Iniciou, finalmente, sete meses depois, a reflutuação de três embarcações de pesca que afundaram em Janeiro deste ano, no Porto de Pesca da Beira, aquando da passagem do ciclone Eloise, derivado de negligência por parte dos gestores da empresa, que não acataram as orientações das autoridades para a retirada do Porto.
Tudo começou três dias antes do ciclone Eloise atingir a cidade da Beira. Indo mais concreto, o dia 23 de Janeiro deste ano, as autoridades marítimas orientaram todos os proprietários das embarcações de pesca a retirarem os seus barcos do porto para evitar danos. Os proprietários de uma empresa de pesca taiwanesa, denominada Global Rich, ignoraram os apelos e até simularam que estavam a retirar a suas três embarcações de pesca industrial e, na calada da noite, exactamente no dia em que o ciclone atingiu o Chiveve, retornaram ao porto de pesca, ancoraram as suas embarcações e foram para os seus apartamentos.
Durante a noite, a força do vento provocado pelo ciclone empurrou várias vezes os barcos em causa contra as paredes do Porto de Pesca, os cascos racharam-se e os barcos afundaram.
A reflutuação é um processo complexo que começou logo a seguir com a remoção dos combustíveis, sem danos ambientais e só no princípio da tarde deste domingo, cerca de sete meses depois, é que foi possível reflutuar uma das embarcações que foi rebocada até a Praia Nova, próximo do local do incidente.
“Nós imaginávamos que o processo de reflutuação levasse muito menos tempo. Infelizmente, devido a vários factores, como marés, correntes e ventos ditaram esta demora toda, por isso se torna difícil estimar, neste momento, quando é que este processo será concluído, mas estamos felizes, porque ele já começou. Depois destas operações, definiremos o destino, se ficam aqui como defesa costeira ou se terão outro destino”, explicou António Remédio, director do Porto de Pesca da Beira.
O tempo, em que as embarcações permaneceram afundadas no Porto de Pesca da Beira, criou enormes prejuízos financeiros.
“Porque pelo menos esta embarcação, no local onde estava encalhado, no cais número um do Porto de Pesca da Beira, atracavam quatro embarcações, facto que não aconteceu nos últimos sete meses. Os valores perdidos poderiam dar algum oxigénio a empresa”.
A reflutuação dos barcos está a cargo de uma empresa holandesa contratada pelos proprietários das três embarcações. O director do Porto de Pesca da Beira terminou garantindo que os proprietários das embarcações serão responsabilizados pelos danos criados no porto.