefonia móvel providenciarem serviços bancários através de telefones celulares, mostra que, realmente, a colaboração é algo crucial. Na verdade, hoje em dia, para além de abrirem sucursais, novos escritórios, as instituições financeiras dão importância ao investimento na tecnologia digital porque é isso que o mercado precisa, que as Fintechs alavancam e que se tornou o seu foco.

Portanto, as ameaças ocorrem todos dias, em diferentes espectos, mas o ponto fundamental é que devemos tomar vantagens em todos desafios, identificar oportunidades, capitalizá-los e sermos bons nisso. Para nós como instituição, não tememos ameaças que possam vir de qualquer das estruturas porque como banco, nos preparamos, vimo-nos não apenas como uma instituição financeira bancária mas como provedor de serviços. Se o serviço requerer que tenhamos que nos informar como provedor de serviços digitais (ou seja, sairmos do bloco para o digital), faremos isso e alavancaremos a nossa plataforma de provimento de serviços.

Há uma percepção geral de que a utilização de serviços financeiros digitais onera duas vezes ao cidadão, primeiro porque têm que pagar pelo uso da internet e, segundo, pagar as taxas bancárias. Neste contexto, como é que explica as vantagens dos serviços digitais?

Para ser justo, diria que o provimento de serviços digitais tem custos ao utilizador, enquanto fizer o uso significativo dos mesmos. A percepção de que se paga duas vezes não é fundamentada, mas é compreensível porque às vezes há cobranças, mas não se imagina que se o banco estiver localizado no Zimpeto, tem que conduzir para lá a fim de obter serviços bancários. O dinheiro que iria gastar, o combustível, o atraso que possa ter porque ao chegar no banco poderá haver uma fila enorme, todos estes custos quantificados, percebe-se que tendo acesso a um dispositivo na ponta dos dedos faz uma grande diferença. Deixe-me também dizer que sim, há custos no início, talvez considerados um pouco elevados. Pode notar que não mencionei isso antes, que enquanto esses canais se estendem um pouco mais e com a existência de mais infraestruturas, o custo do negócio vai baixar, o que irá reduzir significativamente e no final do dia, as ofertas digitais poderão ser gratuitas. Por exemplo, há bancos hoje em dia, em que alguns serviços são oferecidos gratuitamente, sem custo nenhum, porque o que nós queremos não é o valor que nos pagam pela utilização desse serviço bancário, mas sim o amplo relacionamento, o serviço que provemos e que nos agrada, o que nos garante que o cliente continuará a ter negócio com o banco. Portanto acho que os custos não são uma questão relevante e de facto, a tecnologia digital traz a eficácia do custo.

 Agora falemos sobre o impacto da pandemia da Covid-19. Gostaria de saber quais são as soluções tecnológicas disponíveis no banco, quais os serviços aos clientes do UBA e será que já elaboraram serviços específicos com vista a ajudá-los a enfrentarem o impacto da Covid-19?

Gostaria de mencionar que são necessárias algumas palavras para se falar da Covid-19. Também gostaria de mencionar que uma das coisas feitas em resposta à pandemia pelo UBA, quando os casos da Covid-19 se tornaram uma questão global, foi que como uma instituição e também sendo parte da nossa responsabilidade social corporativa, apoiamos rapidamente a economia e ao governo de Moçambique, disponibilizando algum fundo para qualquer tipo de intervenção que pretendesse realizar, em relação às acções de combate e prevenção da Covid-19. Estamos felizes por termos sido capazes de fazer isso. Também disponibilizamos serviços que respondessem ao impacto da Covid-19 tentando garantir que haja um produto real disponível para os clientes e consumidores de modo a que estes não precisassem de ir ao banco. Por exemplo, iria questionar porquê é que temos que ir ao banco para efectuar certos pagamentos?

Hoje, conforme mencionei antes, reunimos soluções que permitem que as entidades corporativas façam cobranças sem necessariamente terem que se deslocar a um local para efectuar o pagamento. Eles apenas têm o acesso a um programa bancário no dispositivo e fazem o pagamento. Também temos plataformas de internet banking que permitem pagamento de vários beneficiários, apenas com um clique na tecla. Portanto, se quiser fazer pagamento de cinco mil pessoas de uma só vez, ao invés de tentar mandar documentos para os bancos ou instituições financeiras e dizer que se faça pagamento para essa contraparte; temos ficheiros com capacidade na internet banking que asseguram que vários beneficiários possam ser pagos. Mencionei que estamos a implementar POS que não precisam de contacto físico com o utilizador. Temos um programa de inteligência artificial, que é o whatsApp banking e é bastante interessante, Martinho. Na comunicação, é como se estivesse a falar com um amigo, mas está a usar serviços bancários. Pode fazer transferência de valores monetários, verificar o saldo da tua conta, extractos bancários e é isso que o banco se tornou hoje e para nós como instituição, porque apercebemo-nos que haverá muito mais necessidade de consciencialização no que concerne aos pontos físicos, disponibilizamos programas para que as pessoas possam facilmente aceder virtualmente sem ter que fisicamente ir ao banco.

Temos também factores limitantes e hoje implementamos programas que asseguram de que tendo fluxo de capital. Não é preciso ir ao banco, mas continua a ter acesso aos serviços. Esta é uma forma de assegurar que as pessoas efectuem transacções bancárias, tenham acesso aos serviços e ofertas e mesmo assim, sentirem-se confortáveis por estarem seguros, no confinamento nas suas casas ou escritórios.

 No contexto do impacto da Covid-19, essas soluções tecnológicas que o UBA adoptou para facilitar o acesso aos serviços tais como e-banking, transformaram o UBA num banco do futuro?

 Em primeiro lugar somos um banco existente, portanto há setenta e um anos. Existimos hoje e acima de tudo estamos orgulhosos do que construímos, o que estabelecemos para o futuro. Nesse contexto, sim somos um banco do futuro, um banco a ser olhado porque conforme mencionei anteriormente procuramos saber o que é que as próximas gerações estarão à procura e, desta forma, temos uma equipa que sempre e de uma forma contínua, está a pensar, pensar e pensar o que poderá ser implementado e que faz a diferença. Portanto, correctamente dito, somos um banco, não apenas de hoje, mas o banco que irá caminhar convosco para o futuro.

 Esta é a principal meta?

 A meta do banco é ser um banco de uma importância sistêmica e relevante, enfatizo isto. Queremos ser relevantes em diferentes jurisdições nas quais operamos. Queremos ser um banco em que um cidadão comum na rua seja capaz de nos identificar e dizer que esta é uma instituição africana para africanos, para objectivos africanos e funciona num espaço que se assegura que apesar de ser africano, está mais focalizado nos melhores padrões globais. Somos orgulhosos de sermos africanos e acreditamos que África poderá engradecer-se com as instituições, digo instituições fortes que colaboram para levarem África ao próximo nível e como UBA, acreditamos que esse é o nosso património, por isso acreditamos que essa é a direcção que devemos tomar, este é o foco e estamos plenamente comprometidos em assegurar que África desenvolva como continente.

A abordagem que tem sido recorrente no debate sobre a eficácia dos sistemas financeiros é o electronic banking, conforme mencionou antes. Como é que olha para a evolução do e-banking em Moçambique? Será que responde às necessidades reais dos cidadãos? Que experiência o UBA poderá partilhar com o povo?

 Sendo justo, e-banking está a tomar lugar em Moçambique. Mencionei anteriormente que a inteligência artificial estava num certo nível, mas diariamente tenho visto muito mais interesse em programas digitais, principalmente o e-banking. Diria que se trata de uma jornada, principalmente onde há uma grande maioria da população nas zonas rurais, mas cada vez mais e especialmente com programas que garantam que mesmo sem ter um telemóvel sofisticado, continue a ter acesso aos serviços bancários. O e-banking, em primeiro lugar, no contexto de instituições financeiras, também no contexto dos operadores da telefonia móvel que também prestam serviços digitais   como o Mpesa, E-Mola, M-Cash, foi capazes de assegurar a sua expansão gradual e lentamente dos serviços bancários no contexto digital em Moçambique.

A minha última questão, que não se trata exactamente de uma questão, mas sim de alguns conselhos a dar aos jovens, como é que estes podem usar os serviços financeiros para desenvolverem as suas iniciativas empreendedoras? Como é que os jovens poderão, por exemplo, usar os serviços disponíveis no UBA? Como é que os jovens podem usar o UBA para terem acesso ao mercado? Como é que os jovens poderão desenvolver os seus negócios?

Acho que é uma questão bastante aludida e francamente, uma das coisas que me agradam como pessoa, sobre Moçambique, é o facto de possuir uma população muito jovem e quando essa geração for bem orientada e apoiada na realização das suas aspirações, o futuro do país encontrar-se-á num estágio onde se pode assegurar que as coisas estarão bem. Portanto, uma das coisas que merecem muita atenção da parte do UBA é essa geração que chamamos de juventude, em primeiro lugar, e em termos de ofertas humanas, temos diferentes produtos que são direccionados à juventude, na forma correcta de educação, educação da infância, diferentes habilidades que assegurem que eles sejam capazes de elaborar planos para a educação, planos de serviços para as suas diferentes aspirações na vida e, acima de tudo, o programa de empreendedorismo que o grupo oferece encoraja todos os jovens em Moçambique a embarcarem nele. Temos a página web disponível e também partilhamos os nossos programas no Instagram, no Twitter. é importante que todos que têm aspirações como jovens, estejam no empreendedorismo, comecem a apreender certas coisas que lhes irão ajudar a desenvolver habilidades e terem sucesso no que tencionam fazer.

Os nossos programas existem para apoiar aos jovens e uma das coisas que fazemos como banco é que estes programas não sejam vistos apenas como programas de serviços bancários mas sim, como programas que asseguram que o estilo da vida seja integrado ao dia a dia das populações. Como banco, queremos assegurar que todos possam realizar as suas aspirações e alcançar níveis mais altos como é o caso dos jovens em Moçambique. Queremos providenciar não apenas a literacia financeira, que essencialmente orienta aos jovens sobre o que devem seguir, mas também disponibilizarmos o apoio financeiro que é o acesso ao crédito, para que possamos dizer que se é isso que os jovens precisam, então nós colocamos à sua disposição. O nosso apoio também integra a mentoria, o alinhando e ligação entre os iniciantes e as pessoas que já alcançaram o sucesso, de modo garantir o seu crescimento no contexto da experiência profissional e não apenas no campo de conhecimento teórico.

Portanto temos um leque de oportunidades para expor os jovens ao mercado e assegurar que enquanto eles crescem, vejam que há uma luz no fundo do túnel, no contexto moçambicano. Também gostaria de mencionar que nós como instituição apoiamos várias iniciativas tais como algumas competições em termos de modalidades desportivas, como a FA, que levam as pessoas a prestarem atenção à educação. Temos também iniciativas em torno da promoção da leitura. Em África, temos um desafio. Nós não gostamos de ler, então o nosso banco faz essa consciencialização porque apercebemo-nos que as pessoas quanto mais expostas à leitura, mais habilidades terão, mais empoderadas se tornarão, mais conhecimento terão e se serão mais confiantes em se envolver no mercado, engajarem-se a nível global e nas oportunidades do futuro. Essas são as iniciativas em que, como instituição, trabalhamos para criar impacto social.

O impacto é o que queremos trazer. Na abordagem aos jovens moçambicanos e como instituição, tendo feito isso diremos a nós próprios que tivemos sucesso, não apenas como instituição financeira mas como instituição que acrescentou valor às vidas e às economias dos países africanos.

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